José de Arimatéia portando duas galetas
Nos
artigos escritos, em muitos deles aparecem à figura de José de Arimatéia, o seu
nome algumas vezes é confundido com o de Tiago (o Justo) irmão de Jesus e em
outras com Lázaro.
Mais quem
seria José de Arimatéia, esse homem que ousou solicitar a Pilatos o corpo de
Jesus para enterrá-lo? Devido a essa pergunta achei por bem trazer aos nossos
leitores alguns dados sobre essa figura algumas vezes controvertida que é citada
na Bíblia e ligada ao nome de Jesus e ao do Santo
Graal.
No Evangelho
de Pedro, cuja primeira cópia foi localizada em um vale do Alto Egito em 1886,
embora ele seja mencionado pelo Bispo da Antioquia em 180 d.C., de acordo com
este Evangelho Apócrifo, José de Arimatéia era amigo íntimo de Pilatos e que a
tumba onde foi enterrado Jesus, situa-se em uma localidade chamada “O Jardim de
José”. E as últimas palavras de Jesus na cruz são particularmente chocantes:
“Meu poder, meu poder, por que me desamparaste?” (Evangelho de Pedro
5:5).
José de Arimatéia
era um homem rico e membro proeminente do conselho (Sinédrio), Colégio onde se
reuniam os mais altos magistrados do povo judeu, formava a suprema magistratura
judaica. Tinha o poder para pronunciar a condenação à morte, que devia, então,
ser executada pelo procurador da Judéia. O Sinédrio era composto de 71 membros
dividido em três classes: a dos anciões, representantes da aristocracia leiga;
os pontífices e os escribas, geralmente do partido dos fariseus. O Sumo
Sacerdote era o Presidente. Foi o referido conselho que efetuou a condenação de
Jesus.
José de Arimatéia
tinha muitas qualidades admiráveis. Ele era um homem justo e bom que esperava o
reino de Deus. Ele se destacou entre os seus companheiros para crer em Jesus.
Ele não permitiu que nomes como “blasfemo”, “samaritano”, “enganador” e “poder
de Belzebu”, o dispusessem contra Jesus. Quando o Conselho havia condenado a
Jesus entregando-o a Pilatos para a sentença de morte, José “não tinha
concordado com o desígnio e ação” (Lucas 23:51). Com a morte de Jesus e a
necessidade de ter um enterro decente, José “Dirigiu-se resolutamente a
Pilatos e pediu o corpo de Jesus. E Pilatos se maravilhou de que já estivesse
morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha
morrido. E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José.” diz
Marcos (15:43), McGarvey fala acerca do ato de coragem de José: “É estranho que
aqueles que não tinham medo de ser discípulos tiveram medo de pedir o corpo do
Senhor, mas aquele que teve medo de ser discípulo não temeu fazê-lo” (The
Fourfold Gospel,
p.735). Nicodemos era o Chefe
dos judeus, fariseu, também membro do conselho. João em seu relato teve o
cuidado de identificar o Nicodemos como aquele que ajudou no enterro de Jesus.
Nicodemos, assim como José, tinham muitas excelentes qualidades. Nicodemos bem
como José, não haviam confessado abertamente a sua fé em Cristo por temer
represálias, mantendo esse amor em segredo. Na morte de Cristo, entretanto,
corajosamente uniu-se a José no enterro, Nicodemos forneceu os ungüentos e José
o túmulo.
O enterro de Jesus
foi repleto de incenso, de gestos de coragem e de realeza. Realeza de quem veio
para servir. E de muito suor dos acompanhantes. Eles intercederam pelo corpo,
desceram-no da cruz, sepultaram e moveram a pesada pedra do sepulcro. O
sepultamento de Jesus não só obedeceu a ritos profanos bem como religiosos,
próprios do judaísmo e do contexto religioso e político daqueles momentos
terríveis, José de Arimatéia foi quem “oficiou” as exéquias de Jesus, amigo de
Nicodemos (Naqdimon ben Gurion), era chamado de Iossef de Ramataim, discípulo
secreto de Iehoshua bem Iossef, de Jesus de Nazaré. Segundo alguns
historiadores, José era do vilarejo de Ramataim, em grego Arimathaia, de
localização incerta. O sentido hebraico da palavra Ramataim designa a altura
(ram) dupla (staim), a Dupla Elevação, designando
provavelmente uma cidade possuindo dois bairros situados em colinas
vizinhas.
Após a morte de
Jesus, no que pesem as terríveis circunstâncias políticas e humanas implicadas,
num lance de ousadia e de quem não deixa intimidar-se. José de Arimatéia vai
pessoalmente reclamar junto a Pôncio Pilatos a liberação do Corpo de Jesus para
dar-lhe sepultamento e cumprir os ritos de exéquias. Pilatos permite, não sem
antes estar seguro da realidade da morte de Jesus de Nazaré (Mt. 15,44). Sua
situação de “nobre conselheiro”, mencionada por Marcos, indica que José de
Arimatéia era um homem suficientemente importante socialmente para ter livre
acesso a Pilatos, José de Arimatéia sabia que a tradição judaica era a de
sepultar os seus mortos no mesmo dia de sua morte (Jô 11,27). No caso de um
enforcado, a Lei exigia esse procedimento (Dt 21,23). Os romanos, pelo
contrário, tinham como lei deixar os cadáveres dos crucificados à mercê dos
animais selvagens e aves de rapina. Estava-se na preparação do shabat
da Páscoa. Esse favor pedido a Pilatos por José de Arimatéia tem também um
alcance religioso: tratava-se, na liturgia judaica, do shabat da
libertação dos hebreus da escravidão, na véspera da Páscoa. Tratava-se de uma
festa pagã que se incorporou ao Catolicismo Romano e foi usada como um
substituto para as comemorações judaicas da Passagem, dos Pães Ázimos e dos
Primeiros Frutos – todas celebradas em três dias consecutivos durante a primeira
semana do ano novo judaico.
Normalmente, o
clandestino de um partido ou de uma seita, nunca é apreciado, mas o
comprometimento público – no mais alto nível - de José de Arimatéia para pôr a
salvo o corpo de Jesus, vai torná-lo merecedor de menção elogiosa pelos quatro
evangelistas. Ele oferece o mausoléu de sua família, uma sepultura cavada no
rochedo do Calvário, bem próximo ao local da crucifixão.
Túmulo de Jesus pertencente a José de Arimatéia
No final do dia José de Arimatéia ajudado por outro fariseu, Naqdimon ben
Gurion, o Nicodemos, desce Jesus da cruz, envolve-o em seus braços e depois na
mortalha de linho. Nicodemos e José de Arimatéia buscam observar as práticas
rituais prescritas pelos fariseus numa situação limite nessas circunstâncias.
Segundo relato de Marcos, José de Arimatéia é quem compra a mortalha, essa longa
peça de linho na qual os judeus tinham o costume de envolver seus mortos. Na
oportunidade tinham levando grande quantidade de aromas preciosos: mais de
trinta quilos de mirra e aloés (Jo 19,39)! Nesse gesto, Nicodemos vê em Jesus, o
messias de Israel.
Finalmente, eles o depositam na sepultura cavada na rocha, onde ninguém ainda
havia sido posto (Lc 23,53). Ajudado por muitos homens, possivelmente por amigos
fariseus, José de Arimatéia num esforço final rola a pedra circular.
Provavelmente ela avança sobre uma caneleta, até a abertura do sepulcro.
Imediatamente José de Arimatéia se retira, cansado e suado, junto com seus
irmãos fariseus. É shabat.
Robert
de Boron conta que os Judeus aborrecidos com o desaparecimento do corpo, por
ocasião da ressurreição, prenderam José de Arimatéia de modo que ninguém mais o
encontrasse em uma cela sem janelas onde todos os dias uma pomba se materializa
deixando-lhe uma hóstia, seu único alimento durante todo o cárcere, graças ao
qual sobrevive.
Uma das
lendas informa que Cristo lhe aparece na prisão. Arimatéia confessa seu amor,
mas que jamais tinha ousado falar com Ele e pede desculpas por estar sempre na
companhia dos que desejavam sua morte. Jesus o consola
dizendo:
“Deixei que ficaste com eles por saber que irias me prestar grandes
serviços, ajudando-me onde meus discípulos não ousariam. E tu fizeste por
compaixão. Tu me amaste secretamente como também eu a ti, e nosso amor se
revelará a todos para prejuízo dos infiéis, porque tu terás sob tua guarda o
sinal da minha morte, hei-lo aqui”.
A que
tudo indica José de Arimatéia está bastante ligado não só com a vida de Cristo
como também com o Santo Graal.. José esconde a taça que Jesus usou na Última
Ceia, a mesma que ele próprio usou para recolher o sangue de Cristo antes de
colocá-lo na tumba. Ao ser libertado, viaja para a Inglaterra com um grupo de
seguidores e funda a Segunda Mesa da Última Ceia, ao redor da qual sentam doze
pessoas (conforme a Távola Redonda). No lugar de Cristo é colocado um peixe. O
assento de Judas Iscariotes fica vazio e quando alguém tenta ocupá-lo é
“devorado pelo lugar” de forma misteriosa. A partir desse momento esse assento é
conhecido como a Cadeira Perigosa (mesmo nome do assento da Távola Redonda que
também ficava vazio e só poderia ser ocupado pelo “cavaleiro mais virtuoso do
mundo”).
Ruínas da Abadia de Glastonbury
Em algumas versões,
é o assento de Lancelot que sempre fica vazio. Lancelot, o mais dedicado
cavaleiro, que assim como Judas em relação a Jesus era o que mais amava Arthur e
também o traiu. José de Arimatéia fundou sua congregação em Glastonbury. No
lugar onde teria edificado sua igreja com barro e palha. Atualmente ainda
encontram-se as ruínas de uma abadia construída muito posteriormente. A mesma
onde se diz estarem enterrados os corpos do rei Arthur e de sua esposa Guinevere
e onde estaria também o Santo Graal.
Vitroux de José de
Arimatéia portando duas galetas A estreita ligação entre José de Arimatéia e
Jesus está relatada no livro “A Linhagem do Santo Graal” de Laurence Gardner
quando escreve:
“Enquanto isso
sabemos que Jesus era o herdeiro do trono de Davi. O título patriarcal de José
se aplicava ao sucessor imediato e, nesse sentido, com Jesus considerado o
herdeiro, então seu irmão mais velho, Tiago, era o José designado. Assim, José
de Arimatéia emerge como o próprio Tiago, irmão de Jesus. Não é nenhuma
surpresa, portanto, que Jesus tenha sido sepultado num sepulcro que pertencia à
sua família real. Tampouco é surpresa que Pilatos deixasse o irmão de Jesus
cuidar de tudo ou que as mulheres da família de Jesus aceitassem os planos
feitos por José (Tiago), sem questioná-los.”
O mesmo Laurence
Gardner em seu livro “O Legado de Madalena” nos informa:
“Enquanto
na Britânia, o projeto de José de Arimatéia era mantido na tradição apostólica
por um círculo fechado de 12 eremitas (devotos). Se um morresse, ele seria
substituído por outro. Esses monges eremitas irlandeses foram citados como os
“Irmãos de Alain”, que era um de seus nomes. Portanto, eles eram filhos
simbólicos de Bran (o pai da Velha Igreja, em oposição ao mais recente título de
“Papa” em Roma – por esse motivo, Alain é às vezes incluído nas listas das
famílias como o filho de Bran). Entretanto, depois da morte de José de
Arimatéia, em 82 d.C., o grupo desintegrou-se – principalmente porque, naquela
época, a invasão romana e o controle tinham mudado para sempre a personalidade
da Inglaterra.Consta na “História da Igreja” de Cressy (que
incorpora os registros do mosteiro de Glastonbury) afirma que Tiago, o Justo
irmão de Jesus, também conhecido como José de Arimatéia (ha Rama Theo)
morreu em 27 de julho de 82 d.C., após ter sido formalmente excomungado em
Jerusalém, vinte anos antes.
O dia
consagrado a José de Arimatéia onde se processam os seus festejos é 17 de
março.
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