quarta-feira, 3 de novembro de 2010

JESUS CRISTO INFLUÊNCIA CABALÍSTICA NOS SEUS ENSINAMENTOS

No livro “Rabbi Jesus: An Intimate Biography”, o teólogo e historiador anglicano Bruce Chilton traça um perfil do Messias cristão fortemente enraizado no judaísmo. Para Chilton, Jesus foi indubitavelmente um rabino, reconhecido como tal na Galileia, e “os seus ensinamentos tornavam-no em tudo semelhante a outros rabinos galileus, conhecidos como chasidim. (…) Os chasidim eram curandeiros que curavam os doentes e aliviavam a seca através da oração, e Jesus juntou-se às suas fileiras”.

Numa visão amplamente partilhada por vários teólogos judaicos contemporâneos – entre eles Z’ev ben Shimon Halevi – , o padre Bruce Chilton vê ainda em Jesus um discípulo dos mestres da Cabalá, uma palavra hebraica que literalmente significa “tradição recebida” e que traduz o misticismo judaico.

As influências cabalísticas nos ensinamentos de Jesus são notórias. A mais evidente de todas é a chamada “regra de ouro do judaísmo”, ensinada pelo rabino Hillel, que viveu em Jerusalém cerca de 200 anos antes de Jesus. Conta o Talmude que um viajante pouco familiarizado com os judeus pediu ao rabino Hillel que numa frase lhe explicasse a essência do judaísmo. O rabino olhou-o por instantes e respondeu sem hesitar: “Ama o próximo como a ti mesmo. Agora vai e pratica o que aprendeste.” A mesma máxima, repetida posteriormente por Jesus, pode ser encontrada na Bíblia hebraica, no livro de Levítico.

A grande separação das águas, no entanto, acontece quando teólogos judeus e cristãos são forçados a debater o papel de Jesus enquanto Messias. Para os judeus, o Nazareno é um rabino que seguiu a senda de outros nomes grados da história do judaísmo, mas que nunca quis formar uma religião à parte – mas sim reformar por dentro, levando os judeus do seu tempo a repensarem a sua relação com Deus. Na verdade, a separação entre o judaísmo e os seguidores de Jesus acontece posteriormente, quando Saulo de Tarso (São Paulo) transforma em religião distinta o que até então era apenas uma seita judaica.

Apesar da existência de movimentos messiânicos , onde judeus assumem a sua crença em Jesus enquanto messias, a questão da divindade de Cristo assume-se como a barreira inexpugnável entre as duas visões.

Um dos primeiros teólogos judaicos a abraçar o judaísmo de Jesus foi o rabino americano Stephen S. Wise, que num artigo intitulado “The Life and Teaching of Jesus the Jew”, datado de Junho de 1913, escreveu: “Nem protestos cristãos nem lamentações judaicas podem anular o facto de que Jesus era judeu, um hebreu dos hebreus.”

Para uma visão mais aprofundada do “cristianismo histórico” de um ponto de vista judaico, aconselho a leitura de Rabbi Yeshua ben Yosef’s “New Testament”, um trabalho interessante e obviamente polémico.

ruadajudiaria.com

Um comentário:

  1. Ao se confrontar Jesus apenas como um mestre rabínico, um Messias da época, tornaria o Cristianismo e o próprio Judaísmo como meros portais religiosos, onde relegaria Cristo como ponto de partida para o ideal da salvação.
    Veja que inúmeras profecias, desde a antiguidade, O ressaltam como Salvador da humanidade (II Reis 13:5; Salm: 106:21; Isaías 60:16, Zac. 9:9), além de exemplos no Novo Testamento, cujo atributo é mérito profético, doado como espírito de graça ao homem que Nele venha crer e seguir seu caminho.
    Como rabi, Jesus seria apenas um instrutor da lei mosaica, fazendo da Torá um instrumento de ensino para aqueles que conviveram com ele na época.
    Porém, a extensão da sua jornada foi muito além e ultrapassou todos os vértices da religião quando estabeleceu o "batismo" como iniciação à sua doutrina salvática e a "ressurreição" como parâmetro para alcancá-la através da fé.

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