A Capela Rosslyn, na Escócia, sempre foi um ímã
para caçadores do Santo Graal, escritores esotéricos, historiadores medievais e
adeptos de teorias conspiratórias.
A Capela Rosslyn – costumeiramente chamada de
Catedral dos Códigos – eleva-se 11 quilômetros ao sul de Edimburgo, Escócia, no
local de um antigo templo de culto ao deus Mitra. Construída pelos Cavaleiros
Templários em 1446, a capela possui gravada em suas paredes uma quantidade
impressionante de símbolos judeus, cristãos, egípcios, maçônicos e originários
das tradições pagãs.” Embora Dan Brown garanta, no início do livro, que todas as
suas descrições de arte e arquitetura, como a reproduzida acima, correspondem
rigorosamente à realidade, a história oficial da Capela Rosslyn é bem diferente.
A pedra fundamental foi lançada no dia 21 de
setembro de 1446, dia de São Mateus, por sir William St. Clair, conde de Rosslyn
e príncipe de Orkney – que não poderia ter sido um Cavaleiro Templário, já que a
ordem foi oficialmente banida em 1312, mais de um século antes do início da
construção. Não há registro de um local de culto a Mitra ali ou de inspirações
arquitetônicas no templo de Salomão. A enorme câmara sob a capela existe de
fato: uma cripta onde, sabe-se, estão enterrados seu fundador e vários membros
da família Saint-Clair, inclusive alguns cavaleiros em suas armaduras completas.
Não foram permitidas escavações para procurar tesouros enterrados, pois Rosslyn
é uma capela em funcionamento e com estrutura delicada – já sofreu com alguns
períodos de negligência e, nos últimos anos, vem passando por um ambicioso
projeto de restauração. “Estamos mais preocupados com sua conservação. E,
francamente, duvido que haja algum segredo escondido aqui”, diz Stuart Beattie,
diretor de projeto da Rosslyn Trust, que administra a capela.
Ao contrário do que afirma o livro, Roslin (o nome
da vila onde está a capela) não é a grafia original de Rosslyn, e provavelmente
não tem nada a ver com a Linha Rosa. A pequena vila virou notícia muito antes do
livro de Dan Brown: no Roslin Institute foi feita a primeira clonagem de um
animal, em 1996 – a ovelha Dolly, ilustre “cidadã” local. A capela nunca foi
chamada pelo nome original, The Collegiate Church of Saint Matthew. Mas o
apelido dado por Dan Brown, a Catedral dos Códigos, é
merecido.
Entalhadas nas pedras, alegorias bíblicas convivem
com incontáveis referências nórdicas, celtas, templárias e maçônicas. Nas
paredes e nos cubos que se destacam do teto, palavras em grego, latim e hebraico
encontram pentagramas, flores, pombas com o ramo de oliva no bico... Há
estudiosos que contaram mais de uma centena de imagens de uma cabeça verde de
homem com folhagens saindo da boca – especula-se que possa ser uma representação
do misterioso Baphomet, a cabeça adorada pelos templários. Muitos outros ficam
intrigados com os desenhos de milho e babosa, plantas tipicamente americanas –
talhadas ali quase 50 anos antes de Colombo ter chegado à América.
Se tudo isso forma uma mensagem secreta – dos
ensinamentos dos Templários, das origens da maçonaria ou de uma partitura
medieval –, ninguém sabe ao certo. Mas é fato que nada está ali por acaso. O
registro mais confiável sobre o lugar, escrito por um padre pouco mais de 200
anos depois da construção, narra em detalhes como o próprio sir William St.
Clair, o fundador da capela, acompanhou minuciosamente a construção – do desenho
à posição exata de cada entalhe. Pedreiros e artesãos foram trazidos de outros
reinos e regiões, e a vila de Roslin surgiu e cresceu para
abrigá-los.
Uma coisa é certa: se houver algum código ali, ele
é infinitamente mais complicado do que os que o professor Langdon costuma
desvendar. Não faltam, em Rosslyn, aspirantes a Langdon na vida real. Os
funcionários já se acostumaram com visitantes consultando diagramas geométricos
e runas, calculando fórmulas matemáticas ou traçando as fontes de energia do
planeta enquanto caminham pela igreja. Muitos adeptos do ocultismo especulam –
desde muito antes da publicação do Código Da Vinci – que o Santo Graal esteja em
Rosslyn. Incansáveis autores de livros alternativos de história lançam teorias
cada vez mais fantásticas. Entre outros tesouros supostamente escondidos ali,
estariam a arca da aliança, os evangelhos perdidos de Cristo e até a cabeça
embalsamada de Jesus.
Mesmo os seguidores de Dan Brown, responsáveis
pelo vertiginoso aumento do número de visitantes (117 mil pessoas em 2005 contra
apenas 38 mil em 2003), não parecem aceitar o paradeiro final do Graal,
“revelado” no epílogo do livro. Vasculham a capela, em vão, procurando a
estrela-de-davi gravada no chão e o par de colunas Boaz e Jaquim, supostamente
copiadas do templo de Salomão. A Coluna do Aprendiz, a mais famosa de três
pilares principais que de fato existem na capela, leva o nome porque teria sido
talhada por um jovem na ausência do mestre – que, ao chegar de Roma e ver a obra
tão espetacularmente terminada, matou o pupilo em um ataque de
fúria.
Estudos indicam que a capela é apenas uma fração
da que foi originalmente planejada: um gigantesco edifício cruciforme com uma
torre no centro, praticamente interrompida com a morte do seu nobre fundador, em
1484. A parte que foi construída, no entanto, é suficientemente sensacional.
Mesmo se algum dia as câmaras subterrâneas forem abertas e nenhum tesouro for
encontrado, ainda haverá os excêntricos entalhes e a assimétrica construção. E,
quem sabe, algum novo segredo milenar.
OS MISTÉRIOS DO
CÓDIGO PENTAGRAMA
Os antigos imaginavam que as estrelas eram fixadas
em uma esfera cujo centro seria a Terra. Eles usavam essas estrelas como um
ponto de referência para medir o movimento dos planetas, que se deslocariam de
forma independente. Se um observador registra a posição do planeta Vênus em
relação às estrelas fixas no mesmo dia, durante seis anos, surge um pentagrama.
Vênus retorna à sua posição original no sexto ano, começando o ciclo mais uma
vez. Essa observação não resistiu aos cientistas de nosso tempo: dependendo de
onde você está, a figura desenhada pelo movimento do planeta Vênus é bem
diferente. O pentagrama é tradicionalmente associado à maçonaria, que por sua
vez herdou o símbolo de Pitágoras – para seus seguidores, um sinal de saúde e
sabedoria. Na iconografia dos maçons, está associada à iniciação. Como ensina
Langdon em um de seus flashbacks das próprias aulas, “a estrela de cinco pontas
sempre foi o símbolo da beleza e da perfeição, associado a Vênus e ao sagrado
feminino”. Um símbolo especialmente prolífico, o pentagrama ainda tem posição de
destaque nas bandeiras do Marrocos e da Etiópia.
13 km de Edimburgo.
9h30/18h (abr. a set.),
9h30/17h (out. a mar.), 12h/16h45 (dom).
Ingresso: £ 6 (gratuito até 18
anos).
Author: Loja Lux Et Veritas / Marcadores: Foto,
News
blogdalux.blogspot.com/2008/06/catedral-dos-cdigos.html
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