domingo, 21 de julho de 2019

MARIA MADALENA ESPOSA DE JESUS CRISTO


Jesus Cristo nunca esteve tão próximo do altar dos homens quanto agora. Na terça-feira 18 uma respeitada historiadora da Universidade de Harvard, Karen L. King, especialista em cristianismo antigo, apresentou em um congresso no Vaticano, sede do catolicismo mundial, aquele que seria o texto mais antigo a mencionar que o filho de Deus teve uma esposa. Chamado de Evangelho da Esposa de Jesus, um fragmento de papiro do século IV escrito em copta – um idioma egípcio – traz um diálogo entre Cristo e seus discípulos no qual se lê: “Jesus disse a eles: ‘Minha esposa…’. Outros textos apócrifos (aqueles não legitimados pela Igreja Católica) sobre o cristianismo, como o evangelho de Filipe, do século III, já davam a entender que havia uma relação conjugal entre Jesus e Maria Madalena. Em nenhum deles, porém, Cristo fala em primeira pessoa sobre a sua consorte, como ocorre no Evangelho da Esposa de Jesus, que mede oito centímetros de comprimento por quatro de altura.

No documento nota-se, ainda, um diálogo de Cristo sobre o seu discipulado e o papel de sua esposa entre os homens que o seguiam (leia no alto da página). Na primeira linha do papiro, lê-se “Não (para) mim. Minha mãe me deu vi(da…)” e, na terceira, “negar. Maria é digna de… (ou Maria não é digna de…)”. Como a referência à mãe de Jesus é feita na primeira sentença, o arqueólogo Rodrigo Pereira da Silva, professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), afirma que é mais provável que a Maria mencionada no texto seja Maria Madalena e não Maria mãe de Jesus. Silva, que fez pós-doutorado em arqueologia na norte-americana Andrews University, concorda, porém, com a professora Karen, de Harvard. Para ela, o papiro não é prova de que Jesus se casou.

O documento, segundo ela, seria parte de um livro escrito no século II, ou seja, uma fonte muito tardia em relação aos dias de Cristo na Terra. Corrobora também para a dúvida o fato de, naquele período, uma comunidade de cristãos dissidentes – a maioria de Alexandria, no Egito – ter criado um movimento chamado gnosticismo, marcado pela produção de textos nos quais a figura do Jesus preconizada pelo Novo Testamento pode ter sido modificada para tornar o cristianismo mais palatável ao povo pagão alexandrino. Esse novo Jesus que nascera ali, entre outros traços, não sentia dor nem sofrimento. Ideias como a ressurreição, encarnação e morte expiatória na cruz, que não eram bem-vistas diante dos olhos do mundo grego de Alexandria, ficaram de fora dos textos apócrifos gnósticos, como os evangelhos de Tomé, Judas e Filipe. Também surgiu a necessidade de se criar uma esposa para Cristo para, como pregava o gnosticismo, confirmar a teoria de que espíritos evoluídos estavam sempre em casais e nunca sozinhos.

O evangelho de Filipe, por exemplo, traz fragmentos nos quais se menciona o episódio de um beijo de Jesus em Maria Madalena. “Nessa região e naquela época se discutia muito se era apropriado ao cristão se casar. Por essas evidências, supõe-se que o Evangelho da Esposa de Jesus seja um documento surgido em um ambiente de gnosticismo”, diz o arqueólogo Jorge Fabbro, da pós-graduação em arqueologia do Oriente Médio Antigo da Universidade de Santo Amaro (Unisa). O fragmento apresentado no Vaticano, portanto, estaria se referindo a um outro Cristo, uma divindade maquiada, e não àquele presente no Novo Testamento. Mas qual é o verdadeiro? Não será esse papiro que irá responder. Mas ele lança lenha na fogueira por ser mais um texto, diferente dos que já se tem conhecimento, que aponta para uma possível relação entre Maria Madalena e Jesus.



Fogueira que também é alimentada por textos reconhecidos como canônicos pelo cristianismo ortodoxo, como o Evangelho de Marcos, o primeiro entre aqueles aceitos pela Igreja a ser escrito. “De repente, Maria Madalena aparece nele como uma figura do círculo mais íntimo de Jesus, sem nunca sequer ter sido mencionada”, afirma Fabbro. “Ela surge na morte de Jesus, ao lado da mãe e da irmã dele, o vê nu, ajuda a ungi-lo e, depois, não mais recebe citações. Isso sugere um elevado grau de intimidade dela com Jesus, maior do que, à primeira vista, transparece nos evangelhos.” O casamento entre os cristãos do século I, porém, era uma possibilidade abençoada. Paulo, por exemplo, cujos textos fazem parte do cânone oficial, menciona líderes da Igreja casados, como Pedro, os apóstolos e os irmãos de Cristo.

Na Israel do século I, nobre não era apenas a pessoa solteira e celibatária. Assim também seria aquela que, mesmo casada, tivesse a coragem de deixar a família em segundo plano para servir ao trabalho de Deus. “Se Jesus fosse casado, seria uma vantagem para ele. Não haveria motivos para os evangelhos bíblicos negarem o fato”, diz o arqueó­logo Silva. Para ele, o Evangelho da Esposa de Jesus é mais um que reforça o fato de que o Cristo histórico não foi casado, uma vez que, se tivesse vivido uma relação marital, a discussão ou menção sobre isso apareceria em livros mais antigos do que os do século II. “Por outro lado, nota-se um silêncio absoluto no século I sobre o fato e uma grande efervescência sobre ele no século II. E foi assim porque o Jesus casado é uma característica de um Cristo construído pela teologia gnóstica.”

Inferir, então, um relacionamento marital entre Jesus Cristo e Maria Madalena é pura especulação. Fabbro, o arqueólogo da Unisa, lembra que alguns cristãos gnósticos acreditavam que, para estarem próximos do que há de melhor no universo, era preciso rejeitar todos os prazeres relacionados ao corpo, como o contato físico por meio do sexo e a glutonaria. “Pregadores itinerantes dessa comunidade viajavam sempre acompanhados do que chamavam de esposa”, diz ele. “Tratava-se de uma espécie de irmã com quem tinham intimidade de convívio, apoio mútuo, mas com celibato.” O Evangelho da Esposa de Jesus, então, pode ser uma manifestação desse costume. Análises químicas da tinta usada no papiro serão feitas para tentar precisar o tempo em que ele foi escrito. E mais capítulos dessa – fascinante para muitos e improvável para outros – história poderão vir à tona.

Fotos: Karen L. King/Harvard Divinity School/AFP PHOTO; Rose Lincoln/Harvard Staff Photographer
Revista Isto É

JESUS CRISTO FOI UM HOMEM CASADO PROVA ENCONTRADA EM PAPIRO ANTIGO

Uma “prova documental” de que Jesus era casado encontrada em papiro antigo que menciona como Jesus  falou de Maria Madalena como sendo sua esposa.

Se verdadeiro, o documento lança dúvidas sobre uma apresentação oficial da igreja romana, durante séculos, de Maria Madalena como uma prostituta arrependida e derruba o ideal (católico romano) cristão de abstinência sexual.  Elabora-se uma tendência antiga e persistente no pensamento cristão, que Jesus e Madalena eram de fato um casal (que inclusive tiveram filhos), como apresentado por Dan Brown na trama de seu thriller best-seller “O Código Da Vinci”.

Um fragmento de um antigo papiro recentemente descoberto (ou somente agora revelado) faz a sugestão explosiva que Jesus e Maria Madalena eram marido e mulher, eles eram casados dizem os pesquisadores. O fragmento do tamanho de 8 X 4 centímetros suporta/apoia uma corrente no pensamento cristão que mina séculos de dogmas da Igreja católica romana, sugerindo que o Messias cristão não era um celibatário.

O centro do fragmento contém a frase bombástica onde Jesus, falando a seus discípulos, diz: “minha esposa”, que os investigadores acreditam que se refere à Maria Madalena.
O papiro antigo que aparentemente prova que Jesus foi casado com Maria Madalena

No texto, Jesus parece estar defendendo-a de algumas críticas, dizendo que “ela vai ser minha discípula“{ n.t. E ela realmente foi sua principal discípula, fato subtraído desde os primórdios da história da igreja de Roma que sempre suprimiu o poder e o aspecto feminino da divindade. O deus de roma é castrado e pedófilo}. Duas linhas depois, ele então diz aos discípulos:  “Eu moro com ela.”

Se verdadeiro, o documento lança dúvidas sobre uma apresentação oficial da igreja romana, durante séculos, de Maria Madalena como uma prostituta arrependida e derruba o ideal (católico romano) cristão de abstinência sexual.  Elabora-se uma tendência antiga e persistente no pensamento cristão, que Jesus e Madalena eram de fato um casal, como apresentado por Dan Brown na trama de seu thriller best-seller “O Código Da Vinci”.

O manuscrito incompleto, escrito em língua copta do antigo Egito, tem sido estudado pela Professora Karen L. King, professora de teologia na Universidade de Harvard, a dotação de assento acadêmico mais antiga dos EUA. A Professora King vai apresentar hoje um trabalho sobre a descoberta em uma conferência internacional em estudos coptas em Roma após a realização de testes extensivos e pesquisas para estabelecer a autenticidade do documento.

Ela disse à Smithsonian Magazine que o fragmento lança (enormes) dúvidas “sobre toda a alegação católica do celibato sacerdotal baseada em Jesus “como um celibatário.”  Ela acrescentou: “O que isto mostra é que houve para os primeiros cristãos, para quem a idéia… a união sexual no casamento poderia ser uma imitação da criatividade de Deus e da geração e que poderia ser espiritualmente correta e adequada. “
O verso do papiro está tão danificado que apenas algumas palavras-chave
 – ‘minha mãe’ e ‘três’ – foram decifráveis

Em um próximo artigo no Teological Harvard Review, a Professora King especula que este assim chamado ‘Evangelho da Esposa de Jesus “pode ter sido jogado no” lixo porque as ideias nele contidas fluiu tão fortemente contra as marés das correntes ascéticas em que as práticas e o entendimento do casamento e das relações sexuais foram surgindo na igreja católica.

A Professora King minimiza a validade do fragmento como um documento biográfico, dizendo que ele provavelmente foi confeccionado no primeiro século, em grego ou então após a crucificação e, posteriormente transcrito para o copta. Seu significado em vez disso reside na possibilidade de que uma primeva seita cristã buscou socorro espiritual ao retratar o seu profeta como tendo uma esposa.

Esta representação de Jesus como um homem de paixões e necessidades terrenas não sobreviveu nas doutrinas das igrejas estabelecidas, que enfatizam o celibato e o ascetismo como um ideal espiritual. A interpretação do texto pela Professora King se baseia no pressuposto de que o fragmento é genuíno, uma questão que de modo algum está definitivamente resolvida.

Um evangelho diferente: TEXTO DO FRAGMENTO EXPLOSIVO

O verso do antigo papiro está tão danificado que apenas algumas palavras-chave – “minha mãe” e “três’ -foram decifradas, mas na parte da frente, ou recto, a Professora King decifrou oito linhas fragmentárias:

. Uma imagem
. Negar. Maria é digno de
. Os discípulos disseram a Jesus,
. Jesus disse-lhes: Minha esposa
. Ela será capaz de ser minha discípula
. Quanto a mim, eu moro com ela, a fim de
. Não [para] mim. Minha mãe me deu vi [da] …
. Deixe as pessoas perversas aumentarem (de número)

Vídeo: Harvard Prof explica o que está no fragmento de papiro

Quatro palavras em um fragmento de papiro anteriormente desconhecido fornecem a primeira evidência de que alguns cristãos primitivos acreditavam que Jesus havia se casado, disse a professora de Harvard, Karen King, ao 10º Congresso Internacional de ...


Como os testes químicos de sua tinta ainda não foram feitos, o papiro ainda pode ser contestado com base na sua autenticidade, embora especialistas independentes deram o seu apoio com base em outros casos. Para autenticar o papiro, a Professora King enviou fotos para Anne Marie Luijendijk, professora na Universidade de Princeton e uma autoridade em papiros coptas e escrituras sagradas.

A Professora Luijendijk retransmitiu as imagens para Roger Bagnall, um papirólogo de renome, que dirige o Instituto para o Estudo do Mundo Antigo da Universidade de Nova York. Conhecido por suas avaliações mais conservadoras da autenticidade e data de papiros antigos, o Professor Bagnall, no entanto, confirmou que ele acreditava que o documento era genuíno.

O dialeto do escriba e o estilo de escrita, a cor e a textura do papiro, ajudaram a data-lo para a segunda metade do século IV d.C. e colocam a sua provável origem no Alto Egito (Delta do Rio Nilo). Os detalhes do fragmento que apoiam uma outra visão da vida de Jesus que começou a ganhar força desde a descoberta de um esconderijo de antigos manuscritos em Nag Hammadi, no Alto Egito, em 1945. Estes manuscritos difere muito da linha oficial da Igreja (catolicismo).

Aparecendo a Cristo, após a ressurreição,  a Madalena de Ticiano: Um papiro recentemente descoberto antigo sugere que o Messias e Maria Madalena eram marido e mulher.

O Que é o cristianismo gnóstico?
O gnosticismo é um termo acadêmico moderno para um conjunto de crenças religiosas esotéricas encontradas entre os primeiros grupos cristãos que acreditavam que a realização do conhecimento intuitivo é o caminho para a salvação.

Em geral, eles acreditavam que o mundo material foi criado por Deus, mas não através de algum intermediário sendo por vezes identificado como Ahriman, Satanás ou Javé.

Jesus é identificado por alguns gnósticos como uma encarnação do ser supremo que se encarnou para trazer Gnosis (conhecimento) à terra, de acordo com a Wikipedia. Outros negam que Jesus era Deus feito carne, afirmando-lhe apenas que seria um ser humano que alcançou a divindade através da iluminação e ensinou seus discípulos a fazer o mesmo.

O movimento se espalhou em áreas controladas pelo Império Romano e entre os godos arianos, e do Império Persa, crença que continuou a se desenvolver no Mediterrâneo e no Oriente Médio antes e durante os séculos II e III.

A Conversão ao Islã e a Cruzada dos Albigenses {n.t. Levada a efeito pela igreja de Roma contra o maior centro gnóstico da Europa, no sudoeste da França em Albi, Toulose, Carcassone, que assassinou milhares de gnósticos } em 1209-1229, reduziu muito o número restante de gnósticos, durante a Idade Média, embora algumas comunidades ainda existam.

Ideias gnósticas e pseudo gnósticas se tornaram influentes em algumas das filosofias esotéricas de vários movimentos místicos do final dos séculos 19 e 20 na Europa e América do Norte.

Perseguidos e muitas vezes separados uns dos outros, as antigas comunidades cristãs tinham opiniões muito diferentes sobre doutrinas fundamentais sobre o nascimento de Jesus, sua vida e morte. Foi somente com o estabelecimento do cristianismo (melhor seria dizer catolicismo) como religião oficial do Império Romano que o imperador Constantino convocou 300 bispos para emitirem uma declaração definitiva da doutrina cristã (católica).
O antigo Papiro foi anunciado pela historiadora Karen L. King – The New York Times/Evan McGlinn

Este assim chamado Credo Niceno – nome derivado da cidade de Nicéia, o local onde se encontraram os bispos  afirmou um modelo de crença cristã de que é até hoje considerado como uma ortodoxia. As origens deste último fragmento de papiro antigo revelado ainda são desconhecidas. A Professora King o recebeu de um colecionador anônimo que o tinha encontrado entre um monte de papiros gregos e coptas antigos.

Acompanhando o fragmento acompanhava uma nota sem assinatura e sem data manuscrita de um tradutor afirmando que é o único exemplo de um texto em que Jesus se refere em discurso direto como tendo uma esposa. A Professora King, que é capaz de ler copta antigo, acredita que algumas das frases dentro das passagens do texto tenham eco em Lucas, Mateus e os evangelhos gnósticos sobre o papel da família.

Estes paralelos convenceram-na de que este relato da vida de Jesus foi composto originalmente no século II dC quando tais questões foram tema de debate teológico intenso. Aqueles que não concordavam com a linha oficial estabelecido pelo Concílio de Nicéia foram no tempo marcado pela Igreja Romana como hereges e todos os seus ensinamentos foram suprimidos,
https://thoth3126.com.br/jesus-foi-um-homem-casado-prova-encontrada-em-papiro-a.

MARIA MADALENA ERA MULHER RICA, NÃO PROSTITUTA


Maria Madalena foi “uma mulher rica, influente e crucial” na vida de Jesus Cristo. Esta é uma das conclusões da pesquisadora Jennifer Ristine em Mary Magdalene: Insights From Ancient Magdala (“Maria Madalena, percepções da antiga Magdala”), um livro lançado em 22 de julho que busca revelar os mistérios da mulher que a Igreja Católica tachou durante séculos como adúltera e prostituta. A integração das referências bíblicas e históricas com os recentes descobrimentos arqueológicos feitos na cidade de Magdala (atual Migdal, Israel), onde se acredita que nasceu, permitiram a Ristine reconstruir parte de seu perfil.

“Durante os tempos de Maria Madalena, Magdala já era um povoado próspero na indústria pesqueira”, afirma Ristine, diretora do Instituto Madalena, numa entrevista por e-mail. As primeiras escavações foram feitas nos anos setenta. Mas foi em 2009 que os Legionários de Cristo compraram um terreno na região e “descobriram a parte norte do povoado de Magdala”. “Encontraram uma sinagoga do século I, uma representação do templo de Jerusalém em pedra [a pedra de Magdala], banhos de purificação ritual, residências e um porto”, explica Ristine.

Mas era ou não uma prostituta? Ristine considera que houve “muitas más interpretações sobre a vida de Maria Madalena”. Os achados arqueológicos da cidade bíblica de Magdala, hoje um sítio arqueológico com mais de 2.000 anos de antiguidade, sugerem que se tratava de um enclave rico. E, ao integrar neste contexto as referências bíblicas, pode-se deduzir que Maria Madalena era “uma mulher rica, de um povoado economicamente bem posicionado”, e não necessariamente uma prostituta, acrescenta a autora. Essa ideia se reafirma, por exemplo, nos versículos de Lucas 8:1-3: “Depois disso, Jesus andava pelas cidades e aldeias anunciando a boa nova do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o assistiram com as suas posses”.

A Igreja Católica canonizou Madalena, que é santa desde 2016 (com festa litúrgica em 22 de julho), quando o papa Francisco a nomeou apostola apostolurum, “a apóstolo dos apóstolos” – não por acaso, segundo a Bíblia, foi a primeira a ver Jesus ressuscitado. E, entretanto, foi o papa Gregório Magno, no ano 591, um dos introdutores do qualificativo de “prostituta” quando em sua homilia 33 afirmou: “Aquela a quem o evangelista Lucas chama de mulher pecadora é a Maria da qual são expulsos os sete demônios, e o que significam esses sete demônios senão todos os vícios?” Com essa afirmação, o sumo pontífice fez uma fusão de três marias: Maria, a pecadora, “que unge os pés do Senhor”; Maria, a de Magdala, liberada por Jesus de sete demônios, e entre as mulheres que o assistem; e Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro. “A Igreja do Oriente acredita que são três mulheres diferentes, enquanto a Igreja do Ocidente crê firmemente identificá-las como a mesma mulher, Maria Madalena”, diz Jennifer Ristine.

Mas não foi Gregório Magno o único responsável. Segundo a pesquisadora, alguns autores a associaram a uma mulher mencionada no século II no Talmud, chamada Miriam Megaddlela, que significa “Maria de cabelo trançado”. “Na comunidade judaica, esse título era adjudicado a uma mulher de má reputação, uma adúltera ou uma prostituta”, acrescenta.

Independentemente de ter ou não sido meretriz, um estigma do qual os movimentos feministas tentam livrá-la, “Maria Madalena foi uma mulher influente tanto econômica como socialmente; economicamente porque era uma mulher acomodada, e socialmente porque, apesar de crescer e viver numa sociedade religiosa estrita, decide romper esquemas e seguir Jesus”, considera Ristine, para quem a mulher de Magdala é acima de tudo “um modelo de liderança para as mulheres”.

E ainda resta muito a descobrir sobre ela. Só foram escavados 15% da antiga Magdala, de modo que, segundo Jennifer Ristine, futuros achados arqueológicos podem ajudar a revelar mais detalhes sobre o passado religioso da cidade natal de Maria Madalena, esclarecendo fatos e verdades de uma das personagens mais misteriosas dos Evangelhos.

Fonte : El Pais

sábado, 20 de julho de 2019

BEBÊ DE JESUS CRISTO E MARIA MADALENA NA ÚLTIMA CEIA


Não param de surgir teorias e conjecturas sobre mensagens ocultas que Leonardo Da Vinci poderia ter querido transmitir através de todas as suas obras. No entanto, há uma em particular, aquele que é dita ser uma de suas maiores e melhores obras de arte, que contém grande quantidade de significativas mensagens ocultas. Esta pintura famosa é conhecida como "A Última Ceia" e localiza-se na parede em que este grande mestre do Renascimento a realizou, para expressar tanto a sua arte, como seus segredos.


Ela está localizada no refeitório do convento dominicano de Santa Maria delle Grazie, em Milão (Itália). Com um tamanho de pouco mais de 40 metros quadrados, inúmeros especialistas e historiadores a consideram um dos melhores quadros de todos os tempos. Os apóstolos estão em grupos de três, deixando Jesus no centro. Bartolomeu, Tiago Menor e André, Judas Iscariotes, com cabelos e barbas negras, Simão Pedro, de cabelos e barbas brancas e João, o único sem barba. Então, Tomé, Tiago Maior e Filipe, sem barba. Mateus, Tadeu e Simão, o Zelote, como os últimos três. Continue lendo o artigo!

Mas o que esconde esta obra de arte? É apenas uma pintura? Tem um grande conteúdo simbólico? E, se supostamente este conteúdo escondido corresponde a uma verdade histórica, por que Leonardo não quis passá-lo explicitamente em seu trabalho, escondendo-o dentro de seus próprios personagens? Aqui surge outra pergunta: Por que Jesus está praticamente sozinho no centro do trabalho? A resposta deveria ser "para dar lugar àqueles que deveriam "se acomodar a seu lado" quando se revelasse o segredo.

Se olharmos da esquerda para a direita, o terceiro apóstolo, André, está surpreso com alguma coisa, olhando diretamente para o que seria o ombro direito do quinto apóstolo, Judas, que por sua vez, olha para o "sexto apóstolo imberbe", quem, em teoria, deveria corresponder à figura de João. Jesus está olhando para algo que "não está", mas que poderia ser encontrado em suas mãos, à sua frente. Em seguida, o apóstolo Tiago Maior, de verde, com expressão de assombro, estende os braços de cada lado do seu corpo, dirigindo sua atenção para o centro da mesa.

Em seguida, o apóstolo Tomé, olhando para Jesus, levanta o dedo indicador, como se dissesse: "És o único, o primeiro... o Alfa" enquanto Jesus forma com seu corpo uma clara letra "A". O dedo indicador apontando para o teto junto com o polegar e o punho cerrado de Tomé, forma uma clara letra "L", o que poderia ser uma alusão ou lembrete, por parte de Leonardo, de que este apóstolo foi quem introduziu seu dedo indicador na ferida de "Lança" que um soldado deu em Jesus, bem como poderia indicar o "L" de Leonardo, o pintor.

O seguinte apóstolo, Filipe, como Jesus e Tiago Maior, olha para o centro da mesa, em frente ao Messias, por isso, parece que o centro da mesa é importante, embora por agora não se possa ver nada. Ao chegarmos ao último grupo de apóstolos, Mateus, Tadeu e Simão, o Zelote, vemos que falam uns com os outros, mas Mateus e Simão apontam as mãos em direção ao centro da mesa, entre os braços de Jesus, e embora estes dois apóstolos não estejam dirigindo seus olhares para lá, eles parecem estar falando sobre isso ao dirigir as mãos para o centro de A Última Ceia.

Não podemos esquecer que no último grupo de apóstolos, Tadeu, que alguns dizem ser o proprietário do autorretrato de Da Vinci, está com a sua mão direita aberta e diante de seu ombro, e sua mão esquerda aberta e apoiada sobre a mesa. O que estaria supostamente querendo dizer Leonardo, com estas posições de suas mãos? Poderia ser uma mensagem oculta? Talvez você tenha que encontrar alguma coisa no ombro de alguém que se encontra apoiado sobre a mesa? É aqui onde surgem as teorias sobre o bebê da A Última Ceia.

Olhando para o ombro direito de Judas, de azul e verde, podemos notar que em conjunto com seu braço e antebraço, há a imagem clara de um bebê, com a cabeça virada para o terceiro apóstolo, sempre na mesma ordem, que por sua vez também o olha e se surpreende, levantando as duas mãos. O suposto bebê encontra-se como que descansando no peito de Judas. Como a maioria dos apóstolos, incluindo Jesus, olham para o centro da mesa, bem na frente dele, ali estaria o "bebê", nos braços de Jesus, seu pai. E a mãe? Se olharmos para João, ele não tem a aparência de um homem, por isso, assume-se que Da Vinci desenhou uma Maria Madalena ruiva, esposa e mãe do bebê, que seria o Santo Graal ou linhagem desse matrimônio.

Precisaríamos recolocar Maria Madalena ao lado de seu marido, Jesus. Como podem ver na imagem abaixo, os três, Jesus, Maria Madalena e seu filho, se unem perfeitamente por intermédio da mesma cor azul clara de suas vestes. Maria Madalena se encaixa perfeitamente entre Jesus e os outros apóstolos, à direita, sem esquecer que ela também olha para o seu filho. Os três, unidos pelas mesmas cores, também podendo-se observar que os lados opostos das vestes dos pais são da mesma cor vermelha. Uma simetria perfeita.

Ao voltarmos para o original, podemos ver que a figura de Jesus e a que seria a de Maria Madalena, ambos compõem uma grande letra M (2 linhas azuis e 2 vermelhas), com o que Leonardo quereria dizer ao mundo, e de forma oculta, que ela era na verdade Maria Madalena. Analisando com a geometria, pode-se ver que, a partir dos pães laterais, sobre a mesa, forma-se uma segunda letra "M" (vermelha), e, assim, juntando ambas as letras, elas formariam as iniciais de Maria Madalena, sendo que, ambos os lados do segundo "M" formariam dois triângulos retângulos (azul e verde), que ao se juntarem formariam um só, compondo uma tríade perfeita, Jesus, Maria Madalena e seu filho, o Santo Graal.

Finalmente, o apóstolo Simão Pedro, que tem a cabeça entre Judas e Maria Madalena, desliza a mão esquerda sob o queixo do suposto Apóstolo João, aqui considerado como Maria Madalena. A mão parece mostrar a altura do bebê, quando ele se reacomoda junto a pais, no centro do quadro. Assim, nos daremos conta de que Simão Pedro não está marcando a altura do bebê com a mão, que está na posição perfeita com a cabeça do mencionado Santo Graal ou o bebê.

Além disso, o que estaria querendo dizer Simão Pedro, que esconde uma faca em sua mão direita, atrás de si, à suposta Maria Madalena? Como podem ver, trata-se apenas de observar as imagens limpas, tal qual as pintou Leonardo Da Vinci, e as demais, rearranjadas, ressaltando os olhares e os possíveis gestos dos apóstolos. Será que Da Vinci estaria tentando mostrar algo para todo mundo de maneira que a Igreja não poderia detectar e que ele não ficasse em apuros? Deixe a sua opinião nos comentários e compartilhe o artigo com todo mundo!

erminauta.com

CÓDIGOS SECRETOS DA ÚLTIMA CEIA

SARA FILHA DE JESUS CRISTO E MARIA MADALENA

Contam as antigas lendas francesas relacionadas à descendência de Jesus Cristo e Maria Madalena que durante a perseguição aos cristãos primitivos ocorrida nos anos seguintes à crucificação, alguns dos discípulos do Grande Kabir e pessoas próximas ao Divino Casal fugiram da Judeia em um barco e chegaram à costa sul da Gália, atual França.

Naquela modesta embarcação usada para a fuga pelo mar Mediterrâneo estavam os irmãos Lázaro, Maria Madalena e Marta, juntamente com a mãe dos apóstolos João e Tiago, chamada Maria Salomé, acompanhados ainda por Maria de Cleófas, a tia de Jesus, e Maximin d’Aix, um dos setenta e dois discípulos de Jesus Cristo e famoso evangelizador da região francesa de Aix-en-Provence.

Além de todos eles, participava desta jornada uma jovem de pele morena, supostamente vinda do Alto Egito para servir à tia de Jesus como aia. Seu nome era Sara, quem atualmente vem sendo identificada na literatura sobre a descendência familiar de Jesus Cristo como sendo sua filha com Maria Madalena.

Esta tradição ressurgiu com força na década de 1980, graças à obra O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, dos escritores Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln. Nos últimos anos, as teorias sobre os frutos da união matrimonial celebrada entre Jesus e sua principal discípula vêm ganhando cada vez mais força no imaginário popular graças à publicação de novos romances históricos baseados nas ideias que acabaram sendo popularizadas pelo escritor Dan Brown.

Alguns autores mais recentes que aproveitam o sucesso do bestseller O Código Da Vinci e a ideia que identifica o Santo Graal com o Sangue Real dos herdeiros do Salvador e sua esposa redimida sugerem que Santa Sara, a menina egípcia que acompanhou os familiares e discípulos de Jesus Cristo na embarcação rumo às terras francesas, era na verdade a filha do divino casal da Galileia.

Este é o caso do livro The Woman with the Alabaster Jar: Mary Magdalen and the Holy Grail (A Mulher com o Vaso de Alabastro: Maria Madalena e o Santo Graal), escrito por Margaret Starbird e publicado em 1993, contendo a ideia de que Santa Sara é a filha de Jesus e Madalena, e que este fato seria a autêntica fonte da lenda associada com a mística de Saintes-Maries-de-la-Mer.

Como já mencionamos acima, a tradição local afirma que a cidade de Saintes-Maries-de-la-Mer foi o porto onde os familiares e discípulos de Jesus desembarcaram de sua fuga pelo Mediterrâneo. No barco estavam as chamadas Três Marias, Maria Madalena, Maria Salomé e Maria de Cleofas, as três mulheres que primeiro testemunharam a tumba vazia de Jesus, e cujas relíquias são o foco de devoção de peregrinos.

Assim que Jesus foi crucificado, as Três Marias e sua comitiva teriam partido da cidade egípcia de Alexandria acompanhadas de seu tio, José de Arimateia. As lendas francesas sustentam que a embarcação chegou ao território que hoje corresponde ao sul da França, onde havia uma fortaleza chamada Oppidum-Ra. O local passou logo a ser conhecido como Notre-Dame-de-Ratis, pois Ra se tornou Ratis (que em latim significa algo como “navegar”), para mais tarde tornar-se Notre-Dame-de-la-Mer, e no século XIX, Saintes-Maries-de-la-Mer.

Margaret Starbird afirma que o nome Sara significa “princesa” em hebraico, um forte indicativo de que ela seria a descendente esquecida do “sang réal”, o sangue real do Rei dos Judeus. O esquecimento de Sara teria sido consequência da supressão que o Catolicismo Romano realizou sobre a veneração e a devoção ao Sagrado Feminino, resultando num desequilíbrio espiritual da doutrina cristã.

Para a autora, o Cristianismo Primitivo incluía a celebração do chamado Hierosgamos, que significa “casamento sagrado”, a união sexual divina e divinizante, o mesmo Sacramento da Câmara Nupcial dos antigos gnósticos, e o Grande Arcano dos gnósticos contemporâneos, tal como foi ensinado por Samael Aun Weor em sua extensa obra.

Esta celebração oferecia um modelo arquetípico do noivo (Jesus Cristo) e da noiva (Maria Madalena), ensinando a metafísica da união do Espírito Puro (Real Ser Interior) com a Alma Arrependida (que vai sendo liberta dos Eus Psicológicos), e a ciência da união sexual entre homem e mulher. Este último corresponde à mescla inteligente do erótico com o sagrado, um ato religioso capaz de converter seus adeptos em deuses, ou seja, de levá-los à união com a Divindade para conhecer seus Mistérios.

Este modelo de unidade conciliadora da dualidade acabou sendo perdido logo nos primeiros séculos do Cristianismo, uma verdadeira tragédia espiritual que acabou excluindo as lideranças femininas, o que era muito comum no tempo dos primeiros discípulos de Jesus. A autora insiste que tal parceria sagrada é universal e apenas reflete aquela existente em outras regiões do planeta, em contextos religiosos muito anteriores ao daquele em que se formou a religião do Cristo.

Nos dias atuais, para o bem da retomada do equilíbrio de gêneros na religiosidade cristã e a revisão da importância da sexualidade para uma espiritualidade conciliadora do humano com o divino, Santa Sara converteu-se em um instrumento de oposição aos velhos padrões autoritários e de rigidez hierárquica, onde o masculino impera à força e às cegas sobre o feminino por puro medo de perder seu poder e de ser tragado pela sensualidade que secretamente deseja.

E para o esoterismo gnóstico, Santa Sara representa o fruto maravilhoso deste casamento divino que acontece no interior de cada discípulo que celebra o Hierogamos, que recebe o Sacramento da Câmara Nupcial, e que opera com o Grande Arcano ensinado pelo Gnosticismo nos dias atuais. Este fruto é a alma cristificada, livre de toda amarra psicológica, das ilusões e dos apegos, pronta para experimentar a GNOSIS e com ela a VERDADE.

www.sgi.org.br/pt/cristianismo/santa-sara-a...maria-madalena

EVANGELHO DO APÓSTOLO TOMÉ



Escaneamento de uma das páginas do manuscrito do Evangelho de Tomé

Conjunto de ensinamentos esotéricos atribuídos a Jesus, o Evangelho de Tomé faz parte da chamada Biblioteca de Nag Hammadi, uma coleção de textos descoberta, em 1945, perto da cidade de Nag Hammadi, no Alto Egito.

Doze códices de papiro encadernados em couro, guardados em um vaso de argila selado, foram “casualmente” encontrados naquela ocasião por um camponês local, Muhammad Ali al-Samman, quando arava a terra.

Os códices contém 52 tratados, de inspiração principalmente gnóstica, mas também incluem três obras pertencentes ao Corpus Hermeticum e uma versão parcial da República de Platão.

O estudioso inglês James Robinson sugeriu que os códices possam ter pertencido a um mosteiro, sendo enterrados quando o bispo Atanásio condenou o uso de livros não-canônicos, em 367.

Os textos dos códices foram escritos em língua copta, a partir de obras originais em grego. A data da composição do texto original do Evangelho de Tomé situa-se no intervalo compreendido entre 50 d.C. e 80 d.C. Os manuscritos enterrados em Nag Hammadi são datados dos séculos III e IV.

Como também ocorre em relação aos quatro evangelhos considerados canônicos (Marcos, Mateus, Lucas e João), é pouco plausível que o próprio Tomé tenha sido o autor do texto final do chamado “Quinto Evangelho”. O mais provável é que a redação última seja obra de um discípulo, que colocou por escrito uma tradição bem estabelecida no círculo de seguidores de Tomé.

 Segundo a Tradição, Tomé foi um dos 12 apóstolos, que compunham o círculo mais íntimo dos discípulos de Jesus.

O Evangelho de João refere-se a ele como “Tomé, também chamado de Gêmeo (Didymus, em grego)”. E o próprio Evangelho de Tomé inicia-se com a seguinte afirmação: “Estas são as palavras secretas que Jesus vivo disse e que Didymus Judas Tau’ma escreveu”. Existe, nesta frase, uma repetição, pois Tau’ma também significa “Gêmeo”, em aramaico (a língua corrente, falada na Palestina nos tempos de Jesus).

Essa insistência faz supor que o nome próprio do apóstolo fosse Judas, e que a palavra Tau’ma, da qual derivou o inglês Thomas e o português Tomé, constituísse um epíteto ou cognome. A questão, que ainda não foi respondida, é se tal epíteto correspondia à mera descrição de uma condição biológica (sempre valorizada na Antiguidade, quando poucos gêmeos sobreviviam ao nascimento) ou a um título espiritual (designando a conquista de um status específico no processo de autorrealização). Neste caso, ele poderia até ser pensado como um “gêmeo” espiritual do próprio Jesus, conforme dá a entender o lógion 13 de seu Evangelho:

“Disse Jesus a seus discípulos: Comparai-me e dizei-me com quem me pareço eu.

Respondeu Simão Pedro: Tu és semelhante a um anjo justo.

Disse Mateus: Tu és semelhante a um homem sábio e compreensivo.

Respondeu Tomé: Mestre, minha boca é incapaz de dizer a quem tu és semelhante.

Replicou-lhe Jesus: Eu não sou teu Mestre, porque tu bebeste da Fonte borbulhante que te ofereci e nela te inebriaste.

Então levou Jesus Tomé à parte e afastou-se com ele; e falou com ele três palavras. E, quando Tomé voltou a ter com seus companheiros, estes lhe perguntaram: Que foi que Jesus te disse? Tomé lhes respondeu: Se eu vos dissesse uma só das palavras que ele me disse, vós havíeis de apedrejar-me – e das pedras romperia fogo para vos incendiar.” (1)

Após a morte de Jesus, Tomé viajou extensamente pelo mundo antigo. Afirmações parciais de vários autores, todos eles renomadas autoridades da Patrística, possibilitam reconstituir seu possível – e, em alguns casos, bastante provável – roteiro: Palestina, Síria, Partia (que incluía, entre outros territórios, os atuais Irã, Afeganistão e Paquistão), Noroeste da Índia, Sudoeste da Índia (Costa Malabar, no atual estado de Kerala), Sudeste da Índia (Costa Coromandel, no atual estado de Tamil Nadu), talvez Malásia e China, e novamente Sudeste da Índia, onde o apóstolo teria sido martirizado.

A chegada de Tomé à Costa Malabar é tradicionalmente datada em 52 d.C., quando se acredita que o apóstolo aportou, em companhia do mercador judeu Abbanes, em Kodungallur. Na Índia meridional, diz a tradição, Tomé fundou “sete igrejas e meia”.

Instalado no Reino de Milapore, hoje um grande bairro da cidade de Chennai (antiga Madras), e muito bem-sucedido no trabalho de evangelização, inclusive com a conversão de vários membros da realeza, Tomé teria incorrido na ira dos brâmanes, que viam nos ensinamentos do apóstolo uma ameaça à sua doutrina social, rigidamente baseada no sistema de castas. Instigado pelos brâmanes, o rei de Milapore supostamente ordenou, em 72 d.C. a execução de Tomé.

Existe grande controvérsia sobre o local onde se encontram os restos mortais do grande apóstolo. Segundo várias correntes cristãs indianas, as relíquias estão guardadas em um túmulo lacrado na cripta situada sob o altar-mor da moderna igreja de São Tomé, em Milapore, Chennai (2).


Nasranis

A comunidade cristã sírio-malabar nasrani constitui um grupo étnico-religioso, com expressão no atual estado de Kerala, Índia, vinculado às várias igrejas associadas à tradição de Tomé. Os nasranis são descendentes de judeus que se estabeleceram em Kerala em época muito anterior ao ano 70 d.C., quando Tito, futuro imperador de Roma, ordenou a destruição de Jerusalém e promoveu a segunda diáspora judaica. Essa comunidade foi cristianizada por Tomé, preservando, no entanto várias tradições e costumes judaicos.

Supõe-se que a palavra nasrani derive do termo nazareno, utilizado pelos judeus-cristãos do Oriente Médio, que acreditavam na messianidade e divindade de Jesus, mas se mantinham fiéis aos preceitos legais e religiosos estabelecidos na Torá.

A comunidade nasrani associa elementos judaicos aos costumes sul-indianos e enfatiza sua fé no cristianismo ensinado pelo apóstolo Tomé. Utiliza correntemente a língua malayalam (falada pela população do estado de Kerala), mas emprega o siríaco (dialeto do aramaico) na liturgia. Parte de suas tradições foram perdidas após a invasão portuguesa da Costa Malabar, nos primórdios do século XVI, quando os nasranis sofreram brutal repressão da Inquisição católica.

Segundo o célebre historiador judeu Flávio Josefo, a região litorânea do sudoeste da Índia corresponderia ao reino de Ofir, mencionado no Antigo Testamento. A área era tradicional exportadora de artigos de luxo (madeiras de lei, marfins, especiarias, pavões) para Israel, especialmente durante o governo de Salomão, quando a realeza judaica alcançou seu apogeu. Muziris, atual Pattanam, perto de Cocchin, era o principal porto e mantinha intenso contato comercial com portos do Mar Vermelho.

Acredita-se que comerciantes judeus tenham se fixado na Costa Malabar em épocas tão recuadas quanto o século VI a.C. Após a destruição do segundo Templo de Jerusalém, em 70 d.C., a imigração judaica para a região se intensificou.

As perseguições da Inquisição e do padroado português provocaram a divisão dos nasranis. Uma ala (Igreja Católica Sírio-Malabar) subordinou-se ao catolicismo romano; outra (Jacobitas) aproximou-se da Igreja Ortodoxa Síria, adotando vários elementos da teologia e da liturgia de Antióquia. Os nasranis reúnem, atualmente, cerca de 6 milhões de pessoas.

Notas

(1) Trecho citado conforme a versão em português do Evangelho de Tomé realizada por Huberto Rohden (1893 – 1981). Rohden produziu sua versão a partir da edição francesa de Phillipe de Suarez, que traduziu diretamente do manuscrito em língua copta. Há outras versões mais recentes – inclusive a produzida a partir da tradução francesa comentada de Jean-Yves Leloup.

(2) Tive a oportunidade de visitar essa cripta em minha primeira viagem à Índia, em 2007.

APÓSTOLO TIAGO IRMÃO DE JESUS CRISTO

Um texto que complementa o relato bíblico da vida e do ministério de Jesus, permitindo o acesso a conversas que ele teria mantido com o apóstolo Tiago, supostamente seu irmão, pode ser a maior descoberta arqueológico de caráter religioso dos últimos tempos. “Não suspeitávamos que os fragmentos gregos do ‘Primeiro Apocalipse de Tiago’ tivessem sobrevivido”, afirmou Geoffrey Smith, um dos pesquisadores responsáveis pelo achado. “Mas lá estavam eles, bem na nossa frente”, disse Smith, que é professor assistente de estudos religiosos na Universidade do Texas, em Austin (EUA). Ele fez a descoberta no início do ano, junto com o colega Brent Landau, e ambos mantiveram sigilo até a Reunião Anual da Sociedade de Literatura Bíblica, em Boston, também nos Estados Unidos, em novembro. “Esta nova descoberta é significativa por demonstrar que os cristãos ainda estavam lendo e estudando escritos extra-canônicos muito tempo depois de os líderes cristãos os considerarem heréticos”, disse Smith ao anunciar a descoberta. O termo extra-canônico se refere aos textos gnósticos que ficaram de fora do cânone estabelecido pelo bispo Atanásio de Alexandria no ano 367 a.C., após o Concílio de Niceia, quando foram definidos os 27 livros aceitos como pertencentes ao Novo Testamento. O banimentos dos textos gnósticos apócrifos, cuja autoria é atribuída aos cristãos primitivos, se deveu ao modo como eles retratam Jesus: muito mais um mestre espiritual com a missão de espalhar conhecimento sobre o homem e o universo do que como Messias, o filho de Deus.
Geoffrey Smith (esq.) e Bret Landau
“Primeiro Apocalipse de Tiago” texto grego estava em meio a 200 mil papiros de Oxirrico

O material foi encontrado depois de dois anos de pesquisas junto aos mais de 200 mil documentos acumulados na Universidade de Oxford, na Inglaterra, desde as pioneiras escavações dos papirólogos Bernard Pyne Grenfell e Arthur Surridge Hunt feitas em um antigo depósito de lixo en z, no Egito, a partir de 1896. Boa parte do que foi encontrado ali é formada por recibos de impostos, contratos de compra e venda e outros registros da vida cotidiana, mas há também textos literários e religiosos. Até então, os poucos escritos gnósticos que haviam sido preservados eram os da Biblioteca de Nag Hammadi, nome dado à coleção descoberta em 1945 na cidade egípcia de mesmo nome pelo camponês Mohammed Ali Samman. Eles estavam guardados dentro de potes de barro que foram selados e enterrados, possivelmente por monges dedicados a preservar os livros proibidos pela Igreja Católia. A técnica de preservação deu certo e os papiros ficaram protegidos por mais de 1.600 anos. 


“Ensinamentos secretos”
O mais interessante do documento encontrado entre os papiros de Oxford, claro, é seu conteúdo, com “ensinamentos secretos” que Jesus teria transmitido diretamente para o apóstolo Tiago, possivelmente seu irmão. Eles incluem revelações sobre o reino celestial, afirmam que o mundo material é uma prisão criada por um ser maligno e que o caminho dos humanos a vida após a morte era bloqueado por “archons”, entidades semelhantes aos anjos e demônios do Antigo Testamento. Referindo-se a Tiago como “irmão” (embora “não materialmente”), Cristo teria preparado o apóstolo para difundir seu conhecimento,

A maior parte dos textos gnósticos foram escritos em copta, a língua usada no Egito principalmente entre os séculos 3 e 6, mas os fragmentos encontrados por Smith e Landau estão em grego. Uma hipótese levantada pelos pesquisadores é que se trate de uma espécie de material didático, utilizado para auxiliar jovens egípcios no aprendizado do idioma. Duas características reforçam a crença: a caligrafia, bastante uniforme; e a separação das palavras em sílabas com uso de traços, um recurso que aparece “frequentemente em manuscritos usados em contextos educacionais”, segundo o pesquisador Brent Landau. Seja qual for a explicação para o texto ter sido escrito em grego, trata-se da primeira cópia conhecida do “Primeiro Apocalipse de Tiago” na língua de Homero.

O ossário de Tiago
Assim que o engenheiro Oded Golan (foto abaixo), um judeu aficionado por relíquias, revelou a existência de uma arca com os restos mortais do apóstolo Tiago — e uma evidência de que ele seria irmão de Jesus — a Autoridade de Antiguidades de Israel (AAI) tentou desqualificar o objeto. Primeiro, os peritos alegaram que a inscrição em aramaico “Tiago, filho de José, irmão de Jesus” seria forjada. Depois, tentaram provar que apenas o trecho “irmão de Jesus” era falso. Passaram-se mais de cinco anos até que Golan fosse absolvido da acusação de falsificar o ossário de Tiago. No processo de 12 mil páginas foram ouvidas 133 testemunhas, entre elas, peritos em datação com carbono-14, arqueologia, história bíblica, paleografia, geologia, biologia e microscopia. Até que Yuval Gorea, um especialista em análise de materiais da IAA, admitiu que os testes microscópicos confirmaram que tanto a primeira quanto a segunda parte da inscrição têm a mesma idade do caixão: 2 mil anos. Com a absolvição de Golan, o osssario foi também reabilitado. Ele é considerado a maior evidência do parentesco entre Tiago e Jesus Cristo, o que a Igreja ainda não admite.

Revista Isto É