sábado, 9 de janeiro de 2016

ÚLTIMAS MENSAGENS POSTADAS 09 01 2016

O EVANGELHO DE MARIA, MÃE DO SENHOR JESUS CRISTO

Abertura do evangelho
O texto é escrito em copta, uma língua egípcia que faz uso do alfabeto grego

Um livro de 1.500 anos de idade que contém um evangelho até então desconhecido foi encontrado e decifrado por Anne Marie Luijendijk, professora de religião na Universidade de Princeton, nos EUA.
De acordo com sua pesquisa, esse antigo manuscrito pode ter sido usado para fornecer orientação ou incentivo para pessoas procurando ajuda para seus problemas.

Os evangelhos são um gênero de literatura do cristianismo primitivo que contam a vida de Jesus, a fim de preservar seus ensinamentos ou revelar aspectos da natureza de Deus.

Mas esse evangelho recém-descoberto é como nenhum outro. “Quando comecei a decifrar o manuscrito e encontrei a palavra ‘evangelho’ na linha de abertura, eu esperava ler uma narrativa sobre a vida e morte de Jesus como os evangelhos canônicos, ou uma coleção de ditos semelhante ao Evangelho de Tomé (um texto não canônico)”, conta Luijendijk.
O que ela encontrou em vez disso foi uma série de 37 oráculos, escritos de forma vaga, sendo que apenas alguns mencionam Jesus.
Escrito em copta, uma língua egípcia, a abertura do livro lê (em tradução aproximada): “O Evangelho da Sorte de Maria, a mãe do Senhor Jesus Cristo, a quem Gabriel Arcanjo trouxe a boa notícia. O que avançar com todo o seu coração vai obter o que procura. Só não seja de duas mentes”.

O nome traduzido em inglês do evangelho é “The Gospel of the lots of Mary”. No mundo antigo, um tipo especial de livro, às vezes chamado de “lot book” (que pode ser traduzido como “livro da sorte”, uma vez que a palavra inglesa “lot” possui significados como “sorte”, “sina” e “destino”) era usado para tentar prever o futuro de uma pessoa. Luijendijk diz que este é uma espécie de livro da sorte, o único de que ela tem conhecimento que se chama de “evangelho”.
“O fato de que este livro é chamado dessa forma é muito significativo”, disse Luijendijk. “Para mim, indica que tinha algo a ver com a maneira com que as pessoas o consultavam, e também com ser visto como uma boa notícia [evangelho ou “gospel” significa literalmente boa notícia]”, explica. “Ninguém que quer saber o futuro quer ouvir más notícias”.

Embora as pessoas hoje associem a palavra “evangelho” com um texto que fala sobre a vida de Jesus, as pessoas nos tempos antigos podem ter tido uma perspectiva diferente. “O fato de que este não é um evangelho no sentido tradicional dá motivo para estudarmos a recepção e uso do termo na Antiguidade Tardia”.

Luijendijk crê que o texto foi usado para adivinhação. Uma pessoa querendo uma resposta para certa pergunta poderia procurar o proprietário deste livro e passar por um processo que iria selecionar aleatoriamente um dos 37 oráculos para ajudá-la a encontrar uma solução para seu problema. O dono do livro poderia ser uma espécie de adivinho, ajudando a interpretar os oráculos escritos.

Ou, alternativamente, o livro poderia ter sido possuído por alguém que, quando confrontado com uma pergunta, simplesmente abria um oráculo aleatoriamente para buscar uma resposta.

Os 37 oráculos são todos escritos vagamente. Por exemplo, o sete diz: “Você sabe, ser humano, que você fez o seu melhor novamente. Você não ganha nada a não ser perda, disputa e guerra. Mas, se você for um pouco paciente, a situação vai prosperar através do Deus de Abraão, Isaque e Jacó”.

Outro exemplo é o oráculo 34, onde se lê: “Vá em frente imediatamente. Isso é uma coisa de Deus. Você sabe disso, eis que por muitos dias vem sofrendo muito. Mas isso não é de nenhum interesse para você, porque você chegou ao refúgio da vitória”.
Uma imagem do 25º oráculo do evangelho, que se traduz como: “Vá, faça seus votos. E o que você prometeu, cumpra imediatamente. Não seja de duas mentes, porque Deus é misericordioso. É ele que vai trazer o seu pedido para você e acabar com a aflição em seu coração”.

Ao longo do livro, o texto refere-se a dificuldades, sofrimento e violência e, ocasionalmente, encontra-se uma ameaça. Em geral, no entanto, uma solução positiva prevalece. Um exemplo que ilustra essa perspectiva positiva do livro é o oráculo 24, onde se lê: “Pare de ser de duas mentes, humano, não importa se essa coisa vai acontecer ou não. Sim, vai acontecer! Seja corajoso e não seja de duas mentes. Porque vai ficar com você por muito tempo e você receberá alegria e felicidade”.

O texto é propriedade do Museu Sackler da Universidade de Harvard (EUA). Chegou ali em 1984 das mãos de Beatrice Kelekian, que o doou em memória de seu marido, Charles Dikran Kelekian. O pai de Charles, Dikran Kelekian (1868-1951), foi um comerciante influente de antiguidades coptas.

Não se sabe de onde a família Kelekian obteve o evangelho, no entanto. Luijendijk não encontrou nenhuma informação sobre o local do livro ou quando foi adquirido.
O evangelho, que remonta cerca de 1.500 anos, ainda tem seu revestimento de couro original

É possível que, nos tempos antigos, tenha sido usado por um adivinho no Santuário de São Colluthus, no Egito. Nesse templo, arqueólogos já encontraram textos com perguntas escritas, o que indica que o local era usado para adivinhação.

Uma característica interessante do livro é seu tamanho pequeno. As páginas medem menos de 75 milímetros de altura e 2,7 polegadas. O livro cabe na palma da mão, o que significa que era portátil e, se necessário, fácil de esconder. Luijendijk observa que alguns líderes da igreja primitiva tinham uma visão negativa da adivinhação, e a condenavam.

Independentemente do motivo pelo qual seus criadores fizeram o texto tão pequeno, o livro foi muito utilizado, com impressões digitais antigas ainda visíveis nas margens. “O manuscrito foi claramente muito manuseado”, disse Luijendijk. 

LiveScience

AS ORIGENS DO "EVANGELHO DA ESPOSA DE JESUS" COMEÇAM A SURGIR


Lembra do “Evangelho da Esposa de Jesus”, um papiro controverso que sugere que Jesus era casado com Maria Madalena?

Novas pesquisas sobre a tinta do documento parecem apontar para a possibilidade de que ele seja autêntico. Porém, os resultados ainda não foram publicados e a origem do papiro continua sendo questionada.


Papel
O debate sobre a credibilidade do “evangelho” se iniciou logo que a professora da Universidade de Harvard Karen King relatou sua descoberta, em setembro de 2012.
Escrito em copta (língua egípcia antiga), o fragmento de papiro contém uma linha que lê: “Disse-lhes Jesus: ‘Minha esposa…’”. Também se refere a uma “Maria”, possivelmente Maria Madalena.

King provisoriamente datou o papiro do século IV, sugerindo que poderia ser uma cópia de um evangelho escrito no século II em grego.


Uma análise do papel, detalhada no ano passado na revista Harvard Theological Review, sugeriu que ele tinha cerca de 1.200 anos (em algum lugar entre o sexto e nono séculos). Enquanto a tinta também podia ser dessa época, uma pesquisa para datá-la com mais precisão ainda está sendo feita.


Tinta
Em relação ao ano passado, muitos estudiosos chegaram à conclusão de que o papiro é uma falsificação.

Para tentar pôr fim à polemica, pesquisadores da Universidade de Columbia estão executando novos testes na tinta. As medições iniciais publicadas pela equipe em 2014 indicaram que ela poderia ter sido feita em tempos antigos. A nova descoberta, mais definitiva, pode fornecer mais apoio para a sua autenticidade. No entanto, os cientistas não vão comentá-la antes da publicação dos resultados.


Da onde veio?
O atual proprietário do papiro insiste em permanecer anônimo. Ele alega que comprou o Evangelho da Esposa de Jesus, juntamente com outros textos cópticos, em 1999 de um homem chamado Hans-Ulrich Laukamp. Este, por sua vez, adquiriu o mesmo em Potsdam, no que era a Alemanha Oriental, em 1963.

Laukamp morreu em 2002, e a afirmação de que ele possuía o texto tem sido fortemente contestada. Rene Ernest, o homem a quem Laukamp e sua esposa Helga incumbiram de representar sua propriedade, disse que Laukamp não tinha interesse em antiguidades e vivia em Berlim Ocidental em 1963. Por isso, não poderia ter cruzado o muro de Berlim à Potsdam.


Axel Herzsprung, parceiro de negócios de Laukamp, também disse que ele nunca teve interesse em antiguidades ou possuiu um papiro. Laukamp não tem filhos ou parentes vivos que poderiam verificar estas alegações.


Assinatura
A questão da origem poderia levar ao questionamento da autenticidade do papiro. Por isso, os pesquisadores estão buscando informações que confirmem a procedência do documento.

King relatou em um artigo de 2014 na Harvard Theological Review que o proprietário anônimo “forneceu-me com uma fotocópia de um contrato para a venda de ‘6 fragmentos de papiro em copta’”, sendo que um acreditava-se ser um Evangelho. O contrato inclui o nome de Hans-Ulrich Laukamp e a data: 12 de novembro de 1999. Também contém a assinatura de ambas as partes.


Bancos de dados públicos possuem sete assinaturas de Laukamp entre 1997 e 2001 em cinco documentos autenticados. Essas assinaturas podem ser usadas para comparação com o registo da venda do Evangelho. Análise de caligrafia forense não é sempre conclusiva, mas já foi empregada para determinar se assinaturas feitas em documentos ou obras de arte são autênticas ou falsificadas.


Se for concluído que Laukamp nunca possuiu o papiro e que o proprietário anônimo não disse a verdade, então o lado da balança penderia para a falsificação.


Mais dúvidas
Ano passado, Christian Askeland, do Instituto de Pesquisa Bíblica Septuaginta em Wuppertal, Alemanha, analisou um segundo papiro copta contendo parte do Evangelho de João, que o proprietário anônimo do Evangelho da Esposa de Jesus também tinha cedido a Harvard. Este texto também foi supostamente comprado de Laukamp e testes de radiocarbono disseram que remontava cerca de 1.200 anos.

O segundo papiro foi escrito em um dialeto copta chamado Lycopolitan, extinto cerca de 1.500 anos atrás. Askeland concluiu que ele era uma imitação e, por compartilhar características com o Evangelho da Esposa de Jesus, Askeland sugeriu que ambos eram falsos. King não concordou com esta conclusão, observando que o fragmento de João poderia ter sido copiado em tempos antigos, muito tempo depois que o Lycopolitan foi extinto.


Além disso, James Yardley, pesquisador da Universidade de Columbia, disse que novos testes confirmam que o Evangelho da Esposa de Jesus contém tinta diferente do que o papiro do Evangelho de João. Isso poderia minar o argumento de Askeland que os dois papiros foram escritos pela mesma pessoa.


Um número de estudiosos ainda nota que a escrita copta no Evangelho da Esposa de Jesus é muito semelhante a um outro texto cristão chamado “Evangelho de Tomé”, incluindo até um erro de digitação moderna feito em uma edição de 2002. O erro indicaria que falsificadores copiaram este texto moderno. King contestou esta afirmação em 2014, dizendo que mesmo antigos escribas cometiam erros gramaticais semelhantes ao erro de digitação moderna. 


LiveScience

ENCONTRADO PAPIRO COM TEXTO SOBRE A ÚLTIMA CEIA


Pesquisadores descobriram um fragmento de papiro grego de 1.500 anos com escrita que se refere à Última Ceia e ao “maná do céu” (maná, segundo o livro bíblico de Êxodo, é um alimento produzido milagrosamente e fornecido por Deus ao povo israelita). Eles acreditam que esse papiro é um dos mais antigos amuletos cristãos.
O fragmento foi provavelmente dobrado e usado dentro de um medalhão ou pingente como uma espécie de talismã para proteção.

Roberta Mazza, que encontrou o papiro pesquisando milhares deles mantidos no cofre da biblioteca do Instituto de Pesquisa John Rylands da Universidade de Manchester, no Reino Unido, disse: “Esta é uma descoberta importante e inesperada, pois é um dos primeiros documentos registrados de uso da magia no contexto cristão e o mais antigo amuleto encontrado que se refere à Eucaristia – a Última Ceia – como o maná do Antigo Testamento”.

O papiro

O texto do papiro é uma mistura de trechos do Salmo 78: 23-24 e Mateus 26: 28-30, entre outros.
Como cristãos usam até hoje passagens da Bíblia como amuletos de proteção, a descoberta desse fragmento pode marcar o início de uma tendência importante no cristianismo.
O texto diz (tradução literal para o português, que pode ser diferente do texto encontrado nas versões da Bíblia):
“Temam todos aquele que governa sobre a terra.
Saiba você as nações e povos que Cristo é o nosso Deus.
Pois ele falou e eles vieram a ser, ele mandou, e logo foram criados; ele pôs tudo sob os nossos pés e nos libertou do desejo de nossos inimigos.
Nosso Deus preparou uma mesa no deserto sagrado para o povo e deu o maná da nova aliança para comer, o corpo imortal do Senhor e o sangue de Cristo derramado por nós na remissão dos pecados.”
Segundo Mazza, as pessoas da época acreditavam que tais passagens tinham poderes mágicos. Apoiando essa ideia, vincos podem ser vistos no fragmento, sugerindo que o papiro foi dobrado em um formato retangular medindo 3 por 10,5 centímetros e ou colocado em uma caixa ou usado ao redor do pescoço de uma pessoa.

Contexto histórico

O amuleto foi escrito no verso de um recibo que parece ser do pagamento de um imposto sobre grãos.

O texto do recibo, quase ilegível, refere-se a um coletor de impostos da vila de Tertembuthis, localizada na zona rural de Hermoupolis, uma antiga cidade que é hoje a cidade egípcia de El-Ashmunein.

O texto diz que o recebimento foi lançado na aldeia de Tertembuthis. Portanto, podemos razoavelmente crer que a pessoa que reutilizou o recibo para escrever o amuleto era dessa mesma aldeia ou região próxima, embora não possamos excluir outras hipóteses”, afirma Mazza. Análise por datação de carbono concluiu que o fragmento é de 574 a 660 dC.

Enquanto o criador do amuleto conhecia a Bíblia, ele ou ela fez muitos erros. “Algumas palavras estão com erros ortográficos e outras estão na ordem errada”, disse Mazza. “Isso sugere que a pessoa estava escrevendo de cabeça, em vez de estar copiando”.
A descoberta revela que os cristãos adotaram uma prática egípcia de usar talismãs para afastar o perigo.


“Esta prática não é muito diferente da de hoje de usar colares com cruzes ou imagens de Jesus, Maria ou dos santos para proteção”, argumenta Mazza. “Em muitas igrejas católicas, os crentes recebem santinhos com uma oração no verso que podem levar consigo para proteção”. 

LiveScience

JESUS CRISTO TERIA CELEBRADO A SANTA CEIA COM PÔNCIO PILATOS


Decifrado recentemente, um texto egípcio de 1,2 mil anos conta que Jesus teria celebrado a Santa Ceia com Pôncio Pilatos (o juiz que autorizou sua crucificação, de acordo com os Evangelhos Canônicos), numa terça-feira e não numa quinta, e que Jesus era capaz de mudar sua aparência (uma explicação para a maneira que Judas teria usado para ajudar soldados romanos a identificá-lo na hora da prisão).

De acordo com o pesquisador Roelof van den Broek, que publicou a tradução em seu livro “Pseudo-Cyril of Jerusalem on the Life and the Passion of Christ” (“Pseudo Cirilo de Jerusalém sobre a Vida e a Paixão de Cristo”], sem edição no Brasil), é importante ressaltar que, embora a existência do relato não possa garantir que as coisas ocorreram dessa maneira, poderia haver pessoas na época que acreditavam nele.

Há pelo menos duas cópias do texto, escrito na linguagem copta (do povo egípcio do período helenístico e do período sob dominação romana): um na Biblioteca e Museu Morgan em Nova York e outro no Museu da Universidade da Pensilvânia (ambos nos EUA). Boa parte da tradução foi feita a partir da cópia que se encontra em Nova York, mais conservada.

“Sem maior tumulto, Pilatos preparou a mesa e comeu com Jesus no quinto dia da semana. E Jesus abençoou Pilatos e toda a sua casa (…) [depois, Pilatos disse a Jesus] bem, observe, a noite chegou, levante-se e bata em retirada, e quando a manhã chegar e eles me acusarem por sua causa, eu devo dar a eles o único filho que tenho para que eles possam matá-lo em seu lugar”.

De acordo com o texto, Jesus teria agradecido a Pilatos por sua boa vontade, mas recusado a oferta e mostrado que, se desejasse, poderia escapar de outras formas, desaparecendo em seguida.

Van den Broek lembra que, na Igreja Copta e em igrejas da Etiópia, Pilatos é considerado um santo, e isso explicaria o retrato mais amigável que ele recebeu nesse e em outros textos.

“Então os judeus disseram a Judas: como vamos prendê-lo [Jesus], pois ele não tem uma única forma, sua aparência muda. Às vezes ele é corado, às vezes ele é branco, às vezes ele é vermelho, às vezes ele tem cor de trigo, às vezes ele é pálido como um asceta, às vezes ele é um jovem, às vezes um velho…”

Se Jesus era capaz de mudar radicalmente de aparência, uma simples descrição física não bastaria para que os guardas romanos o identificassem, o que teria motivado Judas a escolher um sinal (um beijo no rosto, de acordo com os Evangelhos Canônicos).

Embora muitos leitores possam ter achado a ideia curiosa, ela é ainda mais antiga do que o texto egípcio. “Essa explicação do beijo de Judas foi encontrada primeiro em Orígenes [um teólogo que viveu de 185 a 254]”, explica o pesquisador. Na obra Contra Celsum, Orígenes escreveu que “para aqueles que o viam, [Jesus] não aparecia da mesma forma para todos”.

O autor do texto assina como São Cirilo de Jerusalém, um santo que viveu no Século 4 – da mesma forma que ocorre com diversos outros textos antigos, segundo van den Broek. Além disso, o autor alega que teria encontrado em Jerusalém (atualmente no território de Israel) um livro com relatos feitos pelos apóstolos sobre a vida e a morte de Jesus.

Van den Broek considera que essa alegação seria um recurso para “aumentar a credibilidade das visões peculiares e dos fatos não canônicos que ele vai apresentar, atribuindo-os a uma fonte apostólica”, estratégia que seria encontrada “frequentemente” na literatura copta.

Outro aspecto intrigante do texto é o fato de ele apontar que a “Última Ceia” teria ocorrido com Pilatos e, além disso, em um dia da semana diferente do que é celebrado há quase dois mil anos. “[…] É fora do comum que Pseudo-Cirilo relate a história da prisão de Jesus na noite de terça-feira, como se a história canônica de sua prisão na noite de quinta não existisse”, diz van den Broek.

Van den Broek explicou que “no Egito, a Bíblia já havia se tornado canônica no quarto/quinto século, mas histórias apócrifas e livros permaneceram populares entre cristão egípcios, especialmente entre monges”.

LiveScience

EVANGELHO PERDIDO A MULHER E OS FILHOS DE JESUS

Jesus Cristo
pintado por Rembrandt

De acordo com os cristãos, Jesus Cristo tem duas naturezas, a divina – ele seria o verdadeiro Deus – e humana. Como um de nós, foi filho de Maria e José, seu pai adotivo, e parente de Tiago, José, Judas e Simão. Essas eram as pessoas mais próximas a ele. Havia, porém, uma outra figura muito presente no círculo íntimo desse homem: Maria Madalena. Ela o seguia e aos apóstolos, como discípula que colaborava nas tarefas domésticas. Chamada de Apóstola dos Apóstolos por ter anunciado a ressurreição de Cristo, Maria Madalena desempenhou um papel de liderança na Igreja primitiva. A porção divina de Jesus é sepultada no livro “O Evangelho Perdido – decodificando o Texto Sagrado, que narra sua vida de casado e pai de dois filhos. Lançado na quarta-feira 12, na Inglaterra, a obra é baseada em uma interpretação feita pelo cineasta especialista em investigações arqueológicas Simcha Jacobovici e por Barrie Wilson, professor de estudos da religião da Universidade de York, no Canadá, de um manuscrito datado do século VI que foi traduzido de um documento, provavelmente escrito no primeiro século. Nessa obra, descrita pela editora que a publica como uma “história de detetive histórica”, a dupla de escritores defende que Jesus ficou noivo, se casou, teve relações sexuais e dois filhos, Efraim e Manasses, com Maria Madalena. E vai mais longe. Mais do que íntima, a seguidora de Cristo é praticamente alçada ao púlpito cristão. “Maria Madalena não era apenas a senhora Jesus. Na verdade, ela era uma deusa. Ele é o filho de Deus e ela é filha Dele também”, diz Jacobovici, para quem “O Evangelho Perdido” é o primeiro livro a fazer uso de uma fonte escrita real a mostrar que Jesus e Maria Madalena foram casados e tiveram filhos.
Os autores Simcha Jacobovici e Barrie Wilson
a própria editora intitula a obra como "história de detetive histórica"

O Evangelho Perdido é a bola da vez e tem sido criticado não só pela Igreja Católica, mas por arqueólogos e especialistas em exegese bíblica. O manuscrito que se serviu de base para o livro não menciona os nomes de Jesus e Maria Madalena, mas a história do casal José e Asseneth. Sobre esse fato, Jacobovici argumenta que por causa de traduções da obra para o grego e latim, no século 12, “sutilezas” foram perdidas e, agora, ao analisar o original em siríaco conseguiu decodificar a “mensagem escondida”: José estaria para Jesus como Asseneth para Maria Madalena. “Afirmar que José e Asseneth são representações veladas do casal Jesus e Maria Madalena requer muita imaginação que, certamente, não falta ao cineasta Jacobovici”, diz o arqueólogo Jorge Fabbro, da pós-graduação em arqueologia do Oriente Médio Antigo da Universidade de Santo Amaro (Unisa).

Não é de hoje que Jacobovici é criticado por pesquisadores de história antiga pelo tom sensacionalista com que trabalha. Em 2007, ele revelou ter descoberto o túmulo onde Jesus Cristo teria sido sepultado. Até hoje, porém, não respondeu a questões da comunidade acadêmica que comprovem o achado. Em O Evangelho Perdido, ainda que haja alguma evidência de que o conto seja uma metáfora para falar de Jesus, sua esposa e filhos, o máximo que isso prova, na visão do arqueólogo Fabbro, é que, no século VI, havia uma pessoa que acreditava que Jesus havia se casado e tido filhos, mas não que isso tenha de fato ocorrido. Especialista em sagrada escritura, o cônego Celso Pedro da Silva também aponta para uma confusão entre evidência de crença com evidência de fato. “Descobertas de papiros ou pergaminhos, ou outro material, datáveis dos primeiros séculos, não significam que o conteúdo deles seja verdade”, diz ele, que é pároco da igreja Santa Rita de Cássia, no Pari, em São Paulo. “Jesus foi celibatário a vida inteira e não se casou com ninguém. Maria Madalena amava a Jesus, mas não no sentido de casar e ter filhos com ele.” Para André Chevitarese, professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a única importância do Evangelho Perdido é dar voz às mulheres. “Escritos como esse vão contra o fato de só o homem ser a referência e tentam colocá-las no púlpito da Igreja.”


 Revista Isto É  N° Edição:  2347 |  14.Nov.14 - 15:00 |  Atualizado em 09.Jan.16 - 16:34