segunda-feira, 31 de maio de 2010

SIGNO DE JESUS CRISTO

O artigo, cuja tradução em português se vai ler, é de autoria do senhor Frederick Bligh Bond, antigo redator de The Journal of the American Society for Psychical Research e pessoa mundialmente conhecida, não necessitando, pois, apresentação. É de se informar também que The Journal era uma publicação científica nada espetaculosa. O artigo do senhor Bligh Bond refere-se a um escrito automático ditado por Felipe, um dos discípulos de Jesus Cristo, dando as posições planetárias exatas no instante do nascimento do Mestre, permitindo, pela primeira vez, uma determinação de data e hora. Os detalhes fornecidos pelo desencarnado foram formalmente verificados pela astrologia científica.

Salientamos que The Journal era órgão nada espetaculoso pelo seguinte: há, no escrito de Felipe, um detalhe curiosíssimo, quando ele afirma que o nascimento de Jesus, em Belém, foi no verão e não no inverno. O 25 de dezembro, como data do nascimento dele, era desconhecido nos três primeiros séculos de nossa era. Esta data foi oficialmente aceita, pela primeira vez, em 353, sob o reinado do imperador Constantino.

Diz-se que dezembro é a época das chuvas na Palestina, e que a escolha do dia 25 de dezembro para o Natal e o ano que nós empregamos no calendário foi fixado por um astrônomo russo em 534, depois de Jesus Cristo e que este dia é a primeira data que a observação pôde determinar como sendo a volta do Sol depois do solstício do inverno. Quanto às últimas palavras do autor, reproduzimo-las aqui

Certos detalhes dos ciclos planetários são conhecidos dos astrônomos e estes não se encontram em nenhum livro de uso corrente, salvo talvez entre os cultuadores modernos da astrologia, que, por seus próprios estudos, podem atribuir-lhes um significado especial.

A revelação de um fato astronômico detalhado, absolutamente desconhecido e incognoscível à médium receptora, mas que foi verificado mais tarde por um astrônomo profissional, pode muito bem ser considerado uma revelação de origem supranormal ou indicar a posse de uma faculdade psíquica como meio de informação extra-terrestre. Atribuir tal fato à coincidência é uma explicação não mais sustentável.

O incidente que desejo pôr em evidência possui um interesse todo especial em razão de suas relações históricas, sobretudo do ponto de vista de uma exegese da própria Bíblia. E relativa à questão da natividade de Jesus e poderá servir para determinar esse ponto controverso: em qual data deve começar a Era Cristã.

Durante os anos de 1924 e 1925, empreendi uma série de sessões, por meio da escrita automática, com a médium senhora Hester Dowden, que tinham como finalidade pesquisas arqueológicas, pois nosso grande desejo era obter uma informação precisa quanto à fundação da região sagrada de Glastenbury, na Inglaterra, e localizar ali edifícios construídos em tempos imemoriais. Mas, como sói acontecer tantas vezes em trabalhos dessa espécie, as comunicações tomaram um caminho novo e inesperado.

Achamo-nos afastados do período medieval, sendo colocados em contato com as condições dessa idade nebulosa na ocasião em que se estabeleceu a primeira missão apostólica na Grã-Bretanha, período em que a tradição e a lenda são os únicos guias, pois esse tempo recuado não possui história.

O espírito comunicante, que se dizia ser um jovem grego chamado Felipe, informou-nos que foi membro de um grupo de doze missionários contemporâneos de Jesus, que fundou a primeira igreja cristã da Grã-Bretanha, em Avalon [Glastenbury]. Esse grupo estava sob a direção paternal de José de Arimatéia e seu estabelecimento em Glastenbury se deu cerca de quarenta e sete anos depois de Jesus Cristo.

De acordo com uma lenda muito espalhada, conta-se que o apóstolo Felipe visitou a Grã-Bretanha e foi quem evangelizou a ilha, porém, o nosso informante declarou firmemente que não tinha direito algum de ser chamado apóstolo e, finalmente, nos informou que ele era o jovem diácono mencionado nos Atos dos Apóstolos como um dos sete escolhidos para o serviço das mesas sacramentais. As comunicações que se seguiram formam um jornal de viagens missionárias de Felipe e constituirá um livro de grande interesse, sendo de narração alegre e de um estilo vivo e colorido.

Para o fim do ditado desse jornal e pela pena da médium psicógrafa, o espírito comunicante nos perguntou: "Quereis aceitar o meu ditado do Evangelho, que eu tinha escrito na Samaria, atualmente perdido, pois que o manuscrito foi queimado em Atenas, durante aqueles anos cheios de perturbação?" Era eu quem devia decidir e desnecessário dizer que achei útil e interessante consagrar um tempo suficiente para receber a versão de seu Evangelho. Pouco tempo depois recebia, em sessões sucessivas, um Evangelho completo [Esse Evangelho foi publicado com o texto completo por The Publish Co., de New York, EUA].

Nele, há uma narração, feita por Felipe, dos acontecimentos relativos à natividade de Jesus Cristo, que lhe foram contados por outra pessoa. O próprio Felipe não era então nascido, tendo apenas 17 anos por ocasião da crucificação. Nesse artigo, só me ocupo da versão dada por Felipe com relação à natividade. Ele fala de uma grande estrela errante que foi seu arauto. Insiste no fato de que não é preciso fazer confusão entre essa estrela errante e a verdadeira constelação ou agrupamento de planetas no signo zodiacal em acordo com a realização das profecias de Davi. "Esse agrupamento de planetas", disse ele, "tinha sido calculado e, desse modo, sábios e profetas aguardavam impacientemente o momento indicado".

Neste ponto, a narração de Felipe toma maior interesse. Afirma ele que o nascimento de Jesus, em Belém, se deu no verão e não no inverno, e compreendemos que o ano era anterior à data correntemente empregada. Com meticuloso cuidado, nosso comunicante descreveu a forma da constelação como a de uma cruz, cujo pilar central era formado por três planetas em linha vertical: a Lua no alto, Marte ao meio e Vênus embaixo. Esses três corpos celestes se encontram no signo de Caranguejo [Câncer], cujas estrelas principais formavam os dois braços de uma cruz.

O signo de Câncer, disse ele, era visível antes dalva para o Leste, acima de Jerusalém, e a configuração era exata uma hora antes da alvorada. Pelas mãos da senhora Dowden, a médium escrevente, Felipe desenhou a configuração, indicando os pontos principais. Em 24 de novembro de 1924, a mesma entidade comunicante escrevia: "As estrelas visíveis, naquela ocasião, eram cinco e este número formava a constelação. A hora era a do Caranguejo. Achareis as estrelas como as desenhei, mas não tão exatamente, pois agora estão um pouco mais afastadas umas das outras".

Eu ignorava totalmente o agrupamento das estrelas do signo de Câncer e foi com certo espanto que verifiquei que este signo estava no céu, a leste, pela manhã, durante o período do ano indicado por Felipe. Pesquisando em um grande planisfério, achei os dois grupos de estrelas no Câncer, quase nas mesmas posições em que Felipe as desenhara. E preciso notar que, nessa constelação, o grupo de estrelas à direita ou sobre o braço sul da cruz é o mais importante: era aquele outrora chamado "Presépio" ou "Creche" pelos romanos.

Este fato curioso foi comentado por Felipe da seguinte maneira: "Na verdade foi isso que se escreveu a propósito do nascimento de Jesus. Compreendeis que todos os grandes acontecimentos do mundo estão escritos no céu. Assim, o nascimento na creche estava escrito no céu por ocasião do nascimento de Jesus".

Segundo indicações dadas por Felipe, a hora do nascimento foi aquela em cujo momento a Lua formava exatamente uma linha reta com Marte e Vênus, estando o primeiro entre os dois agrupamentos de estrelas de Câncer. Os elementos determinantes na narração de Felipe, considerados friamente, do ponto de vista da ciência astronômica, são os seguintes:

Indicou-nos o signo zodiacal ascendente, apropriado ao período de ano do qual me falou, e isto para um ano bastante perto daquele historicamente aceito.

Indicou-nos as posições da Lua e de Vênus na justa proporção dos seus movimentos naquela época.

Deu-nos detalhes precisos e inteiramente extraordinários quanto às posições das estrelas do signo de Câncer, inteiramente desconhecidos para nós, porém mais tarde verificados. Muito tempo depois do recebimento deste ditado, encontramos dificuldades para determinar as datas aproximativas às quais uma tal configuração teria podido apresentar-se durante alguns anos anteriores a 1d.C. Não tínhamos competência alguma em Astronomia e não podíamos mesmo saber se era possível que esses planetas estivessem em linha reta durante o dito ano.

A questão era muito complexa e não podia ser resolvida senão por pesquisas e cálculos especiais e a decisão final não podia ser dada senão por um sábia competência do mundo astronômico. Também não estamos em posição de afirmar que o nosso informante extraterrestre tivesse podido transmitir tudo o que nos quisesse dizer com bastante exatidão.

Mesmo considerando os ditados de Felipe com boa-fé e concedendo-lhes uma perfeita veracidade, é claro que a tarefa de transmitir detalhes de acontecimentos temporais deve ser extremamente difícil, ainda mais quando envolve questões de tempo. Esta dificuldade sói acontecer constantemente em experiências psíquicas e principalmente em se tratando de recordações de tempos imemoriais.

O acontecimento essencial fica na memória, mas as condições de tempo, lugar e circunstâncias atinentes desaparecem ou tornam-se de importância tão diminuta que não se pode recordar delas com precisão. Grande foi nossa satisfação quando um amigo, um dos maiores astrônomos da América do Norte, aceitou o encargo de fazer pesquisas especiais baseadas na narração de Felipe e controlar todos os detalhes do seu traçado. Pesquisou e, ainda que o astrônomo tenha preferido ficar incógnito, ele nos enviou suas conclusões por escrito.

Podemos dar um sumário de tais conclusões da seguinte maneira: A configuração indicada no escrito de Felipe teve lugar em 27 de setembro de 67 a.C. (Este emprego de dois algarismo pode ocasionar confusão aos leitores que não estão ao corrente da cronologia. A Era Cristã começa em 1° de janeiro do 1 depois de Jesus Cristo e não houve ano 0 depois de Jesus Cristo. Os astrônomos contam o ano 0 antes de Jesus Cristo, porém, os cronologistas chamam esse ano de 1 antes de Jesus Cristo. Em uso geral, então, o ano dado acima, para o nascimento dele, foi o 7 antes de Jesus Cristo. Há poucos anos publicou o matutino carioca O Dia uma notícia, proveniente de Paris, sob o título de "Cientista britânico diz que Cristo nasceu 7 anos antes".

Esta combinação é cíclica e a tríplice conjunção pode ser feita uma vez todos os 31 anos e 4/10 em média, mas nem sempre com tamanha perfeição. Esta configuração ou constelação pode ser visível, de forma reconhecível, talvez uma centena de vezes depois de cada data. É interessante notar que ela teve lugar neste ano de 1932 e se achou de forma bastante perfeita na manhã de 29 de agosto.

O que nos interessa aqui principalmente é a verificação rigorosamente científica de detalhes que se revelaram, de maneira curiosa, precisos e tendo como origem a escrita automática. Deixamos aos nossos leitores a inteira liberdade de considerar os aspectos simbólicos ou interpretativos desta informação e verificar tudo acima, pois também não sou astrônomo.

Francisco K. Werneck
http://www.comunidadeespirita.com.br/

quarta-feira, 26 de maio de 2010

FESTIVAL DO CRISTO O FESTIVAL DA LUA CHEIA DE GÊMEOS

Nota-Chave:
"Eu reconheço o meu outro eu e, ao minguar aquele,
Eu cresço e brilho"

Todos os anos, na época da Lua Cheia de Gêmeos, o amor de Deus, a essência espiritual do fogo solar, alcança o ponto de expressão mais elevado. Isto é viabilizado através da Hierarquia Espiritual do Planeta Terra , que atua como intermediária entre a casa do Pai e a Humanidade.

A Hierarquia Espiritual do Planeta Terra é a reunião daqueles, entre a humanidade, que triunfaram sobre a matéria, atingiram a meta do domínio sobre si mesmos pelo mesmo caminho que, atualmente, outras pessoas percorrem. Vivenciaram todas as experiências, superaram as dificuldades, uma a uma e, através delas, venceram. Nisto reside o seu direito de servir, a força e a realidade de sua relação com toda a humanidade que continua batalhando. Este grande grupo de almas sempre foi o guardião do princípio de luz, de amor iluminado e sempre, ao longo dos tempos, centraliza a sua atenção na Humanidade quando a influência espiritual está no ponto mais elevado. Permeia a compreensão da vida grupal planetária, que inclui todas as etapas, desde o diminuto sentido da responsabilidade social do homem ou mulher que está dando os primeiros passos no caminho da maturidade espiritual, até a inclusiva compreensão do próprio Cristo.

O Festival da Lua Cheia de Gêmeos, o Festival do Cristo, é o terceiro dos três Festivais Espirituais Maiores. Segue-se ao Festival da Páscoa, o Festival do Cristo, em Áries e ao de Wesak, o Festival do Buda ou da Iluminação, em Touro. Conhecido por uma grande variedade de nomes, este Festival de Gêmeos é, essencialmente, o Festival do Cristo como representante da humanidade ante a presença de Deus. É o Festival da humanidade em busca da unificação e da compreensão de sua própria divindade e, como o reino humano, enquanto centro de distribuição de energias, está diretamente envolvido com a sua própria divindade, este festival é também conhecido como o Festival da Boa Vontade.

O Festival do Cristo é um Festival vivo do espírito da humanidade que aspira a Deus, buscando resposta à vontade de Deus e dedicado à expressão das corretas relações humanas. Fixado anualmente em relação à Lua Cheia de Gêmeos – a lua permanece por trás da Terra, completamente fora do caminho da potente corrente de energia que irradia do sol, o centro cardíaco simbólico deste sistema solar.

Durante dois mil anos, neste Festival, o Cristo tem representado a humanidade e permanecido perante a Hierarquia planetária e diante dos olhos de Shambala como o "Deus Homem", "o maior da grande família humana" sustentando uma relação consciente com a divindade, com a totalidade maior. Todos os anos, nesta época, repete o último sermão do Buda diante da Hierarquia reunida. Este Festival, de profundo apelo invocativo e de aspiração básica pela unidade humana e espiritual, representa o efeito na consciência humana do trabalho tanto do Buda como do Cristo.

As Forças de Reconstrução estão especialmente ativas durante o Festival de Gêmeos. Estas Forças, relacionadas com o aspecto vontade da divindade, são efetivas especialmente com relação às nações. O emprego que é feito destas energias impessoais depende da qualidade e da natureza da nação receptora, do seu grau de iluminação real e da sua capacidade de amar. É o significado por trás da idéia de meditação grupal, nesta “maré alta” de energia espiritual.  Estas energias podem aumentar este aspecto da vida nacional ou aumentar a potência dos objetivos de unidade mundial, paz e progresso. Estas energias construtivas e sintetizadoras deveriam ter como efeito a transformação da teoria da unidade em uma experiência prática, de maneira que as palavras “união” e “unidos” expresse verdadeira importância e sentido para todas as nações.

Atualmente, no âmbito da Assembléia Geral das Nações Unidas, lentamente está sendo gerada a vontade de unificação e de síntese, inspirada por estas energias. Em um crescente reconhecimento da inter-relação existente neste planeta, as Nações Unidas sustentam, diante dos "olhos dos homens", uma visão do Plano para a humanidade.

A vontade de sintetizar e a vontade para o bem estão se convertendo em influências cada vez mais eficientes, através da meditação grupal e individual, durante este período anual dos Festivais Maiores. À medida que aumenta a compreensão da importância destes Festivais, aumenta o trabalho de meditação realizado por todo o mundo. A meditação planetária, no signo de Gêmeos, celebra a total vitória da vida sobre a forma e do espírito sobre a matéria. Simbolicamente, este signo é o signo dos Gêmeos: a luz da personalidade e a luz da Alma. Mediante o estímulo da energia do amor e da sabedoria, a luz da personalidade se obscurece gradualmente, enquanto a luz da Alma se torna mais forte e brilhante, indicando, com o tempo, a vitória total da humanidade sobre as formas através das quais se expressa.

A idéia da dualidade, especialmente nos níveis mentais, acentua-se em Gêmeos, todos os anos. Esta dualidade se expressa em dois estágios: primeiro, o emprego da mente concreta como mediadora na personalidade, condicionando a vida da personalidade, analisando e distinguindo entre o ser e o não ser humano e enfatizando a consciência de "eu e você", assim como a da personalidade. Em segundo lugar, a mente iluminada transmite as mensagens entre a Alma e o cérebro, estabelecendo uma correta relação entre o ser inferior e o ser superior, a personalidade e a Alma. Há um terceiro aspecto que depois se torna um fator atuante na vida: a mente abstrata, que relaciona Alma e Espírito. A relação de personalidade e alma é substituída pela relação dual de Alma e Espírito. É o revelador do aspecto vida.

A relação e a síntese das dualidades produzem tensão, ação e reação, e esta condição de lutas e dificuldades que caracterizam a nossa vida planetária, mas que, à certa altura, produz o despertar da humanidade a uma plena consciência planetária. A meta de todo conflito é a harmonia, que é enfatizada no Festival do Cristo, mediante uma crescente percepção da relação entre alma e personalidade, entre mente e espírito, entre o material e o espiritual. A potência desta relação produz as mudanças necessárias à evolução da consciência Crística em qualquer ponto concreto do tempo e do espaço, e é sempre compatível com a extensão do pedido expresso. Esta força poderosa e evocadora está disponível durante a meditação, como resultado do alinhamento planetário e da receptividade extraplanetária, e pode ser contatada e transmitida em cooperação com a Hierarquia espiritual.

Devido a este singular alinhamento, este Festival do Cristo de precipitação e distribuição de energia é celebrado também como Dia Mundial da Invocação, durante o qual inúmeras pessoas utilizam a oração mundial, a “Grande Invocação” constante e continuamente, em vários idiomas e dialetos. Isto estabelece um campo de força invocativo e magnético que dirige, literalmente, as energias de luz, amor e vontade para-o bem diretamente à consciência da humanidade, impactando todos os corações sensíveis e todas as mentes abertas, produzindo efeitos planetários.

Esta invocação é o Mantra do próprio Cristo, o programa do Plano para a humanidade e uma fórmula de dirigir energias ao campo da percepção humana. É efetiva porque é empregada como uma fórmula de energia por todo o planeta, em todos os níveis de consciência humana e em toda a Hierarquia. À medida que são usadas, estas três energias básicas – LUZ, AMOR e VONTADE-PARA-O-BEM que estão corporificadas na Invocação fluem e se misturam com as forças de reconstrução e com todas as energias disponíveis através do Cristo, neste festival anual.

Qualificando e influenciando atitudes de mentes e corações no mundo inteiro, esta Invocação é uma poderosa nota-chave para a meditação, inspirando amor e ação construtiva. 

www.anjodeluz.com.br

segunda-feira, 24 de maio de 2010

HIEROFANTE JESUS CRISTO

Antes de fazer dois pequenos extratos da citada obra, vou dizer quem foi Roerich, de acordo com Ricardo Rojas, em seu prólogo: Conheço a extraordinária personalidade de Nicolau Roerich, sua inquieta vida de viajante de vários continentes, sua origem russa, sua aclimatação americana, sua obra de pintor, de pensador e de educador, que fazem dele uma das mais singulares figuras do mundo internacional contemporâneo. Para honrá-lo e para dar ao seu vigoroso espírito um instrumento de ação, erigiu-se em Nova York o magnífico Museu que leva o seu nome e que tem nas principais nações membros honorários, da estirpe de Bernard Shaw, na Inglaterra, de Zuloaga, na Espanha, e de Rabindranath Tagore, na India.

Isto dito e deixando aos leitores o trabalho de comparação, passo, sem comentários, aos seguintes e interessantes trechos do seu livro:

Em Srinagar, ouvimos pela primeira vez acerca da visita de Jesus Cristo ao lugar. Depois, vimos quão amplamente difundida na índia, no Ladak e na Ásia Central é a viagem de Jesus Cristo a esses países, durante sua larga ausência de que fala o Evangelho. Os muçulmanos de Srinagar nos contaram que o Jesus Cristo crucificado, ou Issa, como o chamam, não morreu na cruz, só desmaiou. Seus discípulos raptaram seu corpo, esconderam-no e o curaram.

Posteriormente levaram-no para Srinagar, onde doutrinou o povo e ali viveu. O túmulo do Mestre se acha nos alicerces de uma casa particular e se conta que existe lá uma inscrição dizendo que, naquele lugar, foi enterrado o filho de José. Narra-se que perto da sepultura se dão curas milagrosas e que o ar está saturado de aromas. Dessa forma os crentes de outras religiões desejam ter o Cristo consigo, (p. 26)

Este outro trecho concorda com o anterior e com a narrativa de Notovitch. Ei-lo: -Em Leh, encontramos novamente acerca da visita de Jesus Cristo a esses lugares. O chefe hindu dos correios de Leh e vários ladakis budistas nos contaram que nesta cidade, não longe do bazar, ainda existe uma lagoa na margem da qual se erguia uma velha árvore à cuja sombra Jesus Cristo pregou ao povo, antes de sua partida para a Palestina. Ouvimos também outra lenda de como quando jovem, chegou à índia em uma caravana de mercadores e como foi aprendendo a suma sabedoria dos Himalaias.

Ouvimos várias versões que se difundiu amplamente pelo Ladak, Sinkiang e Mongólia, mas todas concordam em um ponto: que, durante o tempo de sua ausência, Jesus Cristo esteve na índia e na Ásia. Não importa como e de onde proveio a lenda; talvez seja de origem nestoriana, mas notável é que a ela se referem com absoluta sinceridade, (pp. 31-2)

Aqui me detenho para passar a outra notícia concordante, mas de origem extra-humana, isto é, espiritual. Trecho do livro Herculanum, ditado pelo espírito do conde J. W. Rochester à médium Sra. W. Krijanowsky, na França, edição da Livraria da Federação Espírita Brasileira, 1935. Quem fala é o espírito do excenturião romano Quirinus Cornelius (anteriormente Allan Kardec, sacerdote, druida, depois João Huss, padre da Boêmia), em resposta à pergunta de Caius Lucilius (depois conde de Rochester, à própria entidade comunicante):

Onde é que Jesus, de origem tão humilde, adquirira o grande saber e a eloquência com a qual escravizava os corações?A sua origem divina manifestou-se do berço, justamente por urna sabedoria que ultrapassava a sua idade e isso em todas as fases de sua vida. Entretanto, eis o que ouvi a respeito. Depois daquela conversa com o Mestre, tive o ensejo de, por intermédio de um dos discípulos, travar diálogo com um judeu rico e ardoroso adepto da nova doutrina, a propósito desta mesma pergunta que ora me fazes.

Pois bem, esse homem me contou que o Mestre, ainda criança, foi a Jerusalém durante a Páscoa, e, tendo por acaso se intrometido entre os doutores, a todos surpreendeu por suas dissertações e raciocínios, inconcebíveis na sua idade. Entre esses doutores, encontrava-se um velho rabino de Alexandria, abastado e sábio homem, que se interessou pelo menino precoce e veio a proporcionar-lhe, mais tarde, uma viagem àquela cidade, a fim de se instruir, viajou pela Índia e só regressou à Galileia dois ou três anos antes de começar a sua predicação.

Sendo, acima de tudo, muito discreto, nenhum dos seus discípulos conhecia os pormenores da sua vida nesse período que passou longe da pátria. Sua mãe, que não poderia ignorá-la, também se conservou muda a respeito. Esta narrativa, que concorda com as anteriores, também compartilha a idéia das que seguem.

II - Nota n° l, da obra La Sorcellerie dês Campagnées, de Charles Lancelin, autor de LOccultisme et Ia Science e La Vie Posthume.

Jesus Cristo foi um iniciado nos mistérios do Egito. encontro uma prova inegável disso em um erro de tradução, evidentemente proposital, que fizeram sucessivamente todos os tradutores oficiais do evangelho de Mateus, no versículo 46 do capítulo XXVII, deste autor, está assim: "E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: 'Eli, Eli, lamma sabachthani?; isto é, 'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?'".

Todos os manuscritos gregos transcrevem como seguem estas quatro palavras hebraicas: Eli, Eli, lamma sabachthanfl. Esta transcrição é unânime, pode-se, portanto, considerá-la absolutamente exata. Ela deve ser tanto mais exata por não apresentar nenhuma dificuldade e ser, por sua vez, substituída pelo hebraico em que, letra por letra, escreve-se (o hebreu não tem vogal) desta maneira: LI, LI, LHM ShBHh TbNI. Ora, a tradução desta frase não é "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?", mas ''Meu Deus, meu Deus, quanto me glorificais!".

Esta frase era precisamente (com a única diferença proveniente da adaptação da idéia a uma outra língua) a fórmula que terminava nos mistérios do Egito a prece de ação de graças do iniciado: numa palavra, ela era sacramental e fazia parte de ritos misteriosos. Vejo na tradução oficial um contra-senso proposital, porque as edições que contêm esta passagem não deixam de enviar o leitor ao Salmo XII (XXI de certas traduções), versículo I, que é: "Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! Por que me abandonastes?".

A tradução deste versículo do Salmo é, com efeito, exata, porém o texto é muito diferente do de Mateus; traz LI, LI LMHhZHThNi (ou acrescentando a transcrição dos pontos massoréticos: hazabattva-ní), fazendo o leitor observar que não se deve confundir o Hh do primeiro texto com o Hh do segundo, pois, no primeiro caso é um Hheth, aspiração gutural muito forte que o grego substituiu por Chi, quando no segundo texto é um Agin, outra aspiração muito forte. Para representar estes sons guturais das línguas semíticas, o alfabeto latino oferece uma só letra: o H, para as aspirações fracas e Hh para as aspirações fortes.

Ora, a que homem de bom senso pode-se fazer crer que, entre todos os hebraizantes oficiais que estudaram estes textos, não houvesse um só para fazer o simplicíssimo trabalho que acabo de apresentar ao leitor e, por conseguinte, desvendar o erro? Donde deriva ele? Simplesmente disto: na época em que o evangelho de Mateus foi traduzido para o grego, por São Jerônimo, esta fórmula ritual era conhecida pelos padres contemporâneos, pois ainda existia bom número de iniciados hierofantes. Dar a tradução exata seria classificar Jesus Cristo, "ipso facto", entre os iniciados do Egito.

Isto é tão verdadeiro que, embora tenha existido, ou ainda com certeza exista nas câmaras secretas da biblioteca do Vaticano, nunca nos apresentaram o texto original hebraico de Mateus, e que São Jerônimo, depois de se ter servido dele para firmar sua própria tradução (que, na realidade, era uma adaptação muito abreviada), depois de nos ter dado, do texto que ele próprio fez, a tradução errada, atualmente em voga, trata de heréticos todos os outros comentários que não os seus e denuncia como heréticas todas as seitas cristãs ebionitas, gnósticas, cabalistas, cevirtas etc., que se serviram do livro original hebreu de Mateus. Contudo, não se deve procurar a razão desse ostracismo no fato único que acabo de estudar, mas também nessa outra causa que o livro de Mateus provava a existência, no ensino crístico, de uma doutrina esotérica secreta que só devia ser conhecida de certos iniciados

III - Citação do livro Cristianismo Místico, do Yogi Ramacharaka, edição do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, 1926, p. 79-831.

Escreve Ramacharaka que, se não me engano, é o ocultista inglês William Walker Atkinson: -Lendas e tradições de organizações e irmandades místicas e ocultistas nos dizem que, depois do acontecimento do Templo, onde os pais o encontraram no meio dos doutores, aproximaram-se de Jesus Cristo membros da organização secreta a que pertenciam os magos e fizeram maravilhoso desenvolvimento espiritual e tão admirável compreensão intelectual de assuntos gravíssimos. Depois de longa e séria consideração, os progenitores de Jesus Cristo consentiram que ele seguisse o plano dos magos e permitiram-lhes levá-lo consigo para a sua terra e seus retiros a fim de receber ali as instruções que a sua alma anelava e para as quais a sua mente estava preparada.

É verdade que o Novo Testamento não corrobora essas lendas ocultistas, mas igualmente é verdade que nada diz de contrário; passa com o silêncio por cima desse importante período de dezessete anos. É notável que, quando Jesus Cristo  apareceu no cenário da atividade de João, este não o conheceu e, se Jesus Cristo tivesse passado aqueles anos em casa, João, seu primo, teria conhecido seus traços fisionômicos e sua aparência pessoal.

Os ensinos ocultistas nos dizem que aqueles dezessete anos da vida de Jesus Cristo, a respeito dos quais os Evangelhos nada contam, foram aproveitados por ele para viagens a terras longínquas, onde adolescente e moço foi instruído na sabedoria e ciência das diferentes escolas.

Segundo essas tradições, ele foi à Índia, ao Egito, à Pérsia e a outras regiões distantes, vivendo alguns anos em cada centro importante e sendo iniciado nas diversas irmandades, ordens e corporações que ali tinham suas sedes. Algumas tradições das ordens egípcias falam de um jovem Mestre que esteve entre os irmãos daquela terra e do mes­mo modo há tradições análogas na Pérsia e na índia. Entre as lamasarias ocultas do Tibet e dos Hima-laias pode-se encontrar lendas e histórias concernentes ao admirável Mestre, que certa vez visitou tais paragens e ob­servou sua sabedoria e ciência secreta.

Além disso, há tradições entre os bramanistas, budistas e zoroastristas que narram a história de um estranho instrutor que apareceu em seu meio, ensinou admiráveis verdades e levantou contra si grande oposição dos sacerdotes das várias religiões da Índia e da Pérsia, porque pregava contra a casta sacerdotal e o formalismo e também se opunha a todas as formas de distinção e restrição das castas sociais. E tudo está também de acordo com as lendas ocultistas, que dizem que do seu vigésimo primeiro até quase o trigésimo ano de idade, Jesus Cristo exerceu seu ministério entre o povo da Índia, da Pérsia e das terras vizinhas, voltando, finalmente, ao seu país natal, onde foi ativo durante os últimos anos de sua vida.

As lendas ocultistas nos informam que, em todas as terras que visitou, despertara a mais amarga oposição aos sacerdotes, que sempre se opunha ao formalismo e ao poder sacerdotal e procurara reconduzir o povo ao Espírito da Verdade, afastando-o das cerimônias e fórmulas de que sempre se tem servido para ofuscar e nublar a Luz do Espírito. Ele ensinou sempre a Paternidade de Deus e a Irmandade do Homem. Empenhou-se por tornar as grandes verdades ocultas compreensíveis à massa do povo, que tinha perdido o Espírito da Verdade em sua observância das formas externas e cerimônias pretensiosas.

Relata-se que, na Índia, atraiu sobre sua cabeça a ira dos brâmanes, que sustentavam a distinção das castas. Ele morava na cabana dos sudras, a mais baixa das castas hindus e por isso era olhado como pária pelas classes superiores.

Por toda parte os sacerdotes e as castas superiores o consideravam revoltoso e perturbador da ordem social estabelecida. Era um agitador, um rebelde, um renegado religioso, um socialista, um homem perigoso, um cidadão indesejável, na opinião das autoridades daqueles países.

Os grãos da sabedoria, porém, foram semeados à direita e à esquerda e, nas doutrinas de outros países orientais pode-se achar a Verdade, cuja semelhança com as doutrinas de Jesus Cristo, que foram conservadas, demonstra que provêm da mesma fonte e deram muito que pensar aos missionários cristãos que visitaram aquelas terras. E assim devagar e com paciência, Jesus Cristo foi regressando à sua pátria, à terra de Israel, onde devia completar o seu ministério, trabalhando por três anos entre os seus compatriotas e onde igualmente devia incitar contra si a oposição dos das classes elevadas, a qual lhe trouxe finalmente o martírio. Ele era rebelde contra a ordem estabelecida das coisas e encontrou o fardo reservado a todos os que vivem acima de seu tempo.

Como aconteceu desde os primeiros dias do seu ministério até o último, hoje as verdadeiras doutrinas do Homem  tocam mais facilmente os corações do povo, ao passo que são contrariadas e combatidas pe­las pessoas que têm autoridade eclesiástica ou temporal, embora se chamem seus sequazes e apresentem suas insígnias. Ele foi sempre o amigo do pobre e oprimido, e odiado pelos homens do poder.

Assim, pois, vedes que os ensinos ocultistas mostram que Jesus Cristo tem sido um instrutor mundial e não apenas um profeta judeu. O mundo inteiro foi seu auditório e todos os povos seus ouvintes. Ele plantou seus grãos de Verdade no seio de várias religiões e não numa só, e estas sementes estão começando a dar os seus melhores frutos agora em nosso dias, quando as nações começam a sentir a verdade da Paternidade de Deus e da Irmandade dos Homens e o novo sentimento se vai tornando bastante forte para derrubar os velhos preconceitos que separam irmão de irmão e um credo de outro credo.

O Cristianismo, em seu sentido verdadeiro, não é apenas um credo, é uma grande VERDADE HUMANA e divina, que há de se elevar por sobre todas as mesquinhas diferenças de raça e religião, para no fim iluminar todos os homens, unindo-os todos num só rebanho da Fraternidade Universal. Assim escreveu Ramacharaka e o 2000 está próximo, até quando, segundo mensagens do Além, ficarão cumpridas todas as profecias messiânicas.

IV - Transcrição do capítulo X, "O sacerdócio secreto de Jesus", do livro The Mystical Life of Jesus, do Dr. H. Spencer Lewis, da Biblioteca Rosacruz de San José, Califórnia, Estados Unidos

Escreve o Dr. Spencer Lewis,  "Imperator" da Ordem Rosa-Cruz das Américas
do Norte, do Sul e Central, membro da Ashrama Essênia da índia e delegado americano do mosteiro da Grande Irmandade Branca do Tibet.  Pouco ensinam
os Evangelhos cristãos acerca da vida de Jesus Cristo entre a sua palestra com
os doutores em Jerusalém e o começo do seu ministério na Palestina. Com
efeito, a primeira coisa que nos contam os Evangelhos a respeito da
preparação de Jesus Cristo para a sua obra como Filho de Deus é seu batismo
no rio Jordão. Dizem-nos que, na ocasião, Jesus Cristo quis sair da Galiléia e
se mostrar em público.

Certamente que o batismo  não pôde ter sido o início de sua preparação para seu ministério, pois maior preparo exigia a obra que realizou durante alguns anos. Já expus em outras passagens deste livro porque está fora de questão acreditar que Jesus Cristo não precisava preparar-se para sua missão e tratei de demonstrar que toda a sua vida denota profundo estudo, cuidadosa preparação e extraordinária disciplina durante a juventude.

De acordo com as crônicas essênias, Jesus Cristo terminou os estudos no começo do outono, quando estava ainda com 13 anos. Apesar da sua precocidade e esclarecido entendimento, não lhe foi permitido abreviar os estudos preparatórios na escola dos profetas do monte Carmelo, portanto cabe presumir que era atendido e cuidado por quem aumentava, com novas instruções, os seus conhecimentos, na expectativa de que chegasse a hora de passar a cursos superiores em outras escolas a cargo de outros instrutores.

Também assinalam as crônicas, bem claramente, quais as vicissitudes da vida de Jesus Cristo desde que saiu da escola do Carmelo até ficar pronto para cumprir sua missão. Os pormenores desses incidentes ou vicissitudes de sua vida são demasiado extensos e amiúde insignificantes para incluí-los em um livro desta espécie e tamanho, de modo que só exporei os pontos mais essenciais. De conformidade com as instruções enviadas à escola do Carmelo pelo Supremo Templo de Heliópolis, o jovem Avatar devia completar sua educação com um estudo aprofundado das antigas religiões e dos ensinamentos das diversas seitas e credos mais influentes na época.

Devia familiarizar-se com os dogmas das chamadas religiões pagãs, antes de empreender o estudo do desenvolvimento das crenças e ritos pagãos nos princípios superiores e credos ensinados nas escolas secretas do Egito e promulgada pela Grande Fraternidade Branca. Nos tempos modernos, aquele que se propõe dedicar-se ao ministério sacerdotal tem de estudar as religiões comparadas e conta, com efeito, com universidades em que são analisadas, comentadas e interpretadas as Escrituras Sagradas, antes de empreender o estudo da teologia atual.

Hoje não sai mais o estudante do seu país natal e segue para terras estranhas para se familiarizar com as antigas religiões e escolas de filosofia moral. Na época de que tratamos, todavia, era absolutamente necessário que o estudante de religião e filosofia fosse às sedes das antigas religiões, onde podia consultar os únicos exemplares das autênticas escrituras de cada religião e conviver com as pessoas que as professavam a fim de se familiarizar com seus rituais, dogmas e cerimônias. Alguns grandes Avatares do passado tiveram de ir a lugares afastados com dito propósito e assim foi universalmente disseminado o conhecimento dos antigos ensinamentos.

O jovem Jesus Cristo ficou ao cuidado de dois magos que foram ao Carmelo com o objetivo de levá-lo à sua primeira escola afastada e lugar de experiência. Dizem as crônicas que foi permitido a Jesus Cristo passar uma semana com seus pais na Galiléia, enquanto os magos faziam os preparativos e consultavam os professores da escola do Carmelo. Também instruíram os pais de Jesus Cristo a respeito do que deviam esperar e do que deviam fazer durante a ausência do filho.

Do mesmo modo contam as crónicas que, quando Jesus Cristo e os magos saíram da Galiléia, realizou-se uma cerimônia essênia em uma assembléia privada e, sem despertar atenção do povo, os magos e Jesus Cristo, junto com outros que iam à curta distância pelo mesmo caminho, partiram em caravana na direção de Djaguernat, cidade localizada na costa oriental da índia, chamada hoje Puri, que, por séculos, foi o centro do mais puro Budismo.

Em uma montanha das cercanias da cidade havia uma escola ou mosteiro em que se guardavam vários antigos escritos budistas e onde residiam os mais doutos instrutores das doutrinas de Buda. Perto de um ano levou a caravana para chegar a Djaguernat e, durante esse tempo, não cessaram os magos de ensinar o jovem Jesus Cristo, mostrando-lhe, em meio a incômodos e atribulações da viagem, os sofrimentos da humanidade, a falta de ideais do povo e os assuntos populares então em voga.

Segundo essas crônicas, Jesus Cristo permaneceu pouco mais de um ano naquela escola monástica e se familiarizou com os ensinos e rituais do Budismo. O principal instrutor dele naquele período foi Lamaas, com quem simpatizou tanto que posteriormente ele o induziu a ingressar na comunidade essênia da Palestina.

Do mosteiro de Djaguernat, Jesus Cristo partiu para o vale do Ganges e se deteve alguns meses em Benares, onde teve ocasião de estudar ética, física, gramática e outras disciplinas próprias das escolas mais famosas pela sua cultura e erudição. Ali se interessou vivamente pelo sistema terapêutico dos hindus e recebeu lições de Udraka, o mais insigne terapeuta do país. Depois de visitar outras partes da índia com o objetivo de conhecer a arte, a legislação e a cultura dos seus povos, Jesus Cristo regressou ao mosteiro de Djaguernat, onde ficou outros dois anos.

Tal adiantamento conseguiu em seus estudos que o nomearam instrutor na vila de Ladak, em que teve oportunidade de se familiarizar com a arte de ensinar por meio de parábolas. Em razão das suas relações com eminentes instrutores de Benares, Jesus Cristo recebeu a visita de uma alta dignidade de Lahore. Das crônicas se infere que Jesus Cristo já havia introduzido novas idéias e verdadeiros princípios místicos nas lições que ministrava aos alunos de sua escola e, embora essas novidades agradassem aos discretos, provocavam o antagonismo dos indoutos e rigorosamente ortodoxos.

O sacerdote vindo de Lahore tratou de persuadir Jesus Cristo a modificar ligeiramente os seus ensinos e cessar o convívio com as castas inferiores e pessoas vulgares. Essa foi a primeira tentação que acometeu Jesus Cristo para que se afastasse da plebe e se unisse à influente aristocracia, mas ele não quis ouvir as insinuações do sacerdote e recusou os presentes oferecidos. Quando assim bebia os primeiros tragos amargos de sua vida, Jesus Cristo recebeu a notícia da morte de seu pai na Galiléia e que nada, nem ninguém, podia consolar sua aflita mãe. Os mensageiros que levaram a notícia lhe disseram que não se sabia coisa alguma a seu respeito desde sua partida, que sua mãe não sabia por onde ele andava e que, se bem os essênios lhe afirmassem que o silêncio de Jesus Cristo estava vaticinado e que nenhum mal o atingira, não era possível consolá-la.

Referem algumas crônicas antigas que, terminados os seus estudos do Budismo e do Hinduísmo na índia, Jesus Cristo foi para Lhassa, no Tibet, mas, ainda na índia, chegou um mensageiro com alguns manuscritos de um templo de Lhassa, enviados pelo famoso Mengste, considerado o maior de todos os sábios budistas. Durante largo tempo chegaram de Lhassa sucessivos mensageiros com manuscritos budistas, e desse frequente intercâmbio e do efeito produzido em sua vida derivou a crença de que ele havia estado pessoalmente ali.

Quando Jesus Cristo resolveu sair de Djaguernat, dirigiu-se à Pérsia, onde se haviam feito, na cidade de Persépolis, os preparativos convenientes para que prosseguisse em seus estudos. Persépolis era a capital da antiga Pérsia e sede dos magos daquele país, chamados Hor, Lun e Mer. Um deles, já muito velho, era um dos três que tinha visitado o menino ao nascer na gruta essênia e lhe havia ofertado presentes do mosteriro da Pérsia.

Grandes homenagens prestaram esses e os sacerdotes do templo a Jesus Cristo. De várias comarcas da Pérsia acudiram outros personagens a Persépolis e ali permaneceram uns como instrutores e outros como estudantes durante o período da educação de Jesus Cristo, porque referem as crônicas que cada dia, depois das lições, os instrutores lhe rogavam que lhes ensinasse os princípios superiores que parecia compreender por inspiração.

Por último, Jesus Cristo fez-lhes saber que a maior instrução que ele podia dar era a obtida no silêncio, depois de meditar sobre alguma importante lei ensinada no decurso dos seus estudos e leituras, Assim estabeleceu Jesus Cristo o método de "penetração no silêncio", que tão importante característica havia de ter nos posteriores métodos místicos.

Jesus Cristo também demonstrou em Persépolis notáveis faculdades terapêuticas e, depois de analisar muitos meses esse seu inerente dom e fazer cuidadoso estudo de sua índole, declarou aos instrutores que, no seu entender, a atitude mental de harmonia influía consideravelmente no resultado. Tal foi o fundamento dos posteriores ensinamentos das reuniões secretas dos discípulos de Jesus Cristo, ou seja, que a harmonia interna e a preparação mental eram necessárias em todas as modalidades da terapêutica espiritual.

Depois de um ano na Pérsia, Jesus Cristo e os magos dirigiram-se para a região do Eufrates, onde entrou em contato com os mais ilustres sábios da Assíria e magos de outros países que foram vê-lo e ouvi-lo, pois já havia chamado a atenção de todos como intérprete das leis espirituais de uma forma mais mística e compreensível.

Longo tempo permaneceu Jesus Cristo nas cidades e povoações da Caldéia e da Mesopotâmia. Seu salutar poder e métodos terapêuticos se aperfeiçoaram tão rapidamente que inúmeras pessoas dele receberam o benefício da saúde e então os seus preceptores, os magos, lhe disseram que a faculdade de sarar os enfermos seria uma das provas do seu último exame preparatório para o exercício efetivo de sua missão.

Daquele país se transportaram Jesus Cristo e os magos para as ruínas da Babilônia e ali estiveram algum tempo a examinar os templos desmoronados, as partes destruídas e os palácios desertos. Lá Jesus Cristo se familiarizou com as provas e atribulações das tribos cativas de Israel e viu os lugares em que Daniel e os hebreus suportaram tremendas atribulações. Indubitavelmente lhe impressionaram os pecados dos pagãos e os erros das crenças antigas.

Da Babilônia foram Jesus Cristo e os magos para a Grécia, onde se encontrou com alguns filósofos atenienses e esteve sob a direção pessoal e cuidado de Apoio, que lhe mostrou as antigas crônicas da sabedoria grega. Naquele país, Jesus Cristo despertou muito a atenção dos sábios e magos que lhe rogaram que permanecesse mais tempo com eles, mas o seu itinerário estava definitivamente traçado e, ao cabo de poucos meses, embarcou rumo a Alexandria.

Ali só ficou o tempo suficiente para conversar com os mensageiros especiais que haviam ido saudá-lo e visitar alguns dos mais antigos santuários. De lá passou para Heliópolis e residiu em uma casa particular, especialmente disposta para ele, com vários criados, um lindo jardim e um escriba, cujas funções eram análogas às do que chamamos hoje de secretário particular.

Pouco depois de sua chegada a Heliópolis, Jesus Cristo foi visitado pelos representantes do sacerdócio pagão do Egito, que se haviam inteirado com desgosto e desaprovação de seus ensinamentos e manifestações de poder místico. Novamente sofreu as amarguras da vida em várias provas e atribulações, que teriam levado um homem vulgar a ceder às insinuações dos sacerdotes e a recorrer ao engano e à hipocrisia com respeito aos seus propósitos e intenções.

Diz o autor que foi naquela ocasião que Jesus Cristo começou a preparar-se para os graus superiores da Grande Fraternidade Branca, quando então alcançou o título de Mestre e voltou para a Palestina.


VI - EXCERTO DA OBRA DE A. LETERRE, JESUS E SUA DOUTRINA,EDIÇÃO DA LIVRARIA DA F.E.B., 1934, P.132-4

O erudito A. Leterre foi um dos autores que mais investigaram a vida de Jesus e, do seu alentado volume de 540 páginas, estudo remontado há mais de 8.600 anos, extraímos o seguinte e interessante trecho: Como já vimos, Jesus Cristo era de ascendência judaica e, como tal, teve de submeter-se a todas as exigências da Lei Mosaica que abrangia a economia, o ensino, a justiça, a higiene, a moral e o culto a Jeová. As primeiras palavras que Jesus Cristo balbuciou foram certamente orações a leve (Jeová) e nem sua mãe poderia ter-lhe ensinado outra doutrina senão a que ela mesma professava nos templos, tanto mais, crente como estava de ser seu filho o Messias, isto é, o profeta anunciado por Moisés, não podendo, pois, a religião ser outra. Por isso que o nazareno, mesmo para estar de acordo com a Lei que mandava consagrar ao Senhor todo primogênito homem.

Criado o menino, foi ele entregue ao templo para sua educação e final desempenho da sua missão. Tendo-se dado essa ausência entre 12 e 30 anos de idade, justamen­te o tempo omisso nos Livros Sagrados sobre a Vida de Jesus Cristo nesse interregno, mas exatamente concordante com o tempo prescrito pêlos templos na índia para as inicia­ções que regulava ser de 18 a 21 anos. Esses dezoito anos de ausência de Jesus Cristo são comparáveis aos quinze anos em que Zoroastro também esteve ausente.

Apelemos para Lucas. Que diz ele em l, 80? "E o menino crescia e se robustecia em espírito. E esteve nos desertos até o dia em que havia de se mostrar a Israel". Esse deserto era toda a região que se estendia para o Oriente, cujo limite pouco importava ao evangelista. Se as palavras do Evangelho devem ser consideradas palavras de evangelho, não há como se curvar a cabeça ante esta declaração que corrobora todas as pesquisas feitas pêlos cientistas. Segundo Nicolau Notovitch, Jesus Cristo esteve em Djaguernat, na índia, onde os brâmanes lhe ensinaram a doutrina dos Vedas, a medicina, a matemática etc.

Notovitch afirma que ele era conhecido sob o nome de Issa. Não haverá neste nome uma corrupção fonética de Isso — I-Sh-O — lesu?

Em celta, Esus é análogo ao Eso etrusco, que era o epíteto de Júpiter, ao Aisa grego, à Isis egípcia. Esus sígnificava Deus. Mas, como esse Issa não se conformava com a hierarquia dos deuses brâmanes, produzida pelo cisma de Irshu, 3.200 anos antes, ele se retirou para as montanhas do Nepal, no Tibet, onde reinava a doutrina budista, que aprendeu, iniciando-se em outros mistérios.

Dirigiu-se então para sua terra natal, atravessando a Pérsia e chegando à terra de Israel com a idade de 29 anos, o que concorda com Lucas III, 23: "Jesus Cristo estava quase com 30 anos de idade, sendo, como se cuidava, filho de José", o que significa claramente que seu súbito aparecimento ali, após tão prolongada ausência, produziu aquela dúvida entre as pessoas do local. Aprofundando-se também o sentido da exclamação de Marcos e de Mateus. VI, 3 etc.: "Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão suas irmãs aqui conosco?", verifica-se logo o súbito aparecimento de Jesus Cristo entre seus parentes.

É de se notar mesmo que Mateus, não se referindo a seu pai José, faz supor que ele já tivesse morrido, mas João, VI, 42, supre esta falta, dizendo: "Não é este Jesus Cristo, filho de José, cujos pai e mãe nós conhecemos?". Segundo este notável escritor, toda a documentação por ele copiada e resumida em sua citada obra, cujas edições foram em grande parte queimadas na Rússia e em Paris pelo clero interessado, acha-se, entretanto, conservada nos templos de Lhassa, da qual é também ali falada e igualmente é encontrada em Bombaim e na própria Biblioteca do Vaticano.

A história parece ter seu cunho de verdade se compararmos as palavras, as sentenças, as parábolas, os atos de Jesus Cristo com os ensinos da doutrina de Buda, onde se encontram em toda sua pureza, e portanto faremos adiante uma vasta comparação. Jesus Cristo foi iniciado em Agartha/Shamballa, no Tibet, e essa doutrina é saturada da budista, que ele soube adaptar à mosaica e de acordo com a mentalidade e os costumes de seu povo.

Por outro lado, confrontando-se Notovitch com Schuré, ex-discípulo de Saint-Yves, este escritor faz supor que, da idade de 29 para 30 anos, Jesus Cristo havia-se recolhido ao templo que funcionava em Engaddi, perto de Belém e que era dirigido por essênios (Assaya, em siríaco, que significa "médico, terapeuta"), os quais tinham por missão curar física e moral. Era o resto de uma casta sacerdotal pertencente a confrarias de profetas instituídas ali por Samuel, o qual, por sua vez, era filiado às doutrinas de Rama.

Proibiam o matrimônio e a guerra; recomendavam o amor a Deus e ao próximo e ensinavam a imortalidade da alma; formavam uma singular associação moral e religiosa e viviam numa espécie de mosteiros (Koinobions), pondo seus bens em comum e entregando-se à agricultura. Eram opostos aos saduceus, que negavam a imortalidade da alma. Há grande analogia entre essa seita e os primitivos cristãos. Tinham, porém, muitas idéias e práticas budistas. O título de irmão usado na igreja primitiva é de origem essênia.

Segundo F. Delaunay, os essênios surgiram 159 anos a.C. nas cercanias da cidade dos patriarcas, ao norte de Engaddi, não longe, portanto, de Belém, onde se achavam disseminados seus templos. Plínio, por sua vez, relata que os essênios eram budistas.

Extratos de El Corazon de Ásia, de Nicolau Roerich, edição do Museu Roerich, de Nova York, 1930.

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segunda-feira, 17 de maio de 2010

JESUS CRISTO VIVEU NO MOSTEIRO DE LHASSA, NO TIBET

"Introdução" do  livro de Nicolau Notovitch, em que nele narra, resumidamente, as peripécias de sua viagem, o encontro dos manuscritos tibetanos e as tentativas que fez para publicá-lo na França. Escreve Notovitch: Depois da guerra da Turquia (1877/8), empreendi uma série de viagens ao Oriente. Após ter visitado todas as localidades, ainda que de pouca importância, da península balcânica, transportei-me, através do Cáucaso, à Ásia Central e à Pérsia e, finalmente, em 1887, parti para a Índia, país admirável que me atraía desde a minha infância.

O fim dessa viagem era o de conhecer e estudar, in loco, os povos que habitam a índia, seus costumes, sua arqueologia grandiosa e misteriosa e a natureza colossal e cheia de majestade desse país. Errando, sem plano prefixado, de um lugar para outro, cheguei até o Afeganistão montanhoso, donde alcancei a Ìndia pelo trajeto pitoresco de Bolan e de Guernai. Depois, subi o Indo até Raval Pindi, percorri o Pendjab, país dos cinco rios, visitei o templo de ouro de Amritsa, o túmulo de Ranjid-Singh, rei do Pendjab, perto de Labore, dirigindo-me para Kashmyr, o vale da felicidade eterna.

Aí comecei minhas peregrinações ao sabor da curiosidade até que cheguei ao Ladak, onde formei o projeto de voltar à Rússia pelo Karakorum e o Turquestão chinês. Certo dia, no decurso da visita que fiz a um convento budista, situado no meu caminho, soube, do lama-chefe, que existiam, nos arquivos de Lhassa, memórias muito antigas, que faziam referências à vida de Jesus Cristo e a nações do Oriente e que certos mosteiros possuíam cópias e traduções de tais crônicas.

Como era pouco provável que eu fizesse ainda uma viagem por aqueles países, resolvi transferir para depois minha volta à Europa: decidi-me ou a encontrar essas cópias nos grandes conventos ou a chegar ao Lhassa, viagem que está longe de ser tão perigosa e tão difícil como se costuma dizer; demais, achava-me tão habituado a toda sorte de perigos que eles já não podiam fazer-me recuar um passo.

Durante minha permanência em Leh, capital do Ladack, visitei o grande convento de Himis, situado nas cercanias da cidade. O lama daquele convento me declarou que a biblioteca monástica continha algumas cópias dos manuscritos em questão. Para que as autoridades não suspeitassem do objetivo de minha visita ao convento e a fim de não encontrar obstáculos, dada a minha qualidade de russo, fiz saber, numa viagem posterior ao Tibet, de retorno a Leh, que voltava à índia.

Deixei, novamente, a capital do Ladak. Uma queda infeliz, em consequência da qual quebrei uma das pernas, forneceu-me inesperado pretexto para voltar ao convento, onde me foram prestados os primeiros socorros médicos. Aproveitei minha curta estada entre os lamas para obter do lama-chefe consentimento para que me fossem mostrados os manuscritos relativos a Jesus Cristo, existentes na biblioteca do convento, e, ajudado por meu intérprete, que me traduzia a língua tibetana, anotei, cuidadosamente, em meu caderno, o que o lama me dizia.

A respeito desse mosteiro de Himis, mister se faz entremos em pormenores porque dois mosteiros trazem este nome no Tibet. Aquele em que fui recolhido por estar ferido, e cuidadosamente tratado e em que me foi comunicada a existência dos documentos que entrego à curiosidade pública, é o mosteiro situado no Ladak, não longe de Leh, nas proximidades do rio Indo e aos pés das montanhas, dominado pelo pico de Himis, de 18.733 pés de altitude [5.710 metros]. Ë, depois do mosteiro central do Lhassa, o mais povoado do Tibet, sua biblioteca é a mais rica e seus monges os mais instruídos e estudiosos.

O outro Himis está situado no caminho de Khalsi a Leh e junto ao Shavlikangri, de 18.096 pés [5-516 metros], ao norte do Indo. É uma aldeia com um pequeno mosteiro, muito pobre, abrigando quatro ou cinco monges que se entregam comumente a trabalhos manuais, fora do horário de suas maquinais orações. Todos os que se acham um pouco familiarizados com o Tibet sabem, aliás, que é tão impossível confundir essas duas localidades quanto Paris e Versailles da França com Paris e Versailles de Connecticut.

Não tenho dúvida alguma quanto à autenticidade da crônica que me foi comunicada e que me pareceu redigida, com muita exatidão, por historiadores brâmanes e, sobretudo, por budistas da índia e do Nepal. Quis, de volta à Europa, publicar a tradução dela e, com esse fim, dirigi-me a vários eclesiásticos universalmente conhecidos, rogando-lhes que lessem minhas notas e dissessem o que delas pensavam. Monsenhor Platon, célebre metropolitano de Kiev, foi de opinião que o trabalho era de grande importância, porém dissuadiu-me de fazer aparecer essas memórias acreditando que sua publicação só poderia causar-me aborrecimentos. Por quê? Foi o que o venerável prelado se recusou a me dizer de modo explícito. Entretanto, como nossa conversa foi na Rússia, onde a censura teria posto seu veto em semelhante obra, resolvi esperar.

Um ano depois me achava em Roma. Mostrei o manuscrito ao Cardeal Nina, muito estimado pelo Santo Padre, o qual me respondeu textualmente o seguinte: "Que necessidade há de imprimir-se isto? Ninguém vos dará grande importância e vós criareis uma multidão de inimigos. No entanto, sois tão jovem ainda! Se é uma questão de dinheiro que vos interessa, pedirei para vós uma recompensa pelas vossas notas, recompensa que vos indenizará das despesas feitas e do tempo perdido". Naturalmente que recusei.

Em Paris, falei do meu projeto com o Cardeal Rotelli, que conheci em Constantinopla. Ele também se opôs à impressão de meu trabalho sob o pretexto de que era prematuro. "A Igreja", acrescentou ele, "sofre novamente correntes de idéias ateístas e vós só fornecereis ensejo a caluniadores e detratores da doutrina evangélica. Vo-lo digo no interesse de todas as igrejas cristãs".

Fui, em seguida, procurar Jules Simon. Ele achou que minha comunicação era muito interessante e me recomendou que pedisse a opinião de Ernest Renan a respeito da melhor maneira de publicá-la. No dia seguinte, pela manhã, estava eu sentado no gabinete do grande filósofo. No fim de nossa conversa, Renan me propôs que lhe confiasse as memórias em questão, a fim de fazer um relatório delas à Academia. Tal proposta, como se compreende bem, era muito sedutora e lisonjeava meu amor-próprio, todavia tornei a levar a obra sob o pretexto de revê-la ainda uma vez.

Previa que, se aceitasse a proposta, só teria a honra de ter achado a crônica, ao passo que ao ilustre autor da Vie de Jesus caberia toda a glória da publicação e seus comentários. Ora, eu me julgava bem preparado para publicar a tradução da crônica, fazendo-a acompanhar de minhas notas; declinei, pois, da proposta que me fizera Renan. Para não ferir a suscetibilidade do grande mestre, que respeito profundamente, resolvi aguardar.

Pouco depois escrevi a Jules Simon para pedir-lhe a opinião. Ele me respondeu que me competia julgar a oportunidade de fazer aparecer as memórias. Pus, então, em ordem, minhas notas, reservando-me o direito de provar a autenticidade dessas crônicas. Desenvolvo aqui os argumentos que devem convencer-nos da sinceridade e boa-fé dos compiladores budistas. Junto, também, provas que atestam minha boa-fé e minha própria sinceridade. Os maldizentes me demonstraram que essas provas, que eu havia julgado inúteis em 1894, se tornaram necessárias em 1899.

Desejaria juntar provas ainda mais materiais: quero falar de fotografias muito curiosas que bati no decurso de minhas excursões e que teriam falado a meu respeito às pessoas mais desconfiadas. Infelizmente, quando de minha volta da Índia, examinei os negativos e verifiquei que haviam ficado completamente estragados.

Foi por isso que, para ilustrar meu livro, recorri à extrema gentileza de meu amigo, o senhor d'Auvergne, que havia feito várias viagens ao Himalaia e que, graciosamente, me ofereceu algumas provas. Passo, sem mais delongas, ao prometido resumo da Vida de Santo Issa, segundo os documentos tibetanos, que, a seguir, transcreverei em sua forma de versículos:

Os dois manuscritos em que o lama do convento de Himis leu, para que o autor ouvisse, tudo o que se relaciona com Jesus Cristo, formam coleções de cópias diversas, escritas em língua tibetana, tradução de alguns rolos pertencentes à biblioteca de Lhassa e trazidos da Índia, do Nepal e de Magada, lá para o ano 200 depois de Cristo, para um convento construído no monte Marbur, perto da cidade de Lhassa, onde então residia o Dalai Lama.

Esses rolos foram escritos em língua pali, que certos lamas ainda estudavam, a fim de poderem fazer traduções em dialeto tibetano. Os cronistas eram budistas pertencentes à seita do buda Goutama. Tais crônicas contêm a descrição da vida e das obras do "melhor dos filhos dos homens", santo Issa, um sábio israelita que, tendo vivido muitos anos entre os sacerdotes brâmanes e budistas, voltou para o seu país, onde foi condenado à morte por ordem do governador romano Pôncio Pilatos, depois de ter sido duas vezes absolvido por um tribunal composto de sábios e anciãos da Judéia. As narrações conservadas nesses antiquíssimos documentos, redigidos segundo o testemunho de mercadores vindos da Judéia, com a notícia do martírio de santo Issa, assemelham-se, em quase todos os pontos, às dos Evangelhos e mantêm um nexo iniludível de analogia com o que se sabe da vida de Jesus Cristo.

Em resumo, e seguindo tanto quanto possível a letra dos textos traduzidos, essas crônicas budistas nos dizem que um jovem israelita, já conhecido na Galiléia aos treze anos "pelos discursos edificantes em nome do Todo-Poderoso", abandonou ocultamente, naquela idade, a casa paterna, e, numa caravana de mercadores, tomou o caminho da índia "para se aperfeiçoar na palavra divina e estudar as leis dos grandes Budas". Chegando à índia, os djainitas, impressionados com a profunda sabedoria e a alta inspiração do jovem peregrino israelita, procuraram atraí-lo para a sua seita, mas Issa se afastou pouco tempo depois para Djaguernat, onde os padres brâmanes o acolheram com carinho e lhe "ensinaram a ler e compreender os Vedas, a curar com o auxílio de preces, a ensinar e a explicar a Escritura Sagrada ao povo, a expulsar os espíritos malignos do corpo do homem e a lhe restituir a forma humana".

Em Djaguernat passou seis anos. No começo, a língua do país, o sânscrito, as doutrinas religiosas, a filosofia, a medicina e as matemáticas constituíram o objetivo de seus estudos prediletos. Depois, suas prédicas, dirigidas de preferência às classes miseráveis dos sudras, seus ataques reiterados à hierarquia dos deuses que desnaturavam o princípio do monoteísmo, a negação da origem divina dos Vedas, irritaram profundamente os padres brâmanes e os guerreiros, que resolveram condená-lo. Avisado em tempo pelos discípulos que sua bondade e a magia da sua palavra tinham conquistado, o jovem profeta encaminhou-se para as montanhas do Nepal, onde o Budismo florescia em todo o seu esplendor.

O princípio da unidade divina era ali religiosamente conservado em sua pureza primitiva já há quinhentos anos, desde quando o Príncipe Çakia-Muni fundara a doutrina budista. Seis anos depois, Issa, já preparado para a explicação dos livros sagrados e iniciado nas doutrinas e práticas religiosas dos sacerdotes budistas, resolveu retornar ao seu país, completara 26 anos. As notícias das humilhações dos seus compatriotas e das calamidades que devastavam a terra que ele deixara em criança decidiram-no a abandonar a Índia. Dirigiu-se primeiro para o oeste, pregando a povos diferentes a suprema perfeição do homem e combatendo a idolatria e os sacrifícios humanos.

A fama de sua palavra magnética espalhava-se pelos países vizinhos e, quando Issa entrou na Pérsia, os sacerdotes locais, receosos do poder sugestivo das prédicas do peregrino israelita, proibiram aos habitantes de acompanhá-lo e ouvi-lo. Os adoradores de Zoroastro prenderam-no e o submeteram a um longo interrogatório, depois do qual o profeta foi conduzido, à noite, para fora das portas da cidade e abandonado na estrada, na esperança de que as feras saberiam completar a sentença que os sacerdotes persas não tinham ousado pronunciar.

O profeta seguiu viagem, despertando entusiasmo e alegria por campos e cidades, onde uma multidão, sempre nova, vibrava ao calor de sua palavra iluminada. Aos 29 anos de idade, apareceu Issa no país de Israel, a terra dos seus antepassados. Diante do seu povo, cumulado de infortúnios e agitado pela perspectiva do advento de um messias, anunciado pelos profetas para restabelecer o reino de Israel, ele aconselhou a humildade e a paciência, pois o "dia da redenção dos pecados estava próximo".

Milhares de pessoas o seguiam, animadas com a esperança de libertação e com a restauração do seu antigo culto e da crença dos seus ancestrais. Os chefes das cidades por onde a palavra do profeta ia deitando um sulco de fogo, inquietos com a sua popularidade crescente e assustadora, queixaram-se ao governador romano Pôncio Pilatos, residente em Jerusalém, que as pregações de Issa levantavam o povo que o ouvia e assim negligenciava os serviços do Estado.

Insinuaram-lhe a necessidade e a conveniência de impedir, de qualquer forma, a continuação daquele estado de coisas, cujos resultados poderiam ser funestos à administração romana daquela província conquistada. Pilatos, não vendo em Issa mais do que um agitador, ordenou-lhe a prisão e, para não exasperar o povo que o acompanhava por toda parte, decidiu que o trouxessem a Jerusalém, a fim de ser julgado no templo, pelos velhos sacerdotes hebreus e sábios anciãos. Nesse ínterim, Issa, que continuava a pregar de cidade em cidade, chegou a Jerusalém, cujos habitantes acorreram em massa ao seu encontro, ansiosos por ouvir de sua boca as palavras inflamadas com que ele havia mitigado os infortúnios das outras cidades de Israel.

Os padres e os anciãos foram encarregados por Pilatos do julgamento do profeta no templo. Depois de ouvirem de sua própria boca a declaração de que não procurava levantar o povo de Israel contra as autoridades constituídas, mas que voltara de lugares distantes, onde fora habitar em criança, para recordar aos israelitas a fé de seus antepassados e o restabelecimento das leis mosaicas, eles se apresentaram ao governador romano e lhe comunicaram ter absolvido o pregador judeu pela falsidade das acusações que lhe eram imputadas. Pilatos, encolerizado com o procedimento dos veneráveis juizes, fez acompanhar o profeta de espiões encarregados de recolher todas as palavras que ele dirigisse ao povo.

Issa prosseguiu em sua missão pelas cidades vizinhas, indicando os verdadeiros caminhos do Criador, exortando os hebreus à paciência, prometendo-lhes uma pronta libertação e explicando àqueles em que reconhecia assoldadados pelo governador que todos eles não seriam libertos do poder de César, mas dos erros grosseiros em que as suas almas viviam mergulhadas.

Três anos durou o ministério de Issa. A sua popularidade crescia e era tido como o Messias libertador, anunciado pelos profetas. O governador romano, a quem os espiões declararam nada ter ouvido que parecesse uma instigação à revolta contra as autoridades constituídas, encarregou os soldados de o prenderem e conduzirem a um subterrâneo, onde foi torturado na intenção de se lhe arrancar uma confissão comprometedora. Os sacerdotes e os anciãos, informados dos martírios infligidos ao seu profeta e da resistência heróica oposta a todos os meios empregados para fazê-lo falar, dirigiram-se ao governador romano com o pedido de o pôr em liberdade na ocasião da festa da Páscoa, que se aproximava. Pilatos recusou peremptoriamente ceder aos pedidos dos velhos sacerdotes, mas consentiu em que Issa comparecesse diante do Tribunal dos Anciãos para ser, em definitivo, julgado antes da próxima festa.

Fizeram-no retirar da prisão, em lastimável estado de fraqueza, causado por torturas sofridas. Sentado entre dois ladrões, que deviam ser julgados ao mesmo tempo para atenuar a importância de um acontecimento que apaixonava a população, diante do governador romano, que presidia o Tribunal, e dos principais capitães, sacerdotes, sábios anciãos e legistas, Issa foi submetido a um longo interrogatório, do qual sobressaiu sua completa inocência. O governador, irritado com a altivez de suas respostas, exigiu que os juizes pronunciassem a pena capital. Os anciãos recusaram proferir essa sentença iníqua diante das declarações ouvidas de todos, Pilatos recorre ao derradeiro expediente que o seu espírito imaginara para não deixar escapar a presa. Manda adiantar um dos seus espiões, que afirma ter ouvido do profeta a anunciação do reino de Israel sobre a terra, do qual Issa se intitulava Chefe Supremo.

A cena narrada pelas crônicas budistas é de uma grandeza serena e única na história. "Sereis perdoado", disse o profeta ao traidor, "porque o que dizeis não vem de vós", e, depois, dirigindo-se a Pilatos: "Por que humilhais vossa dignidade e induzis vossos inferiores à mentira, quando, sem ela, tendes o poder de condenar um inocente?". A estas palavras, Pilatos, esquecido do seu cargo, exigiu dos Anciãos a condenação de Issa e a absolvição dos dois ladrões.

Os velhos juizes, depois de se consultarem entre si, declararam solenemente não assumir a responsabilidade de condenar um inocente, levantaram-se e, depois de lavarem as mãos num vaso sagrado, saíram anunciando: "Somos inocentes da morte do justo".

O profeta e os dois ladrões foram crucificados no mesmo dia, por ordem de Pilatos, e os seus corpos ficaram suspensos nas cruzes sob a guarda de soldados.  Assim terminaram os dias de santo Issa, "reflexo do Espírito eterno, sob a forma de um homem que tinha redimido pecadores endurecidos, padecendo tantos sofrimentos".

Pilatos, enfurecido com a nova feição dos acontecimentos, começou a mover uma cruel perseguição contra os mais íntimos discípulos de Issa, que foram obrigados a deixar o país de Israel e pregar a outros povos o abandono dos seus erros grosseiros, a purificação das suas almas e a "felicidade perfeita que aguarda os homens no mundo espiritual, onde, em repouso e em toda a sua pureza, reside, numa majestade perfeita, o grande Criador".

Assim falam, em suas linhas gerais, as narrações arquivadas nos antigos manuscritos budistas, achados no Tibet. Essa narrativa preenche a lacuna de 17 anos que existe na vida de Jesus Cristo, sob a qual o Novo Testamento nada nos diz, começando em Lucas, II, 52: E crescia Jesus em sabedoria e em estatura, e em graça para com Deus e os homens" e indo até o versículo 23 do capítulo III do mesmo Evangelhos: "E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos".

Francisco K. Werneckwww.
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