Isto dito e deixando aos leitores o trabalho de comparação, passo, sem comentários, aos seguintes e interessantes trechos do seu livro:
Em Srinagar, ouvimos pela primeira vez acerca da visita de Jesus Cristo ao lugar. Depois, vimos quão amplamente difundida na índia, no Ladak e na Ásia Central é a viagem de Jesus Cristo a esses países, durante sua larga ausência de que fala o Evangelho. Os muçulmanos de Srinagar nos contaram que o Jesus Cristo crucificado, ou Issa, como o chamam, não morreu na cruz, só desmaiou. Seus discípulos raptaram seu corpo, esconderam-no e o curaram.
Posteriormente levaram-no para Srinagar, onde doutrinou o povo e ali viveu. O túmulo do Mestre se acha nos alicerces de uma casa particular e se conta que existe lá uma inscrição dizendo que, naquele lugar, foi enterrado o filho de José. Narra-se que perto da sepultura se dão curas milagrosas e que o ar está saturado de aromas. Dessa forma os crentes de outras religiões desejam ter o Cristo consigo, (p. 26)
Este outro trecho concorda com o anterior e com a narrativa de Notovitch. Ei-lo: -Em Leh, encontramos novamente acerca da visita de Jesus Cristo a esses lugares. O chefe hindu dos correios de Leh e vários ladakis budistas nos contaram que nesta cidade, não longe do bazar, ainda existe uma lagoa na margem da qual se erguia uma velha árvore à cuja sombra Jesus Cristo pregou ao povo, antes de sua partida para a Palestina. Ouvimos também outra lenda de como quando jovem, chegou à índia em uma caravana de mercadores e como foi aprendendo a suma sabedoria dos Himalaias.
Ouvimos várias versões que se difundiu amplamente pelo Ladak, Sinkiang e Mongólia, mas todas concordam em um ponto: que, durante o tempo de sua ausência, Jesus Cristo esteve na índia e na Ásia. Não importa como e de onde proveio a lenda; talvez seja de origem nestoriana, mas notável é que a ela se referem com absoluta sinceridade, (pp. 31-2)
Aqui me detenho para passar a outra notícia concordante, mas de origem extra-humana, isto é, espiritual. Trecho do livro Herculanum, ditado pelo espírito do conde J. W. Rochester à médium Sra. W. Krijanowsky, na França, edição da Livraria da Federação Espírita Brasileira, 1935. Quem fala é o espírito do excenturião romano Quirinus Cornelius (anteriormente Allan Kardec, sacerdote, druida, depois João Huss, padre da Boêmia), em resposta à pergunta de Caius Lucilius (depois conde de Rochester, à própria entidade comunicante):
Onde é que Jesus, de origem tão humilde, adquirira o grande saber e a eloquência com a qual escravizava os corações?A sua origem divina manifestou-se do berço, justamente por urna sabedoria que ultrapassava a sua idade e isso em todas as fases de sua vida. Entretanto, eis o que ouvi a respeito. Depois daquela conversa com o Mestre, tive o ensejo de, por intermédio de um dos discípulos, travar diálogo com um judeu rico e ardoroso adepto da nova doutrina, a propósito desta mesma pergunta que ora me fazes.
Pois bem, esse homem me contou que o Mestre, ainda criança, foi a Jerusalém durante a Páscoa, e, tendo por acaso se intrometido entre os doutores, a todos surpreendeu por suas dissertações e raciocínios, inconcebíveis na sua idade. Entre esses doutores, encontrava-se um velho rabino de Alexandria, abastado e sábio homem, que se interessou pelo menino precoce e veio a proporcionar-lhe, mais tarde, uma viagem àquela cidade, a fim de se instruir, viajou pela Índia e só regressou à Galileia dois ou três anos antes de começar a sua predicação.
Sendo, acima de tudo, muito discreto, nenhum dos seus discípulos conhecia os pormenores da sua vida nesse período que passou longe da pátria. Sua mãe, que não poderia ignorá-la, também se conservou muda a respeito. Esta narrativa, que concorda com as anteriores, também compartilha a idéia das que seguem.
II - Nota n° l, da obra La Sorcellerie dês Campagnées, de Charles Lancelin, autor de LOccultisme et Ia Science e La Vie Posthume.
Jesus Cristo foi um iniciado nos mistérios do Egito. encontro uma prova inegável disso em um erro de tradução, evidentemente proposital, que fizeram sucessivamente todos os tradutores oficiais do evangelho de Mateus, no versículo 46 do capítulo XXVII, deste autor, está assim: "E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: 'Eli, Eli, lamma sabachthani?; isto é, 'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?'".
Todos os manuscritos gregos transcrevem como seguem estas quatro palavras hebraicas: Eli, Eli, lamma sabachthanfl. Esta transcrição é unânime, pode-se, portanto, considerá-la absolutamente exata. Ela deve ser tanto mais exata por não apresentar nenhuma dificuldade e ser, por sua vez, substituída pelo hebraico em que, letra por letra, escreve-se (o hebreu não tem vogal) desta maneira: LI, LI, LHM ShBHh TbNI. Ora, a tradução desta frase não é "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?", mas ''Meu Deus, meu Deus, quanto me glorificais!".
Esta frase era precisamente (com a única diferença proveniente da adaptação da idéia a uma outra língua) a fórmula que terminava nos mistérios do Egito a prece de ação de graças do iniciado: numa palavra, ela era sacramental e fazia parte de ritos misteriosos. Vejo na tradução oficial um contra-senso proposital, porque as edições que contêm esta passagem não deixam de enviar o leitor ao Salmo XII (XXI de certas traduções), versículo I, que é: "Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! Por que me abandonastes?".
A tradução deste versículo do Salmo é, com efeito, exata, porém o texto é muito diferente do de Mateus; traz LI, LI LMHhZHThNi (ou acrescentando a transcrição dos pontos massoréticos: hazabattva-ní), fazendo o leitor observar que não se deve confundir o Hh do primeiro texto com o Hh do segundo, pois, no primeiro caso é um Hheth, aspiração gutural muito forte que o grego substituiu por Chi, quando no segundo texto é um Agin, outra aspiração muito forte. Para representar estes sons guturais das línguas semíticas, o alfabeto latino oferece uma só letra: o H, para as aspirações fracas e Hh para as aspirações fortes.
Ora, a que homem de bom senso pode-se fazer crer que, entre todos os hebraizantes oficiais que estudaram estes textos, não houvesse um só para fazer o simplicíssimo trabalho que acabo de apresentar ao leitor e, por conseguinte, desvendar o erro? Donde deriva ele? Simplesmente disto: na época em que o evangelho de Mateus foi traduzido para o grego, por São Jerônimo, esta fórmula ritual era conhecida pelos padres contemporâneos, pois ainda existia bom número de iniciados hierofantes. Dar a tradução exata seria classificar Jesus Cristo, "ipso facto", entre os iniciados do Egito.
Isto é tão verdadeiro que, embora tenha existido, ou ainda com certeza exista nas câmaras secretas da biblioteca do Vaticano, nunca nos apresentaram o texto original hebraico de Mateus, e que São Jerônimo, depois de se ter servido dele para firmar sua própria tradução (que, na realidade, era uma adaptação muito abreviada), depois de nos ter dado, do texto que ele próprio fez, a tradução errada, atualmente em voga, trata de heréticos todos os outros comentários que não os seus e denuncia como heréticas todas as seitas cristãs ebionitas, gnósticas, cabalistas, cevirtas etc., que se serviram do livro original hebreu de Mateus. Contudo, não se deve procurar a razão desse ostracismo no fato único que acabo de estudar, mas também nessa outra causa que o livro de Mateus provava a existência, no ensino crístico, de uma doutrina esotérica secreta que só devia ser conhecida de certos iniciados
III - Citação do livro Cristianismo Místico, do Yogi Ramacharaka, edição do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, 1926, p. 79-831.
Escreve Ramacharaka que, se não me engano, é o ocultista inglês William Walker Atkinson: -Lendas e tradições de organizações e irmandades místicas e ocultistas nos dizem que, depois do acontecimento do Templo, onde os pais o encontraram no meio dos doutores, aproximaram-se de Jesus Cristo membros da organização secreta a que pertenciam os magos e fizeram maravilhoso desenvolvimento espiritual e tão admirável compreensão intelectual de assuntos gravíssimos. Depois de longa e séria consideração, os progenitores de Jesus Cristo consentiram que ele seguisse o plano dos magos e permitiram-lhes levá-lo consigo para a sua terra e seus retiros a fim de receber ali as instruções que a sua alma anelava e para as quais a sua mente estava preparada.
É verdade que o Novo Testamento não corrobora essas lendas ocultistas, mas igualmente é verdade que nada diz de contrário; passa com o silêncio por cima desse importante período de dezessete anos. É notável que, quando Jesus Cristo apareceu no cenário da atividade de João, este não o conheceu e, se Jesus Cristo tivesse passado aqueles anos em casa, João, seu primo, teria conhecido seus traços fisionômicos e sua aparência pessoal.
Os ensinos ocultistas nos dizem que aqueles dezessete anos da vida de Jesus Cristo, a respeito dos quais os Evangelhos nada contam, foram aproveitados por ele para viagens a terras longínquas, onde adolescente e moço foi instruído na sabedoria e ciência das diferentes escolas.
Segundo essas tradições, ele foi à Índia, ao Egito, à Pérsia e a outras regiões distantes, vivendo alguns anos em cada centro importante e sendo iniciado nas diversas irmandades, ordens e corporações que ali tinham suas sedes. Algumas tradições das ordens egípcias falam de um jovem Mestre que esteve entre os irmãos daquela terra e do mesmo modo há tradições análogas na Pérsia e na índia. Entre as lamasarias ocultas do Tibet e dos Hima-laias pode-se encontrar lendas e histórias concernentes ao admirável Mestre, que certa vez visitou tais paragens e observou sua sabedoria e ciência secreta.
Além disso, há tradições entre os bramanistas, budistas e zoroastristas que narram a história de um estranho instrutor que apareceu em seu meio, ensinou admiráveis verdades e levantou contra si grande oposição dos sacerdotes das várias religiões da Índia e da Pérsia, porque pregava contra a casta sacerdotal e o formalismo e também se opunha a todas as formas de distinção e restrição das castas sociais. E tudo está também de acordo com as lendas ocultistas, que dizem que do seu vigésimo primeiro até quase o trigésimo ano de idade, Jesus Cristo exerceu seu ministério entre o povo da Índia, da Pérsia e das terras vizinhas, voltando, finalmente, ao seu país natal, onde foi ativo durante os últimos anos de sua vida.
As lendas ocultistas nos informam que, em todas as terras que visitou, despertara a mais amarga oposição aos sacerdotes, que sempre se opunha ao formalismo e ao poder sacerdotal e procurara reconduzir o povo ao Espírito da Verdade, afastando-o das cerimônias e fórmulas de que sempre se tem servido para ofuscar e nublar a Luz do Espírito. Ele ensinou sempre a Paternidade de Deus e a Irmandade do Homem. Empenhou-se por tornar as grandes verdades ocultas compreensíveis à massa do povo, que tinha perdido o Espírito da Verdade em sua observância das formas externas e cerimônias pretensiosas.
Relata-se que, na Índia, atraiu sobre sua cabeça a ira dos brâmanes, que sustentavam a distinção das castas. Ele morava na cabana dos sudras, a mais baixa das castas hindus e por isso era olhado como pária pelas classes superiores.
Por toda parte os sacerdotes e as castas superiores o consideravam revoltoso e perturbador da ordem social estabelecida. Era um agitador, um rebelde, um renegado religioso, um socialista, um homem perigoso, um cidadão indesejável, na opinião das autoridades daqueles países.
Os grãos da sabedoria, porém, foram semeados à direita e à esquerda e, nas doutrinas de outros países orientais pode-se achar a Verdade, cuja semelhança com as doutrinas de Jesus Cristo, que foram conservadas, demonstra que provêm da mesma fonte e deram muito que pensar aos missionários cristãos que visitaram aquelas terras. E assim devagar e com paciência, Jesus Cristo foi regressando à sua pátria, à terra de Israel, onde devia completar o seu ministério, trabalhando por três anos entre os seus compatriotas e onde igualmente devia incitar contra si a oposição dos das classes elevadas, a qual lhe trouxe finalmente o martírio. Ele era rebelde contra a ordem estabelecida das coisas e encontrou o fardo reservado a todos os que vivem acima de seu tempo.
Como aconteceu desde os primeiros dias do seu ministério até o último, hoje as verdadeiras doutrinas do Homem tocam mais facilmente os corações do povo, ao passo que são contrariadas e combatidas pelas pessoas que têm autoridade eclesiástica ou temporal, embora se chamem seus sequazes e apresentem suas insígnias. Ele foi sempre o amigo do pobre e oprimido, e odiado pelos homens do poder.
Assim, pois, vedes que os ensinos ocultistas mostram que Jesus Cristo tem sido um instrutor mundial e não apenas um profeta judeu. O mundo inteiro foi seu auditório e todos os povos seus ouvintes. Ele plantou seus grãos de Verdade no seio de várias religiões e não numa só, e estas sementes estão começando a dar os seus melhores frutos agora em nosso dias, quando as nações começam a sentir a verdade da Paternidade de Deus e da Irmandade dos Homens e o novo sentimento se vai tornando bastante forte para derrubar os velhos preconceitos que separam irmão de irmão e um credo de outro credo.
O Cristianismo, em seu sentido verdadeiro, não é apenas um credo, é uma grande VERDADE HUMANA e divina, que há de se elevar por sobre todas as mesquinhas diferenças de raça e religião, para no fim iluminar todos os homens, unindo-os todos num só rebanho da Fraternidade Universal. Assim escreveu Ramacharaka e o 2000 está próximo, até quando, segundo mensagens do Além, ficarão cumpridas todas as profecias messiânicas.
IV - Transcrição do capítulo X, "O sacerdócio secreto de Jesus", do livro The Mystical Life of Jesus, do Dr. H. Spencer Lewis, da Biblioteca Rosacruz de San José, Califórnia, Estados Unidos
Escreve o Dr. Spencer Lewis, "Imperator" da Ordem Rosa-Cruz das Américas
do Norte, do Sul e Central, membro da Ashrama Essênia da índia e delegado americano do mosteiro da Grande Irmandade Branca do Tibet. Pouco ensinam
os Evangelhos cristãos acerca da vida de Jesus Cristo entre a sua palestra com
os doutores em Jerusalém e o começo do seu ministério na Palestina. Com
efeito, a primeira coisa que nos contam os Evangelhos a respeito da
preparação de Jesus Cristo para a sua obra como Filho de Deus é seu batismo
no rio Jordão. Dizem-nos que, na ocasião, Jesus Cristo quis sair da Galiléia e
se mostrar em público.
Certamente que o batismo não pôde ter sido o início de sua preparação para seu ministério, pois maior preparo exigia a obra que realizou durante alguns anos. Já expus em outras passagens deste livro porque está fora de questão acreditar que Jesus Cristo não precisava preparar-se para sua missão e tratei de demonstrar que toda a sua vida denota profundo estudo, cuidadosa preparação e extraordinária disciplina durante a juventude.
De acordo com as crônicas essênias, Jesus Cristo terminou os estudos no começo do outono, quando estava ainda com 13 anos. Apesar da sua precocidade e esclarecido entendimento, não lhe foi permitido abreviar os estudos preparatórios na escola dos profetas do monte Carmelo, portanto cabe presumir que era atendido e cuidado por quem aumentava, com novas instruções, os seus conhecimentos, na expectativa de que chegasse a hora de passar a cursos superiores em outras escolas a cargo de outros instrutores.
Também assinalam as crônicas, bem claramente, quais as vicissitudes da vida de Jesus Cristo desde que saiu da escola do Carmelo até ficar pronto para cumprir sua missão. Os pormenores desses incidentes ou vicissitudes de sua vida são demasiado extensos e amiúde insignificantes para incluí-los em um livro desta espécie e tamanho, de modo que só exporei os pontos mais essenciais. De conformidade com as instruções enviadas à escola do Carmelo pelo Supremo Templo de Heliópolis, o jovem Avatar devia completar sua educação com um estudo aprofundado das antigas religiões e dos ensinamentos das diversas seitas e credos mais influentes na época.
Devia familiarizar-se com os dogmas das chamadas religiões pagãs, antes de empreender o estudo do desenvolvimento das crenças e ritos pagãos nos princípios superiores e credos ensinados nas escolas secretas do Egito e promulgada pela Grande Fraternidade Branca. Nos tempos modernos, aquele que se propõe dedicar-se ao ministério sacerdotal tem de estudar as religiões comparadas e conta, com efeito, com universidades em que são analisadas, comentadas e interpretadas as Escrituras Sagradas, antes de empreender o estudo da teologia atual.
Hoje não sai mais o estudante do seu país natal e segue para terras estranhas para se familiarizar com as antigas religiões e escolas de filosofia moral. Na época de que tratamos, todavia, era absolutamente necessário que o estudante de religião e filosofia fosse às sedes das antigas religiões, onde podia consultar os únicos exemplares das autênticas escrituras de cada religião e conviver com as pessoas que as professavam a fim de se familiarizar com seus rituais, dogmas e cerimônias. Alguns grandes Avatares do passado tiveram de ir a lugares afastados com dito propósito e assim foi universalmente disseminado o conhecimento dos antigos ensinamentos.
O jovem Jesus Cristo ficou ao cuidado de dois magos que foram ao Carmelo com o objetivo de levá-lo à sua primeira escola afastada e lugar de experiência. Dizem as crônicas que foi permitido a Jesus Cristo passar uma semana com seus pais na Galiléia, enquanto os magos faziam os preparativos e consultavam os professores da escola do Carmelo. Também instruíram os pais de Jesus Cristo a respeito do que deviam esperar e do que deviam fazer durante a ausência do filho.
Do mesmo modo contam as crónicas que, quando Jesus Cristo e os magos saíram da Galiléia, realizou-se uma cerimônia essênia em uma assembléia privada e, sem despertar atenção do povo, os magos e Jesus Cristo, junto com outros que iam à curta distância pelo mesmo caminho, partiram em caravana na direção de Djaguernat, cidade localizada na costa oriental da índia, chamada hoje Puri, que, por séculos, foi o centro do mais puro Budismo.
Em uma montanha das cercanias da cidade havia uma escola ou mosteiro em que se guardavam vários antigos escritos budistas e onde residiam os mais doutos instrutores das doutrinas de Buda. Perto de um ano levou a caravana para chegar a Djaguernat e, durante esse tempo, não cessaram os magos de ensinar o jovem Jesus Cristo, mostrando-lhe, em meio a incômodos e atribulações da viagem, os sofrimentos da humanidade, a falta de ideais do povo e os assuntos populares então em voga.
Segundo essas crônicas, Jesus Cristo permaneceu pouco mais de um ano naquela escola monástica e se familiarizou com os ensinos e rituais do Budismo. O principal instrutor dele naquele período foi Lamaas, com quem simpatizou tanto que posteriormente ele o induziu a ingressar na comunidade essênia da Palestina.
Do mosteiro de Djaguernat, Jesus Cristo partiu para o vale do Ganges e se deteve alguns meses em Benares, onde teve ocasião de estudar ética, física, gramática e outras disciplinas próprias das escolas mais famosas pela sua cultura e erudição. Ali se interessou vivamente pelo sistema terapêutico dos hindus e recebeu lições de Udraka, o mais insigne terapeuta do país. Depois de visitar outras partes da índia com o objetivo de conhecer a arte, a legislação e a cultura dos seus povos, Jesus Cristo regressou ao mosteiro de Djaguernat, onde ficou outros dois anos.
Tal adiantamento conseguiu em seus estudos que o nomearam instrutor na vila de Ladak, em que teve oportunidade de se familiarizar com a arte de ensinar por meio de parábolas. Em razão das suas relações com eminentes instrutores de Benares, Jesus Cristo recebeu a visita de uma alta dignidade de Lahore. Das crônicas se infere que Jesus Cristo já havia introduzido novas idéias e verdadeiros princípios místicos nas lições que ministrava aos alunos de sua escola e, embora essas novidades agradassem aos discretos, provocavam o antagonismo dos indoutos e rigorosamente ortodoxos.
O sacerdote vindo de Lahore tratou de persuadir Jesus Cristo a modificar ligeiramente os seus ensinos e cessar o convívio com as castas inferiores e pessoas vulgares. Essa foi a primeira tentação que acometeu Jesus Cristo para que se afastasse da plebe e se unisse à influente aristocracia, mas ele não quis ouvir as insinuações do sacerdote e recusou os presentes oferecidos. Quando assim bebia os primeiros tragos amargos de sua vida, Jesus Cristo recebeu a notícia da morte de seu pai na Galiléia e que nada, nem ninguém, podia consolar sua aflita mãe. Os mensageiros que levaram a notícia lhe disseram que não se sabia coisa alguma a seu respeito desde sua partida, que sua mãe não sabia por onde ele andava e que, se bem os essênios lhe afirmassem que o silêncio de Jesus Cristo estava vaticinado e que nenhum mal o atingira, não era possível consolá-la.
Referem algumas crônicas antigas que, terminados os seus estudos do Budismo e do Hinduísmo na índia, Jesus Cristo foi para Lhassa, no Tibet, mas, ainda na índia, chegou um mensageiro com alguns manuscritos de um templo de Lhassa, enviados pelo famoso Mengste, considerado o maior de todos os sábios budistas. Durante largo tempo chegaram de Lhassa sucessivos mensageiros com manuscritos budistas, e desse frequente intercâmbio e do efeito produzido em sua vida derivou a crença de que ele havia estado pessoalmente ali.
Quando Jesus Cristo resolveu sair de Djaguernat, dirigiu-se à Pérsia, onde se haviam feito, na cidade de Persépolis, os preparativos convenientes para que prosseguisse em seus estudos. Persépolis era a capital da antiga Pérsia e sede dos magos daquele país, chamados Hor, Lun e Mer. Um deles, já muito velho, era um dos três que tinha visitado o menino ao nascer na gruta essênia e lhe havia ofertado presentes do mosteriro da Pérsia.
Grandes homenagens prestaram esses e os sacerdotes do templo a Jesus Cristo. De várias comarcas da Pérsia acudiram outros personagens a Persépolis e ali permaneceram uns como instrutores e outros como estudantes durante o período da educação de Jesus Cristo, porque referem as crônicas que cada dia, depois das lições, os instrutores lhe rogavam que lhes ensinasse os princípios superiores que parecia compreender por inspiração.
Por último, Jesus Cristo fez-lhes saber que a maior instrução que ele podia dar era a obtida no silêncio, depois de meditar sobre alguma importante lei ensinada no decurso dos seus estudos e leituras, Assim estabeleceu Jesus Cristo o método de "penetração no silêncio", que tão importante característica havia de ter nos posteriores métodos místicos.
Jesus Cristo também demonstrou em Persépolis notáveis faculdades terapêuticas e, depois de analisar muitos meses esse seu inerente dom e fazer cuidadoso estudo de sua índole, declarou aos instrutores que, no seu entender, a atitude mental de harmonia influía consideravelmente no resultado. Tal foi o fundamento dos posteriores ensinamentos das reuniões secretas dos discípulos de Jesus Cristo, ou seja, que a harmonia interna e a preparação mental eram necessárias em todas as modalidades da terapêutica espiritual.
Depois de um ano na Pérsia, Jesus Cristo e os magos dirigiram-se para a região do Eufrates, onde entrou em contato com os mais ilustres sábios da Assíria e magos de outros países que foram vê-lo e ouvi-lo, pois já havia chamado a atenção de todos como intérprete das leis espirituais de uma forma mais mística e compreensível.
Longo tempo permaneceu Jesus Cristo nas cidades e povoações da Caldéia e da Mesopotâmia. Seu salutar poder e métodos terapêuticos se aperfeiçoaram tão rapidamente que inúmeras pessoas dele receberam o benefício da saúde e então os seus preceptores, os magos, lhe disseram que a faculdade de sarar os enfermos seria uma das provas do seu último exame preparatório para o exercício efetivo de sua missão.
Daquele país se transportaram Jesus Cristo e os magos para as ruínas da Babilônia e ali estiveram algum tempo a examinar os templos desmoronados, as partes destruídas e os palácios desertos. Lá Jesus Cristo se familiarizou com as provas e atribulações das tribos cativas de Israel e viu os lugares em que Daniel e os hebreus suportaram tremendas atribulações. Indubitavelmente lhe impressionaram os pecados dos pagãos e os erros das crenças antigas.
Da Babilônia foram Jesus Cristo e os magos para a Grécia, onde se encontrou com alguns filósofos atenienses e esteve sob a direção pessoal e cuidado de Apoio, que lhe mostrou as antigas crônicas da sabedoria grega. Naquele país, Jesus Cristo despertou muito a atenção dos sábios e magos que lhe rogaram que permanecesse mais tempo com eles, mas o seu itinerário estava definitivamente traçado e, ao cabo de poucos meses, embarcou rumo a Alexandria.
Ali só ficou o tempo suficiente para conversar com os mensageiros especiais que haviam ido saudá-lo e visitar alguns dos mais antigos santuários. De lá passou para Heliópolis e residiu em uma casa particular, especialmente disposta para ele, com vários criados, um lindo jardim e um escriba, cujas funções eram análogas às do que chamamos hoje de secretário particular.
Pouco depois de sua chegada a Heliópolis, Jesus Cristo foi visitado pelos representantes do sacerdócio pagão do Egito, que se haviam inteirado com desgosto e desaprovação de seus ensinamentos e manifestações de poder místico. Novamente sofreu as amarguras da vida em várias provas e atribulações, que teriam levado um homem vulgar a ceder às insinuações dos sacerdotes e a recorrer ao engano e à hipocrisia com respeito aos seus propósitos e intenções.
Diz o autor que foi naquela ocasião que Jesus Cristo começou a preparar-se para os graus superiores da Grande Fraternidade Branca, quando então alcançou o título de Mestre e voltou para a Palestina.
VI - EXCERTO DA OBRA DE A. LETERRE, JESUS E SUA DOUTRINA,EDIÇÃO DA LIVRARIA DA F.E.B., 1934, P.132-4
O erudito A. Leterre foi um dos autores que mais investigaram a vida de Jesus e, do seu alentado volume de 540 páginas, estudo remontado há mais de 8.600 anos, extraímos o seguinte e interessante trecho: Como já vimos, Jesus Cristo era de ascendência judaica e, como tal, teve de submeter-se a todas as exigências da Lei Mosaica que abrangia a economia, o ensino, a justiça, a higiene, a moral e o culto a Jeová. As primeiras palavras que Jesus Cristo balbuciou foram certamente orações a leve (Jeová) e nem sua mãe poderia ter-lhe ensinado outra doutrina senão a que ela mesma professava nos templos, tanto mais, crente como estava de ser seu filho o Messias, isto é, o profeta anunciado por Moisés, não podendo, pois, a religião ser outra. Por isso que o nazareno, mesmo para estar de acordo com a Lei que mandava consagrar ao Senhor todo primogênito homem.
Criado o menino, foi ele entregue ao templo para sua educação e final desempenho da sua missão. Tendo-se dado essa ausência entre 12 e 30 anos de idade, justamente o tempo omisso nos Livros Sagrados sobre a Vida de Jesus Cristo nesse interregno, mas exatamente concordante com o tempo prescrito pêlos templos na índia para as iniciações que regulava ser de 18 a 21 anos. Esses dezoito anos de ausência de Jesus Cristo são comparáveis aos quinze anos em que Zoroastro também esteve ausente.
Apelemos para Lucas. Que diz ele em l, 80? "E o menino crescia e se robustecia em espírito. E esteve nos desertos até o dia em que havia de se mostrar a Israel". Esse deserto era toda a região que se estendia para o Oriente, cujo limite pouco importava ao evangelista. Se as palavras do Evangelho devem ser consideradas palavras de evangelho, não há como se curvar a cabeça ante esta declaração que corrobora todas as pesquisas feitas pêlos cientistas. Segundo Nicolau Notovitch, Jesus Cristo esteve em Djaguernat, na índia, onde os brâmanes lhe ensinaram a doutrina dos Vedas, a medicina, a matemática etc.
Notovitch afirma que ele era conhecido sob o nome de Issa. Não haverá neste nome uma corrupção fonética de Isso — I-Sh-O — lesu?
Em celta, Esus é análogo ao Eso etrusco, que era o epíteto de Júpiter, ao Aisa grego, à Isis egípcia. Esus sígnificava Deus. Mas, como esse Issa não se conformava com a hierarquia dos deuses brâmanes, produzida pelo cisma de Irshu, 3.200 anos antes, ele se retirou para as montanhas do Nepal, no Tibet, onde reinava a doutrina budista, que aprendeu, iniciando-se em outros mistérios.
Dirigiu-se então para sua terra natal, atravessando a Pérsia e chegando à terra de Israel com a idade de 29 anos, o que concorda com Lucas III, 23: "Jesus Cristo estava quase com 30 anos de idade, sendo, como se cuidava, filho de José", o que significa claramente que seu súbito aparecimento ali, após tão prolongada ausência, produziu aquela dúvida entre as pessoas do local. Aprofundando-se também o sentido da exclamação de Marcos e de Mateus. VI, 3 etc.: "Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão suas irmãs aqui conosco?", verifica-se logo o súbito aparecimento de Jesus Cristo entre seus parentes.
É de se notar mesmo que Mateus, não se referindo a seu pai José, faz supor que ele já tivesse morrido, mas João, VI, 42, supre esta falta, dizendo: "Não é este Jesus Cristo, filho de José, cujos pai e mãe nós conhecemos?". Segundo este notável escritor, toda a documentação por ele copiada e resumida em sua citada obra, cujas edições foram em grande parte queimadas na Rússia e em Paris pelo clero interessado, acha-se, entretanto, conservada nos templos de Lhassa, da qual é também ali falada e igualmente é encontrada em Bombaim e na própria Biblioteca do Vaticano.
A história parece ter seu cunho de verdade se compararmos as palavras, as sentenças, as parábolas, os atos de Jesus Cristo com os ensinos da doutrina de Buda, onde se encontram em toda sua pureza, e portanto faremos adiante uma vasta comparação. Jesus Cristo foi iniciado em Agartha/Shamballa, no Tibet, e essa doutrina é saturada da budista, que ele soube adaptar à mosaica e de acordo com a mentalidade e os costumes de seu povo.
Por outro lado, confrontando-se Notovitch com Schuré, ex-discípulo de Saint-Yves, este escritor faz supor que, da idade de 29 para 30 anos, Jesus Cristo havia-se recolhido ao templo que funcionava em Engaddi, perto de Belém e que era dirigido por essênios (Assaya, em siríaco, que significa "médico, terapeuta"), os quais tinham por missão curar física e moral. Era o resto de uma casta sacerdotal pertencente a confrarias de profetas instituídas ali por Samuel, o qual, por sua vez, era filiado às doutrinas de Rama.
Proibiam o matrimônio e a guerra; recomendavam o amor a Deus e ao próximo e ensinavam a imortalidade da alma; formavam uma singular associação moral e religiosa e viviam numa espécie de mosteiros (Koinobions), pondo seus bens em comum e entregando-se à agricultura. Eram opostos aos saduceus, que negavam a imortalidade da alma. Há grande analogia entre essa seita e os primitivos cristãos. Tinham, porém, muitas idéias e práticas budistas. O título de irmão usado na igreja primitiva é de origem essênia.
Segundo F. Delaunay, os essênios surgiram 159 anos a.C. nas cercanias da cidade dos patriarcas, ao norte de Engaddi, não longe, portanto, de Belém, onde se achavam disseminados seus templos. Plínio, por sua vez, relata que os essênios eram budistas.
Extratos de El Corazon de Ásia, de Nicolau Roerich, edição do Museu Roerich, de Nova York, 1930.
www.comunidadeespirita.com.br/
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