Um
recém decifrado texto cristão egípcio de cerca de 1,2 mil anos traz uma versão
inédita da crucificação de Jesus Cristo e de seus últimos dias. Entre as teses
encontradas no ancestral documento estão a de que a última ceia de Jesus foi
com Pôncio Pilatos e de que o profeta tinha a capacidade de mudar de forma. As
informações são da publicação científica Live Science.
Escrito
em língua copta, o texto diz que o romano Pôncio Pilatos, que ordenou a
crucificação, jantou com Jesus e ofereceu sacrificar o seu próprio filho para
que Jesus não fosse crucificado. O texto
também diz que Jesus foi preso na noite de terça-feira, e não na quinta-feira,
o que representaria uma mudança no calendário pascal. Com estas mudanças, a última
ceia de Jesus teria sido com o juiz romano, e não com os apóstolos, como conta
a Bíblia.
No
texto, Jesus conforta Pilatos dizendo: "Ó Pilatos, você é digno de uma
grande graça porque mostrou boa disposição para mim". O profeta também
teria mostrado a Pilatos que poderia escapar se assim o quisesse.
"Pilatos, então, olhou para Jesus e ele ficou incorpóreo: ele (Pilatos)
não o viu (Jesus) por um longo tempo...", diz o texto. Pilatos é
considerado um santo nas igrejas cristãs Copta e da Etiópia .
Na
Bíblia, o apóstolo Judas trai Jesus em troca de dinheiro ao identificá-lo com
um beijo para que pudesse ser preso por oficiais judeus. O texto recém
traduzido traz uma explicação para esse fato. O ato seria uma forma de
identificar Jesus porque este teria a habilidade de mudar forma, "algumas
vezes era branco, outras vermelho, outras cor de trigo, algumas vezes jovem,
outras velho...". O beijo seria o modo encontrado por Judas para que fosse
possível identificar quem era exatamente Jesus.
A
tradução do texto foi publicada pelo holandês Roelof van den Broek, da
Universidade de Utrecht, no livro Pseudo-Cyril of Jerusalem on the Life and the
Passion of Christ. "A descoberta do texto não quer dizer que estes eventos
aconteceram, mas que algumas pessoas vivendo na época aparentemente acreditavam
neles", disse o autor.
Cópias
do texto foram encontradas em dois manuscritos em museus nos Estados Unidos.
Ele foi escrito em nome de São Cirilo de Jerusalém, que viveu no Século IV, e
há 1,2 mil anos estava no monastério de São Miguel, no deserto egípcio e próximo
a atual cidade de al-Hamuli. Acredita-se que o monastério tenha fechado no
início do século X. O texto foi reencontrado em 1910 e comprado em 1911 pelo
magnata americano J.P. Morgan, que posteriormente os cedeu para os museus.
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