segunda-feira, 27 de junho de 2016

CATEDRAL ROSSLYN CATEDRAL DOS CÓDIGOS

A Capela Rosslyn, na Escócia, sempre foi um ímã para caçadores do Santo Graal, escritores esotéricos, historiadores medievais e adeptos de teorias conspiratórias.
 
A Capela Rosslyn – costumeiramente chamada de Catedral dos Códigos – eleva-se 11 quilômetros ao sul de Edimburgo, Escócia, no local de um antigo templo de culto ao deus Mitra. Construída pelos Cavaleiros Templários em 1446, a capela possui gravada em suas paredes uma quantidade impressionante de símbolos judeus, cristãos, egípcios, maçônicos e originários das tradições pagãs.” Embora Dan Brown garanta, no início do livro, que todas as suas descrições de arte e arquitetura, como a reproduzida acima, correspondem rigorosamente à realidade, a história oficial da Capela Rosslyn é bem diferente.

A pedra fundamental foi lançada no dia 21 de setembro de 1446, dia de São Mateus, por sir William St. Clair, conde de Rosslyn e príncipe de Orkney – que não poderia ter sido um Cavaleiro Templário, já que a ordem foi oficialmente banida em 1312, mais de um século antes do início da construção. Não há registro de um local de culto a Mitra ali ou de inspirações arquitetônicas no templo de Salomão. A enorme câmara sob a capela existe de fato: uma cripta onde, sabe-se, estão enterrados seu fundador e vários membros da família Saint-Clair, inclusive alguns cavaleiros em suas armaduras completas. Não foram permitidas escavações para procurar tesouros enterrados, pois Rosslyn é uma capela em funcionamento e com estrutura delicada – já sofreu com alguns períodos de negligência e, nos últimos anos, vem passando por um ambicioso projeto de restauração. “Estamos mais preocupados com sua conservação. E, francamente, duvido que haja algum segredo escondido aqui”, diz Stuart Beattie, diretor de projeto da Rosslyn Trust, que administra a capela.

Ao contrário do que afirma o livro, Roslin (o nome da vila onde está a capela) não é a grafia original de Rosslyn, e provavelmente não tem nada a ver com a Linha Rosa. A pequena vila virou notícia muito antes do livro de Dan Brown: no Roslin Institute foi feita a primeira clonagem de um animal, em 1996 – a ovelha Dolly, ilustre “cidadã” local. A capela nunca foi chamada pelo nome original, The Collegiate Church of Saint Matthew. Mas o apelido dado por Dan Brown, a Catedral dos Códigos, é merecido.

Entalhadas nas pedras, alegorias bíblicas convivem com incontáveis referências nórdicas, celtas, templárias e maçônicas. Nas paredes e nos cubos que se destacam do teto, palavras em grego, latim e hebraico encontram pentagramas, flores, pombas com o ramo de oliva no bico... Há estudiosos que contaram mais de uma centena de imagens de uma cabeça verde de homem com folhagens saindo da boca – especula-se que possa ser uma representação do misterioso Baphomet, a cabeça adorada pelos templários. Muitos outros ficam intrigados com os desenhos de milho e babosa, plantas tipicamente americanas – talhadas ali quase 50 anos antes de Colombo ter chegado à América.

Se tudo isso forma uma mensagem secreta – dos ensinamentos dos Templários, das origens da maçonaria ou de uma partitura medieval –, ninguém sabe ao certo. Mas é fato que nada está ali por acaso. O registro mais confiável sobre o lugar, escrito por um padre pouco mais de 200 anos depois da construção, narra em detalhes como o próprio sir William St. Clair, o fundador da capela, acompanhou minuciosamente a construção – do desenho à posição exata de cada entalhe. Pedreiros e artesãos foram trazidos de outros reinos e regiões, e a vila de Roslin surgiu e cresceu para abrigá-los.

Uma coisa é certa: se houver algum código ali, ele é infinitamente mais complicado do que os que o professor Langdon costuma desvendar. Não faltam, em Rosslyn, aspirantes a Langdon na vida real. Os funcionários já se acostumaram com visitantes consultando diagramas geométricos e runas, calculando fórmulas matemáticas ou traçando as fontes de energia do planeta enquanto caminham pela igreja. Muitos adeptos do ocultismo especulam – desde muito antes da publicação do Código Da Vinci – que o Santo Graal esteja em Rosslyn. Incansáveis autores de livros alternativos de história lançam teorias cada vez mais fantásticas. Entre outros tesouros supostamente escondidos ali, estariam a arca da aliança, os evangelhos perdidos de Cristo e até a cabeça embalsamada de Jesus.

Mesmo os seguidores de Dan Brown, responsáveis pelo vertiginoso aumento do número de visitantes (117 mil pessoas em 2005 contra apenas 38 mil em 2003), não parecem aceitar o paradeiro final do Graal, “revelado” no epílogo do livro. Vasculham a capela, em vão, procurando a estrela-de-davi gravada no chão e o par de colunas Boaz e Jaquim, supostamente copiadas do templo de Salomão. A Coluna do Aprendiz, a mais famosa de três pilares principais que de fato existem na capela, leva o nome porque teria sido talhada por um jovem na ausência do mestre – que, ao chegar de Roma e ver a obra tão espetacularmente terminada, matou o pupilo em um ataque de fúria.

Estudos indicam que a capela é apenas uma fração da que foi originalmente planejada: um gigantesco edifício cruciforme com uma torre no centro, praticamente interrompida com a morte do seu nobre fundador, em 1484. A parte que foi construída, no entanto, é suficientemente sensacional. Mesmo se algum dia as câmaras subterrâneas forem abertas e nenhum tesouro for encontrado, ainda haverá os excêntricos entalhes e a assimétrica construção. E, quem sabe, algum novo segredo milenar.
 
OS MISTÉRIOS DO CÓDIGO PENTAGRAMA
 
Os antigos imaginavam que as estrelas eram fixadas em uma esfera cujo centro seria a Terra. Eles usavam essas estrelas como um ponto de referência para medir o movimento dos planetas, que se deslocariam de forma independente. Se um observador registra a posição do planeta Vênus em relação às estrelas fixas no mesmo dia, durante seis anos, surge um pentagrama. Vênus retorna à sua posição original no sexto ano, começando o ciclo mais uma vez. Essa observação não resistiu aos cientistas de nosso tempo: dependendo de onde você está, a figura desenhada pelo movimento do planeta Vênus é bem diferente. O pentagrama é tradicionalmente associado à maçonaria, que por sua vez herdou o símbolo de Pitágoras – para seus seguidores, um sinal de saúde e sabedoria. Na iconografia dos maçons, está associada à iniciação. Como ensina Langdon em um de seus flashbacks das próprias aulas, “a estrela de cinco pontas sempre foi o símbolo da beleza e da perfeição, associado a Vênus e ao sagrado feminino”. Um símbolo especialmente prolífico, o pentagrama ainda tem posição de destaque nas bandeiras do Marrocos e da Etiópia.

13 km de Edimburgo. 
9h30/18h (abr. a set.), 9h30/17h (out. a mar.), 12h/16h45 (dom).
Ingresso: £ 6 (gratuito até 18 anos).

Author: Loja Lux Et Veritas / Marcadores: Foto, News
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