sexta-feira, 29 de outubro de 2010

JESUS CRISTO FOI CONDENADO POR SE RECUSAR A PAGAR OS IMPOSTOS A CÉSAR E O DÍZIMO


Filho de Deus ou anarquista? Ou as duas coisas? Afinal, as afirmações não se excluem. Pelo menos foi a essa conclusão que chegou Vinícius Leôncio, 41, advogado tributarista e estudioso do direito canônico. Durante seis anos, agiu exatamente como um juiz, colhendo provas, se debruçando sobre a Bíblia e inúmeras fontes para entender e provar [Jesus novamente no banco dos réus] que Jesus foi crucificado por se recusar a pagar os impostos a César e o dízimo. Ele só não arrolou as testemunhas por motivos óbvios.

Quando começou suas pesquisas, o advogado tinha um propósito claro: analisar e compreender a clássica frase: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” . Ele nega que tivesse a intenção de provar que Jesus havia sido um sonegador de impostos. “Não fui seduzido por tendências pessoais e nem influenciado por meras suspeitas, quer por razões, quer por convicções de natureza religioso ou política”.

Vinícius considera as Sagradas Escrituras nada mais que o Regulamento do Estado Judeu, “um texto absolutamente político, pois contém todas as leis tributaristas, cíveis, criminais, trabalhistas e processuais dos judeus em detrimento às leis reguladoras do amor, que são a essência de Deus. Mesmo com o advento do Novo Testamento, a Igreja Católica atraiu para si a tarefa, privativa da sociedade, de regular o Estado”.

Para o advogado, Jesus dita a nova lei do amor, rompe com a abstenção do trabalho aos sábados, expulsa com violência os comerciantes do templo, questiona diretamente a autoridade da lei ao afirmar: “ A lei e os profetas duraram até João. Desde então é anunciado o reino de Deus e todo homem emprega força para centrar nele”.

Diga-se, de passagem, que Jesus afirmou: “Não penseis que vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas espada” [Mt.10:34]. Em outra passagem, Jesus diz: “Vim lançar fogo na terra, e o que mais quero, se já está aceso?” [Lc.12:49]

As conclusões das pesquisas do especialista em direito canônico estão no livro “A Quarta Filosofia – Jesus não Pagou o Tributo” e neste entrevista.

De onde veio o seu interesse pelo direito canônico? O direito canônico regula as relações da Igreja Católica com seus fiéis e com seus membros. É como o direito comum: tem seu código, seu tribunal. Meu interesse se prende ao fato de que o Deus descrito na Bíblia é extremamente complicado. É necessário um intermediário: padres, pastores ou ministros para que o homem chegue a Deus. Esses intermediários, muitas vezes, extorquem as verdadeiras doutrinas contidas nos escritos. O leigo e o aflito ficam mais atentos à grandiosidade das narrativas bíblicas , do que à essência das mesmas. É lindo ouvir dizer que o mar abriu e todo o exército de Moisés passou ileso. Mas, sabe-se que o mar já abriu inúmeras vezes. A meu ver, não se tratou de um milagre. Além disso, Deus é muito financista, só pratica o bem se for remunerado e adorado.

O que vem a ser a quarta filosofia? Até o ano 6 d.C havia três filosofias por entre os judeus: saduceus, fariseus e essênios. Foi quando surgiu a quarta filosofia, representada pelo grupo dos zelotes. Nacionalista , defendia o não pagamento dos tributos a Roma e , inclusive, praticava atos terroristas contra os contribuintes que pagavam o tributo. A quarta filosofia foi instituída por Judas (não o Iscariotes) e tanto os zelotes como Jesus defendiam o fim dos pagamentos dos tributos. Também a condenação Jesus foi exatamente nos mesmos moldes da condenação dos zelotes: crime de sedição, tumulto, agitação política, sonegação de impostos. O primeiro evento público de Jesus foi a realização de uma espécie de congresso que reivindicava a redução da carga tributária.

Por que Jesus foi julgado segundo as leis romanas e não segundo as leis judaicas?
Logicamente porque cometeu um crime previsto nas leis romanas e, portanto, um crime político. A Judéia estava sob controle romano. Quando o crime era de natureza religiosa, a competência para o julgamento era das autoridades judaicas. Se o crime fosse de natureza política, somente competia o julgamento às autoridades romanas. Se Jesus fosse julgado segundo as leis judaicas, despertaria uma inconsolável revolta na população. Era preciso depositar sobre Roma o peso de sua condenação porque assim não haveria uma reação.

Mas, como Roma condenaria Jesus se somente agia em casos de crimes políticos? Através da imputação de um crime político: a sonegação de impostos. Jesus foi preso como agitador, ou alguém que poderia tornar-se o motivo de uma agitação política”, concluiu Maurice Goguel em seu livro “O Processo de Jesus”. “Jesus foi açoitado como um rebelde e depois o crucificaram como traidor a César” , sentenciou Josef Pickl no mesmo livro. “Os evangelhos deixaram bem claro que Jesus foi executado sob a acusação de crime político. As autoridades temiam seu poder político. Ele foi aclamado ´Rei dos Judeus´. Nunca negou o título, que carregou com nobreza até o fim. Não apenas tinha zelo fervoroso de um zelota, mas foi crucificado como um zelota”, afirma William Reuben Farmer.

Explique a frase: “ Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. As autoridades precisavam arrumar uma maneira de incriminar Jesus. Perguntaram a ele se era lícito ou não pagar o tributo a César. Jesus pediu que lhe mostrassem a moeda do tributo, sendo-lhe apresentado o denário, a moeda romana. Ele questionou de quem era esfinge gravada na moeda. “É de César” , responderam. Ao que Jesus disse: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Se Jesus mandasse não pagar o tributo, seria considerado um propagandista de César, o que contrariaria seus seguidores. A resposta de Jesus, de enorme maestria, manda tirar de César o que pertence a Deus, ou seja, ao povo de Israel. Jesus não poderia ter dito povo, por isso disse Deus.

Como um homem que dizia ser o Filho de Deus, uma pessoa que pregava a paz e o amor ao próximo pode ter sido crucificado? Não existe aí algo errado? Embora Jesus tivesse no amor seu fundamento, afirmou que sua missão não era a paz, mas sim a guerra, a discórdia. Quando Jesus tinha aproximadamente oito anos se apresentou ao templo e foi considerado uma criança polêmica em potencial. A pena de morte não era uma medida judaica e sim romana, aplicada em casos de crimes de natureza política. No caso de Jesus, a sonegação de impostos

A conclusão do seu trabalho é de que Jesus se recusou a pagar os impostos cobrados por Roma e ainda os dízimos? Sustente a sua acusação. Quando Jesus pronunciou a frase “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, pretendia, na verdade, que cessasse a cobrança de impostos realizada por Roma. Quando os fiscais abordaram Pedro, perguntando se Jesus pagava regularmente seus impostos, Jesus interrompe o diálogo e pede uma dispensa do pagamento do imposto. Mas para não escandalizar os fiscais, Jesus manda Pedro ir ao mar pegar um peixe, retira-lhe da boca duas moedas de ouro e com elas pagar o imposto. Todavia, peixes com moedas de ouro na boca, era apenas de uma lenda naquele tempo. Jesus, em todas ocasiões, demonstrou uma adversidade impressionante para com os fiscais. Jesus resgatava a honradez de todas espécies de pecadores, mas, quando era um fiscal, tratava-o de uma forma muito diferente.

Jesus se recusou a pagar o tributo (dízimo) previsto na lei judaica. Jesus viu seu povo aniquilado pela miséria causada por excessos tributários, tanto por parte do Império Romano, como pela implacável e lucrativa empresa religiosa judaica. Jesus sabia que as regras constantes no Antigo Testamento eram indignas para o seu povo por prometerem aos defensores das leis aquilo de que o povo mais gosta (salvação e riqueza) e ameaçam, por outro lado, os que as violam com aquilo que ele mais teme (castigo e pobreza). Jesus Cristo veio para romper com todo o sistema.

Podemos concluir que ele foi crucificado por sonegar impostos? Sim, no momento do julgamento os acusadores identificaram os crimes de Jesus para Pilatos , que se negou a julgá-lo, porque os fatos em questão não eram considerados crimes. Todavia, um dos acusadores afirmou que havia encontrado Jesus pregando o não pagamento dos tributos a César. Diante disso, não restou a Pilatos outra alternativa a não ser condená-lo à morte, por crucificação. O Antigo Testamento previa apenas três tipos de pena de morte: apedrejamento, queima e decaptação. A pensa de morte por crucificação não era judaica, mas romana, mesmo porque a palavra crucificação era romana.

O senhor encontrou outras irregularidades quanto ao julgamento de Jesus? Sim, a presença maciça de testemunhas falsas, embora estivessem presentes também testemunhas verdadeiras. Não houve testemunha de defesa. Nem precisava porque Jesus, com o silêncio, confessou. O crime pelo qual Jesus foi acusado, a sonegação de impostos, era um crime de enorme gravidade. Imagine quando César soubesse que, na Judéia, havia um homem defendendo a sonegação de impostos a Roma. O destino de Pilatos, que era o Governador da Judéia , nomeado por César, seria o mesmo que de Jesus. Aliás, poderia nem ser, já que era costume dos imperadores romanos não julgar de imediato os criminosos para que eles sofressem muito aguardando a sentença.

Qual a relação dos apóstolos de Jesus com os cargos públicos. Jesus teria escolhido a dedo seu “ministério”? O grupo era muito eclético. Pode-se dizer que havia quatro empresários: Simão, André , Tiago e João. Dois Guerrilheiros: Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes. Judas era o direitor-financeiro do grupo e se havia este cargo é porque havia finanças para administrar. Mateus era um dos principais fiscais de tributos da Judéia. É um equívoco pensar que eram pobres. As traduções da Bíblia, principalmente para o português, pecaram muito. A Bíblia se refere à profissão de José, pai de Jesus, como um humilde carpinteiro, o que não é verdade. Em grego, a palavra “tecton” , usada para se referir à sua profissão, significa construtor e, não, carpinteiro. É a raiz da atual palavra “arquiteto”.

Cite um relevante evento bíblico de natureza tributária. O sonho das sete vacas magras devorando as sete goradas e das sete espigas de milho, é o maior golpe tributário da história da humanidade. José revelou o sonho do faraó, dizendo-lhe que viriam sete anos de fartura seguidos de sete anos de miséria . No primeiro período, deveria se instituir um imposto extraordinário de 20%, para durar somente nos primeiros sete anos de fartura, mas o imposto durou 1.700 anos.

Sem vinculação a nenhuma religião, Vinicios Leoncio estuda a Bíblia há mais de 20 anos, motivado por uma busca pessoal pela reflexão. Leu os originais em aramaico e grego para driblar as distorções do processo de tradução para o português.

Mineiro de Iguatama, é advogado tributarista atuante em Minas Gerais e São Paulo. Já publicou os livros “A quarta filosofia: Jesus não pagou o Tributo”, Editora Futuro, 2008; e “A factoring e o lucro arbitrado”, Editora Futuro, 2008. Vinicios Leoncio se dedica, ainda ao estudo de Direito Canônico. Estudioso do direito canônico afirma que crucificação teve motivação política

2 comentários:

  1. Muito interessante.
    Sempre acreditei que Jesus fosse uma pessoa comum, sem poderes divinos e um pregador como outro qualquer.
    Essa matéria sobre seu julgamento deixa tudo mais claro.

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  2. Obrigada,neusa,seua artigos sao esclarecedores e quero entrar em contato com tds que os apreciem.andreiaelissandra@gmail.com

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